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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

DANADO DE BOM - Por Mundim do Vale

O coronel Juca Furtado, inimigo mortal de Lampião, era proprietário da fazenda Sossego, no município da Lardânia. No mês de São João ele convidou vizinhos e amigos para uma quadrilha. Entre os convidados estavam o cambista de Matorzinho Tomaz Pinto e uma buchinha da capital chamada Chiquita bacana. Acenderam a fogueira, decoraram o barracão e dançaram forró, enquanto chegava a hora. Por volta das nove horas da noite, foram começando a quadrilha, quando chegou lampião com o seu bando todo armado. A surpresa e o medo fizeram com que aquela gente ficasse toda passiva. Lampião por sua vez tomou conta da situação e falou:
- Quem vai marcar a quadrilha sou eu. Cavalheiros de um lado e damas do outro.
Chiquita Bacana perguntou:
- Capitão e eu fico de que lado?
- Do lado de fora! Minha quadrilha é pra homem e mulher, não é pra fresco não.
- Cavalheiros cumprimentam as damas. – Damas cumprimentam os cavalheiros. – Grande roda. – Lá vem a chuva. – Todo mundo nu. - Um dedo na boca e outro na bunda. - Trocar de dedos. – Coluna por um. – Olha o trem. – Aperta o trem. – Damas deitadas. – Cavalheiros em pé. – Cavalheiros fazer apoio de frente. – Passeio.
Quando a neta do coronel passava pelada com um comprador de algodão, Virgulino arrastou, abraçou e disse:
- Você é minha!
O par da moça falou:
- Mas capitão essa é a minha dama.
- Era. Agora é minha. Vá buscar Chiquita Bacana pra você.
Nessa hora o coronel Juca que estava na mira de dois rifles gritou:
- Mas tá danado!
Lampião apontou um terceiro rifle e perguntou:
- Danado de que coronel?
- Danado de bom.
Depois de todo esse constrangimento, o bando saiu batendo no povo e levando cuecas e calcinhas nos fuzis, como se fossem bandeirinhas. Um cangaceiro poeta ainda improvisou esse verso de despedida, para desmoralizar mais ainda o coronel Juca.

“ Lampião marcou quadrilha
Na fazenda do Sossego,
Coronel Juca cagou-se
Depois foi pedir arrego.
Quando a dança terminou,
Virgulino amancebou
Uma branca com um nego.”

Quando lampião já estava no cavalo, Tomaz Pinto Gritou:
- Capitão quando é qui o sinhor vai maicar uma quadrilha dessa lá im Matorzinho?
Mundim do Vale

COMPOSITORES DO BRASIL


Luiz Gonzaga

“Gênio é gênio”

Por Zé Nilton

Nunca havia me dado conta do significado de frases tipo - gênio é gênio e outras mais – tantas vezes pronunciadas na linguagem coloquial como forma de afirmar positivamente o substantivo em foco. Achava mesmo, como nos ensina a gramática, tratar-se de pura redundância e perfeitamente desnecessário o uso dessas expressões, principalmente na linguagem escrita. Dizer-se que “mãe é mãe”, “eu sou eu”, e vai por aí, deixa a gramática de beicinho. O mineiro ainda repete, na sua quietude, um “voltar prá trás”, um “entrar pra dentro”, mas aí é coisa de mineiro...

Há, contudo, um porém. Imagina se aquela empresa de Fortaleza, que há quase 60 anos vem dizendo na praça que lá “um pneu é um pneu” resolvesse, doravante, desobedecer a tal gramática. Quantos clientes não passariam a desconfiar de que alguma coisa anda errada com a mercadoria. Seria uma demonstração de falta de garantia para com o seu produto ? O negócio poderia sofrer perdas porque se estaria dessubstancializando a alma da propaganda? Agora deu: alma tem substância?

Bom, mas por que estou esticando nos prolegômenos ? Porque passei muito tempo querendo negar o artista, o cantor, o compositor, o homem que reinventou estilos musicais bebidos no caldeirão de nossa cultura, e que teriam se perdido não fosse ele - Luiz Gonzaga –, registrar em seus discos, a partir de 1942, junto com Humberto Teixeira.

Foi precisamente numa tardinha de outubro, de 1971. Estava na antiga Teleceará quando um homem forte, de paletó de linho branco um pouco surrado, de chapéu de couro entra repentinamente no recinto, e aos gritos, solta os cachorros, digo, os piores palavrões enquanto batia com força na mesa, fazendo subir todos os papéis, lápis, carimbos e a pressão sanguínea de seu Casimiro, o dedicado gerente (de saudosa memória) e dos que ali se encontravam.

- Estou desde 9 horas esperando a minha ligação para o Rio, e essa porcaria não completa! São todos uns irresponsáveis e incompetentes! Tenho negócios urgentes... E disse, e disse e disse a dos fins, como disse para os amigos quando tentou enfrentar o pai de sua namorada, aos 17 anos, numa feira em Exu.

Este primeiro contato, bem de perto, com o Rei do Baião, selou uma aversão, de minha parte, à sua figura, e sua música tornou-se proscrita aos meus ouvidos.

Depois de cinco anos, deixava o elevador e me encaminhava para a Av. Presidente Vargas, no Rio, quando, à minha frente, caminhava, lentamente, com o braço esquerdo sobre o ombro de um homem alto, magro e de poucos cabelos, o famoso cantador.
Apurei os ouvidos e ouvi bem este diálogo:

- Olha, preciso muito dessa grana; você sabe, nós vivemos disso, não tem outra coisa não, meu irmão. E olha que eu sou o Luiz Gonzaga...

Ao que o homem, voltando-se para ele, e postando-se bem à sua frente, disse-lhe:
- Não; você é um gênio da Música Popular Brasileira.

Chegando ao apartamento um dos colegas estava mostrando um LP de Luiz Gonzaga, que acabara de comprar, ao seu irmão. Já no banho, ouvia a música “Facilita” e os rasgados comentários da turma, sentada no chão, em torno do toca-discos, ao filho de Januário.

Outra vez ouvi a palavra gênio atribuída ao velho Lua.

E como gênio é gênio quem seria eu para continuar misturando as coisas. Imediatamente separei o homem, o grosso, o brabo, o Sr. Luiz Gonzaga do Nascimento, homem de negócios, do compositor, do cantor, do reinventor da música nordestina e brasileira – do gênio que fora o nosso “conterrâneo,” o sanfoneiro Luiz Gonzaga.

Tempo perdido aquele em que não compreendia que ao gênio tudo é permitido. Lindo, maravilhoso ler as proezas de Tom Jobim; celebração de respeito à reclusão de João Gilberto, e até o marido comemorou o beijo de Chico Buarque em sua mulher, na Praia de Ipanema.

Gênio é gênio, e com Luí, isto não é redundante.

O programa de hoje, Compositores do Brasil, presta uma justa homenagem ao Rei do Baião deixando ele mesmo falar de si.

Reproduziremos a famosa entrevista que ele concedeu ao jornalista Marcos Macena, gravada no Recife (entrevista intercalada com músicas), em que o Mestre Luiz Gonzaga fala sobre sua vida, filhos e música, quando fazia o caminho de volta para sua terra natal, Exu.

Não poderia findar o ano do programa em melhor estilo, já que dezembro é o mês de seu nascimento.

Quem ouvir, verá!
Programa: Compositores do Brasil
Pesquisa, produção e apresentação de Zé Nilton
Todas às quintas-feiras, às 14 h.
Rádio Educadora do Cariri
Apoio: CCBN

Mensagem para o Ano Novo.


Que o menino Jesus faça nascer novamente no coração de cada um de nós em 2010:

INOCÊNCIA – Para sabermos ser transparentes.
O CARINHO – Para cativarmos nossos amigos.
A GRATIDÃO – Para valorizarmos a vida em plenitude.
O PERDÃO – Para reconciliarmos no amor.
A COMPREENÇÃO – Para sabermos perdoar.
O ENCANTAMENTO – Para apaixonarmos pela busca da felicidade.
A SABEDORIA – Para respeitarmos o ponto de vista do outro.
A SOLIDARIEDADE – Para sabermos juntos caminharmos.
A FÉ – Para podermos acreditar também no outro.
A PAZ – Para ajudarmos a construir sempre a coragem para sabermos retomar nossos sonhos e a vontade de amar pra sermos felizes.

Que o Menino Jesus se sinta acolhido por nós, em nossas vidas, em nossas atitudes, em nossos pensamentos, em nossos corações.

Que neste Ano Novo, possais volver para nós um olhar de compaixão. Que deixe em cada coração mais doçura, um grande e lindo raio de luz.

A todos um feliz e abençoado Ano Novo.

BLOG DO SANHAROL.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

O ENTERRO DO ANÃO - Por Mundim do Vale

O povo vive dizer
Aqui por esse sertão
Que é difícil acontecer
Um enterro de anão.
Pois eu vi um começar,
Só não vi foi terminar
Porque o caixão quebrou.
Para não sair do rumo
Eu vou fazer um resumo
Como tudo começou.

Ali na Vila Silvino
Onde entrou aquele moço
Eu estranhei um menino
Que falava muito grosso.
Mas eu estava enganado
Era um homem já formado
Fugindo do preconceito.
Depois que foi descoberto
O anão ficou esperto
E assumiu o defeito.

Pense! Num anão fiota!
Não perdia uma festança,
Quando alguém cobrava a cota
Se fazia de criança.
Começou logo a fumar,
A beber cana e jogar
Só andava cabeludo.
Seu nome era Zé por Deus,
Mas mesmo os amigos seus
Só chamavam Zé Miúdo.

Por onde o anão andava
Já era bem conhecido
O que ele não gostava
Era de tanto apelido.
Era Santo de Lapinha,
Zé Miúdo, Zé Tampinha,
Meio Quilo e Botijão.
As damas do cabaré,
Só chamavam Zé Tripé
E eu não sabia a razão.

Zé queria namorar
Não arranjava com quem
Quando conseguiu casar
Foi com uma anã também.
Ficou o casal perfeito
Vivendo do mesmo jeito
De Julieta e Romeu.
Mas quando foi em setenta,
Do coice duma jumenta
Zé Miúdo faleceu.

O velório foi marcado
Por tristeza e comoção
Mas tinha um cabra safado
Só apelidando anão.
Ele chamava Patola,
Chico Pouco, Tatu Bola,
Meia Lua e Batoré.
Pouca Sombra, Zé Nadinha,
Nó de cana, caçulinha,
Meia Sola e Roda Pé.

O carpinteiro chegou
Esticou logo a escala
E ao mesmo tempo falou
Para a viúva na sala:
- Esse caixão vai ser osso!
Tem que fazer curto e grosso
Como baga de charuto.
Deus perdoe minha heresia,
Mas vai ser uma ironia
Viúva de anão de luto.

Dizendo isso saiu
Com um projeto em ação
De aproveitar um barril
Para enterrar o anão.
Serrou um lateral,
Fez uma tampa frontal
E pintou tudo de roxo.
Tinha uma velha correia,
Ele botou como azeia
Ficou parecendo um coxo.

Quando o funeral chegou
Na ladeira de Orlando
A azeia se quebrou
E o barril saiu rolando.
Cada volta que ele dava,
Uma arca se arrancava
Era anão pra todo lado.
Quando sentou a poeira,
Lá em baixo da ladeira
Só ficou mesmo o finado.

Depois do barril quebrado
O anão ficou de pé
Ficando assim explicado
O apelido Zé Tripé.
Depois daquela aventura,
Se ele foi pra sepultura
Eu não posso garantir.
Mas vi viúva chorando,
Vi o padre encomendando
E vi o barril sair
Mundim do Vale

DITOS POPULARES - Por Mundim do Vale

Toda moça que é bulida
Fica na rua falada,
Enquanto mulher perdida
É sempre a mais procurada.

Todo mundo desconfia
Quando é grande a amizade,
Quem teme pedofilia
Não senta em colo de frade.

Quem não gosta de fofoca
Não sai com moça falada,
Quem tem nojo de minhoca
Não come macarronada.

Não vote em incompetente
Ligado a corrupção,
Quem faz de cachorro gente
Fica com o rabo na mão.

Não dou valor a campanha
Nem acredito em propostas,
Em rio que tem piranha
Jacaré nada é de costas.

Não venha com esse papo
Que eu acho muito estranho,
Em lagoa que tem sapo
Mosquito não toma banho.

Eu não entro nesse jogo
De pichador de parede,
Porque quem brinca com fogo
De noite urina na rede.

Quando o assunto é fiado
Bodegueiro não concorda,
Em casa de enforcado
Nunca é bom falar em corda.

Não fale da minha rima
Que a rima é coisa rara,
Se você cuspir pra cima
O cuspe volta pra cara.
Mundim do Vale.

Carta de um leitor - Pedido de informação.

Bom dia.
Eu me chamo Ademir de Morais, moro em uma pequena cidade do interior do Estado de São Paulo (Conchas), e nasci em São Bernardo do Campo. Meu pai chamava-se Antonio Vicente Alves de Morais, e nasceu em 12/03/1942, na cidade de Várzea Alegre, CE, filho de Vicente Correa Lima e de Vicência Alves de Morais.

Segundo ouvi muito falar, por meu pai, meu bisavô se chamava Ildefonso Correia Lima. Meus avós maternos também são de Várzea Alegre (Aldenir Fiúza de Mello e Acelino de Souiza Melo).
Estou tentando fazer uma pesquisa sobre minhas origens e descobri seu blog, onde você fala muito de Várzea Alegre. Será que somos parentes? Você poderia me ajudar? Meu pai faleceu este ano, em nossa cidade, vítima de atropelamento, e gostaria muito de resgatar a memória de nossa família. Tenho uma tia (tia Dedé), que mora aqui em Conchas, e mais algumas tias em São Bernardo do Campo.
Aguardo sua resposta e/ou contato...

Atenciosamente,

Ademir de Morais.

COMENTARIO DO BLOG DO SANHAROL.

Prezado Ademir Morais.

Vou apresentar a sua ascendência a partir do seu avó paterno Vicente Correia Lima casado com Vicência Alves de Morais.

01 - Vicente Correia Lima era filho de Ildefonso Correia Lima e Antonia Alves de Lima.

02 - Antonia Alves de Lima era filha de João Caetano de Lima e Vicência Alves de Menezes, a conhecida Vicencinha do Rosário, filha de Jose Raimundo Duarte, Jose Raimundo do Sanharol e Maria Anacleta de Meneses.

03 - Jose Raimundo Duarte, Jose Raimundo do Sanharol, era filho de Raimundo Duarte Bezerra, Papai Raimundo e Maria Teresa de Jesus.

04 - Raimundo Duarte Bezerra, Papai Raimundo era filho de Francisco Duarte Pinheiro e Bárbara de Morais Rego.

05 - Francisco Duarte Pinheiro era filho do Português Bernardo Duarte Pinheiro e da varzealegrense Ana Maria Bezerra.

Do Português Bernardo Duarte Pinheiro sabemos que conseguiu umas sesmarias com nove léguas de comprimento e uma légua para cada lado do Riacho do Machado, em sociedade com o seu irmão Agostinho Duarte Pinheiro que regressou para Portugal posteriormente.

A ascendência da sua avó Vicência Alves de Morais é da mesma família, os casamentos eram entre famíliares, primos legítimos e até entre tios e sobrinhas. A ascendência de seus avós maternos segue a mesma regra.
Somos parente sim, e bem proximos.

A. Morais

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Desafiando o filho Ilustre.

“Deu no jornal do Cariri edição de 22 a 28 de Dezembro de 2009. A Secretaria de infra-estrutura Fátima Bandeira anunciou que irá devolver o prédio da usina da família do coronel Adauto Bezerra até o dia 31 de Dezembro. Mas ao contrario do que solicitou o coronel Adauto, Fátima avisa que a prefeitura de Juazeiro não irá recupera o muro que cercava o local mesmo o contrato assegurando esse direito ao proprietário do imóvel que o alugou ao Município.

Fátima tem dito que não se intimida com o prestigio e o dinheiro do coronel Adauto. Afirma que ele agora encontrou quem o enfrente e o coloque no seu devido lugar. E se quiser mande construir o muro. Como o coronel Adauto está de férias no Rio de Janeiro é impossível saber sua reação a esse desaforo da secretaria Fátima Bandeira. Contudo, se o prefeito Santana tiver bom senso evita essa briga de sua administração com o ex-governador Adauto Bezerra”.
Jornal do Cariri.


Comentário do Blog:

Não conheço a Senhora Fátima Bandeira, entendo também que ela não conheça bem Adauto Bezerra, por esta razão falta com respeito ao político que muito fez pelo Ceara e especialmente por sua terra Juazeiro do Norte.

Fátima Bandeira não irá recuperar os muros porque o contrato não é firmado com ela e sim com a municipalidade. Mas, é certo que será cumprido o que determina contrato. Ou alguém tem duvida.

Por A.Morais.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

BlogHumor - O TURBO VÉIO DO JOÃO - Por: José Flávio Vieira



Prezados Amigos, ( Dihelson Mendonça ),

Aquela crônica do João Marni passando dos 60 anos, rendeu...olha...daí recebi por e-mail essa preciosidade aqui, que antes de publicar, achei por bem consultar o autor Zé Flávio, e ele me disse que já é até de domínio público, rs rs - Então, aqui vai o treco, com o prefácio do próprio Dr. Zé Flávio. Olha, João Marni, aceito uma réplica sua para contra-atacar também, rs rs

Caros amigos,

Recentemente o nosso querido companheiro João Marni se tornou sexy(agenário) e publicou um texto muito bonito sobre a nova situação por que estava passando: se trnasformara num motor turbo 6.0. . Amigos de todos , nós pensei em homenageá-lo, mas não tendo o dom da poesia, pedi a um poeta popular do arajara , conhecido por "Jacu da Imbiribeira", para fazer alguns versos sobre o Motor do nosso João que não parece estar em estado tão perfeito como ele vive a se vangloriar. Aí vão os versos para o Turbo 6.0 do nosso querido João.
Abraço,

Zé Flávio

O TURBO VÉIO DO JOÃO

O turbo véio do João
Dá um trabalho do cão,
Só anda no solavanco,
Pelo cano ele fumega,
E na chave já não pega,
Só vira se for no tranco.


O filtro tá entupido,
Cem grilo com seus zumbido
Pedem um pouco de graxa.
E Baixa um óleo danado,
Os dois farol tão queimado
E ta saltando de marcha.


O rolamento não morga,
A porta tem uma folga,
As roda tão empenada.
Tem batida na biela,
Tão suja todas as vela,
A direção ta quebrada.


Pois o relé já pifou,
A bateria secou,
E a barra da direção
Quebrou em mais de cem tora.
Estanca a toda hora
O turbo véio do João.


O tanque de gás secou,
O fundo dele furou
E o eixo ta sem bitola.
Tem falha no retentor,
Golpa pelo radiador,
Quebrou o feixe de mola.



O véu não tem quem destape,
Lascou o cano de escape
E a bobina bem no meio.
O trinco não há quem mova,
Queimou o benzo e a escova,
Secou o óleo do freio.


Modelo quarenta e nove,
Não há mais quem renove
Um carro fora de linha.
Ele mora na oficina,
Mesmo assim inda buzina
Como uma Ferrari novinha.


Falhando a carburação,
O turbo velho do João
Já não queima a espoleta.
Só pega com um remendo:
Com Dona Fátima metendo
O dedo na borboleta.


O turbo ta mei dolente,
Já não anda mais pra frente,
Até já disse o Zezé:
Se é pra ter serventia
Pegue a carta de alforria
Engatando a marcha ré.


Jacu da Imbiribeira
Arajara - 21/12/09

domingo, 27 de dezembro de 2009

PIOR PODERIA TER SIDO - Por Mundim do Vale

Respeitando as devidas proporções. O 06 de outubro, em Várzea Alegre, teve semelhança com o 11 de setembro, em Nova York.
Era festa de aniversário da emancipação política da cidade e o prefeito promoveu atividades culturais e esportivas para comemorar. Entre as atividades estava o ciclismo.
Para a corrida se inscreveram: Antônio Negrão, Baixinho da Cadeiras, Zaqueu Guedes e outros mais. Os torcedores ficavam nas esquinas, para jogar água nos atletas, Mas Zé Bobô fez diferente, passou a semana juntando lavagem numa lata de querosene para fazer a brincadeira..
Quando Zaqueu fazia a primeira volta os outros atletas já estavam na terceira, foi nessa hora que Zé Bobô jogou a lata de lavagem nele. Zaqueu parou a bicicleta e foi descendo enquanto tirava uma casca de banana da cabeça e alguns macarrões do ombro. Olhou Para Zé e falou:
- Jogue mais não meu bichim. Isso é um atentado contra a minha saúde. Eu tou com o corpo quente e posso estuporar. Em seguida montou na bicicleta e saiu pedalando para tentar recuperar o tempo perdido. Pedalou uns 100 metros e a corrente caiu. Enquanto ele colocava os outros atletas deram mais duas voltas. Quando ele terminou de colocar a corrente, olhou para as mão e a roupa suja de graxa e disse:
- Arre égua. Nessa corrida já aconteceu de tudo comigo. Só falta agora eu chegar por derradeiro.
O Baixinho das cadeiras com 03 voltas na frente de Zaqueu e 03 atrás dos outros, foi a fazer a curva na rua do juazeiro para entrar na Av. Figueredo Correia, deu uma sobrada e caiu com bicicleta e tudo no terraço de Petronila,
Quebrou o varal, um pé de peão roxo, 02 gaiolas, amassou um bule e ficou mais arranhado do que capador de gatos. A bicicleta ficou com a roda traseira
Encostada da dianteira e a garupa foi ficar colada nos guidões. De tão compactada que ficou a bicicleta, deu para ser colocada num saco de farinha.
Levaram a bicicleta para a oficina de Punduru pra ver se dava para aproveitar pelo menos os raios. E o Baixinho foi colocado numa padiola e levado para a farmácia de Nelinho para fazer os curativos. Nessa ocasião chegou Zé de Bogim e falou:
- Mas que tragédia em Baixinho!
O Baixinho entre um ai e um ui falou:
- Pior poderia ter sido.
- Como poderia ter sido pior? Se você perdeu a bicicleta, a corrida e quase perde a vida?
- Tinha sido pior se dona Petrolina tivesse catando arroz no terraço.
- E qual a diferença dela tá catando arroz, para tá estendendo roupas ou aguando plantas?
- É porque se ela tivesse catando arroz, tava entretida com a cabeça baixa
E não dava tempo de correr.


ESTRANHA VISITA - Por: Glória Pinheiro

Entre os anos de 1966 a 1968, vivíamos sob duas ferrenhas didaturas: a dos militares e a ditadura familiar. A segunda ainda existia o pivilégio de alguma liberdade vigiada.
Nessa época, principalmente durante as férias escolares, nos reuníamos todas as tardes na varanda principal da casa do Sr. Felipe e dona Guimar. Era muita animação e a empolgação aumentou quando por lá apareceu uma jovem pessoa completamente exótica ao nosso meio. Tratava-se de um artista plástico proveniente de Salvador. Estava hospedado na casa de uma familia no centro da cidade. O artista era baixinho, moreno, cabelos fartos, homossexual assumido, bastante inteligente e a garotada se divertia com os trejeitos e com tanta naturalidade daquela estranha visita. Criou-se um clima de admiração e de simpatia de ambas as partes e o visitante passou a gostar da nossa companhia. Era época de carnaval e nosso amigo mal podia nos ver em cima da pick-up do vizinho, já ia se acomodando. Era tudo muito divertido e inusitado para todos nós. Quando fomos ao baile carnavalesco no Crato Tenis Clube, nosso amigo infiltrado entre nós conseguiu entrar no clube, porém foi retirado aos trancos e barrancos porque não queria perder o baile. Lamentamos o ocorrido, mas quem de nós poderia interceder diante de tantos preconceitos daquela época e da nossa pouca idade? Creio que o ocorrido foi no carnaval de 1967.

BRIGA NA PROCISSÃO - Chico Pedrosa

Quando Palmeira das Antas pertencia ao Capitão Bento Justino da Cruz
Nunca faltou diversão: Vaquejada, cantoria, procissão e romaria sexta-feira da paixão.Na quinta-feira maior, Dona Maria das Dores No salão paroquial reunia os moradoresE ao lado do Capitão fazia a seleção de atrizes e atoresO papel de cada um o Capitão que escolhiaA roupa e a maquilagem eram com Dona MariaO resto era discutido, aprovado e resolvido na sala da sacristia.Todo ano era um Jesus, um Caifaz e um PilatosSó não faltavam a cruz, o verdugo e os maus-tratosO Cristo daquele ano foi o Quincas Beija-FlorCaifaz foi Cipriano, Pilatos foi Nicanor.Duas cordas paralelas separavam a multidãoPra que pudesse entre elas caminhar a procissãoCristo conduzindo a cruz foi não foi advertiaPro centurião perverso que com força lhe batiaEra pra bater maneiro mas ele não entendiaDevido a um grande pifão que bebeu naquele diaDo vinho que o capelão guardava na sacristia.Cristo dizia: ôh, rapaz, vê se bate devagarJá estou todo encalombado, assim não vou aguentarTá com a gota pra doer, Ou tu pára de bater ou a gente vai brigar.O pior é que o malvado fingia que não ouviaE além de bater com força ainda se divertia, Espiava pra Jesus fazia pouco e diziaQue Cristo frouxo é você, que chora na procissãoJesus pelo que eu saiba não era mole assim não.Eu tô batendo com pena, Tu vai ver o que é bom Na subida da ladeira da venda de Fenelon O couro vai ser dobradoDaqui até o mercado a cuíca muda o som.Naquele momento ouviu-se um grito na multidão Era Quincas que com raiva sacudia a cruz no chão E partia feito um maluco pra cima de BastiãoSe travaram no tabefe, ponta-pé e cabeçadaMadalena levou queda, Pilatos levou pancadaDeram um bofete em CaifazQue até hoje não faz nem sente gosto de nada.Desmancharam a procissão, o cacete foi pesadoSão Tomé levou um tranco que ficou desacordadoDeram um cocorote na careca de Timóti que até hoje é aluado.Até mesmo São José, que não é de confusãoNa ânsia de defender o filho de criação Aproveitou a garapa pra dar um monte de tapa na cara do bom ladrão.A briga só terminou quando o Doutor Delegado, Interviu e separou: cada Santo pro seu ladoE desde que o mundo se fez, Foi essa a primeira vez Que Cristo foi pro xadrez,Mas não foi crucificado
FIM



sábado, 26 de dezembro de 2009

O OVO DO INDEZ - Por mundim do Vale

Uma vez eu estava fazendo um trabalho perto de casa e resolvi ir até lá para almoçar. Fátima que não me esperava naquele momento perguntou:
- O que foi que houve, Tá doente?
- Não é porque eu estava aqui perto e resolvi vir até aqui. Tem almoço?
- Tem não. A carne e o peixe tão congelados. Também você não avisou. Só tem arroz e feijão. Um ovo serve?
- Serve, Fátima. Sendo pra comer com arroz e feijão, serve. Agora se for pra você montar uma granja, não serve não. Porque você não poder concorrer com a granja Regina, somente com o ovo do indez.

Mundim do Vale

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Conte essa, conta aquela - Dr. Flavio Costa Cavalcante.

“Conte essa, conta aquela, livro do Dr. Flavio Costa Cavalcante, que conta as historias do seu tio Antonio Ulisses, diz muito bem no seu prefacio escrito por Fátima Costa: existem pessoas cuja morte é apenas um “não está presente fisicamente”. Por que não morrem nunca. Quer dizer, não podem ser esquecidas, ou seja, não podem estar definitivamente ausentes, pois são lembradas por muitos cada dia.

É assim com Antonio Ulisses. Quem, sendo filho de Várzea-Alegre, ou por lá tendo passado, ainda quem por pouco tempo, não sabe quem foi essa figura, não riu de suas historias tão bem contadas? Quem não conheceu o “Beco”, famoso palco de cenas memoráveis – comandadas pela maestria de Ulisses, que liderava um grupo de “artistas do riso” do limpo e saudável deboche de humor Inteligente”.

Todos conhecem o livro do Dr. Flavio, porem como não se tem o habito da leitura, estarei passando e-mail ao autor do excelente titulo para pedir permissão para transcrever no Blog do Sanharol algumas das historias do Antonio Ulisses. Quem sabe eu possa colaborar com divulgação das historias já tão conhecidas do inesquecível Antonio Ulisses Costa.

Antonio Alves de Morais.

GAROTO PROPAGANDA - Por Mundim do Vale

Não ganhei nenhum presente
Na passagem do natal,
Porque Noel não é gente
É um boneco virtual.
Fui dormir na esperança
De ganhar uma lembrança
Mas perdi a minha fé.
Na hora que acordei,
Na meia só encontrei
O mal cheiro de chulé.

Fiquei mais contrariado
Porque um vizinho meu
Mostrou um carro importado
Que papai Noel lhe deu.
Será que o bom velhinho,
Enxergou só meu vizinho
Porque anda caducando?
Ou será por preconceito,
Que ele age desse jeito
Só de rico se lembrando?

Já perdi esperança
Nesse Noel trapaceiro
Que só visita criança
Se o pai tiver dinheiro.
Pois eu lhe digo, Noel:
- Eu tenho um pai lá no céu
Que não gosta, disso não.
Quando seu filho nasceu,
Foi pobre assim como eu
Mas deixou uma lição.

Você com o seu saco cheio
E a bengala na mão
Onde tiver aperreio
Não passa por perto não.
Não conhece favelado,
Filho de desempregado
Subproduto de gente.
Porém a casa bonita,
No natal você visita
Para deixar o presente.

Será se você existe
Ou não existe sou eu?
Eu tou aqui muito triste
Por conta do jeito seu.
Passou cantando: - Ou, ou, ou....
Mas comigo não deixou
Nem um pequeno peão.
Ficou seco, o saco seu,
Mas você encheu o meu
De revolta e exclusão.

Você só não sabe disto
Porque é um boneco mal
Mas é para Jesus Cristo
Toda festa de natal.
Você só gosta do cobre,
Não anda em casa de pobre
Porque a mídia não manda.
É uma peça do mercado,
Que foi muito bem treinado
Pra garoto propaganda..

Mundim do Vale


quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

FELIZ NATAL


Feliz Natal para todos os amigos e amigas do Blog do Sanharol e seus familiares. Fiquem com Deus. Até a volta.
Por A. Morais

COMPOSITORES DO BRASIL

Sobre Música,
Sobre Natal brasileiro.

Por Zé Nilton


Desde que o homem captou o som ouvindo a natureza, descobriu a estrutura matemática de suas combinações e inventou uma escala tonal com infinitas possibilidades de manifestar uma melodia, a música definitivamente marca os eventos da trajetória humana.

A música, dentre múltiplas serventia, parece despertar certa substância em nosso cérebro, quando nos lembramos de algo em que ela fora testemunha.

Os acontecimentos por que passamos não se repetem, ou melhor, a atmosfera da época e o clima do momento estão ausentes nos ciclos repetitivos de nossas vidas. No entanto, caso esses momentos tenham sido emoldurados pela música – ou por aquela música que embalou e marcou aquele momento, ao ouvi-la e juntá-la ao ocorrido, entramos na aura que decolou daquela ocasião e que agora emerge na nossa lembrança.

Só para entendermos melhor. Ontem à noite, numa entrevista, o músico Tom Zé descreveu, com pureza de detalhes, o momento em que ouviu, pela primeira vez, a voz e o violão de João Gilberto interpretando “Chega de Saudade”. Seu semblante se transfigurava à medida que ia detalhando o local, o clima, as pessoas e tudo o que se encontrava à sua volta, enquanto desfrutava daquela ocasião mágica. Assim também ocorreu com toda uma geração de jovens compositores nos idos de 1959.

Parece que essa “sobredeterminação,” como uma imagem projetada num espelho – quando a música ajuda a tecer a ocasião - aguça o sentimento de (des)prazer quando lembramos.

Caso o leitor não concorde com minhas observações, remeto-o para a leitura de um livrinho (muito substancioso), do cratense Paulo Elpídio de Menezes, - “O Crato de meu tempo”, Fortaleza: edições UFC, 2ª. edição, 1985.

Nele o autor faz uma descrição histórica de nossa cidade nos fins do século XIX, levando em conta não o calendário histórico-linear, aquele em que se vai marcando os acontecimentos numa escala evolutiva. O autor se vale dos ciclos da vida, dos ciclos festivos como forma de construir suas rememorações, que terminam por revelar uma história (social) da cidade e de seu povo. Em todos esses eventos ele cita os folguedos, as músicas, as cantigas, as brincadeiras de rua, as serenatas e descreve as letras. Enfim, fala de sua infância e adolescência revividas em sua memória enriquecida pela trilha sonora que marcaram sua lembrança.

Então, o que seria do ser humano se não houvesse a música?

Acho mesmo que no Natal, assim como em outros ritos de passagem, e todos os ciclos festivos, a música ajuda muito a realçar as simbologias desses eventos.
No Brasil a música natalina é marcada pela diversidade da criação musical brasileira. As cantigas dos autos de natal no Brasil são expressões da cultura local. Acredito ser a música de Natal uma manifestação musical extraordinariamente rica, porquanto ela acompanha sob diversos ritmos e tons, os temas dos ciclos natalinos que se realizam em diferentes subculturas.

Por aqui tudo foi perfeitamente assimilado pelos diversos grupos que ensejaram a (des)ocupação paulatina do nosso território. No plano da música, os instrumentos, as danças, as cantigas, muitos ritmos, os autos, as coreografias etc. transplantadas por populações misturadas de todas as partes do mundo, foram acolhidas e até ressignificadas para permitirem sua continuidade no tempo...

Esse será o tema de hoje do Programa COMPOSITORES DO BRASIL.

Vamos falar das músicas do natal brasileiro, de seus compositores e cantores. Vamos enaltecer a figura da compositora Chiquinha Gonzaga, nascida em 1847, e que aos 11 anos de idade, em uma festa de Natal no lar, apresentou, com letra de seu irmão, sua primeira composição, uma música natalina: “Canção dos Pastores”.

Ouviremos e comentaremos:

1.Presente de Natal, de Herivelton Martins e Rogério Nascimento, gravação de Francisco Alves e participação do Trio de Ouro (Dalva de Oliveira e Dupla Preto e Branco, e ainda Fon-Fon e sua orquestra, de 1934.
2.Um feliz natal, de Ivan Lins com Ivan Lins
3.Feliz natal, papai noel, de Martinho da Vila com Martinho da Vila
4.Jesus, papai noel, de Benito de Paula, com Benito de Paula
5.Menido Deus, de Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro, com Clara Nunes
6.Natal das crianças, de Blecaute, com Carequinha
7.Balada para qualquer natal, de Evaldo Gouveia Jair Amorim, com Altemar Dutra
8.Noite de Natal, de Felisberto Martins, com Francisco Alves, gravação de 1945.
9.Boas Festas, de Assis Valente, com Ná Ozzeti
10.Cartão de Natal, de Zé Dantas e Luiz Gonzaga, com Luiz Gonzaga
11.Menino Deus, de Caetano Veloso, com Caeteno Veloso
12.Jesus menino, de Geraldo Rocca, com Almir Satter
13.Um novo tempo, de Paulo e Marcos Valle e Nelson Motta, com os conjuntos MPB4 e Quarteto em Cy.

Quem ouvir, verá!

Programa COMPOSITORES DO BRASIL
Pesquisa, produção e apresentação: Zé Nilton
Rádio Educadora do Cariri
Todas às quintas-feiras, às 14 h.
Apoio Cultural: CCBN
Por Professor Zenilton

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Vamos pegar o rato? – Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Relembro com saudades do companheiro rotariano Jósio de Alencar Araripe, um grande amigo, que a vontade maior, que vence a todos nós, roubou do nosso convívio.

O companheiro Jósio era um forte crítico das idéias desprovidas de inteligência e, principalmente do regime político que vigorou em nosso país por longos vinte e um anos.

Quando o Rotary Clube do Crato ainda se reunia no Crato Tênis Clube, a notícia que mais teve repercussão no noticiário daquela época foi a declaração de Nelson Chaves, um conhecido nutricionista pernambucano, que receitava uma dieta de ratos para acabar com a fome do nordestino. Na reunião plenária da semana em que essa notícia era o prato do dia, Jósio se inscreveu no “Período de Comunicações” para comentar a infeliz declaração do cientista pernambucano, que era ligado a uma agência governamental de combate à fome. Iniciou sua fala comentando que a Checoslováquia tinha muitas represas próprias para criação de peixes. Era uma excelente maneira de matar a fome do povo daquele país. Que o nordeste precisa de açudes e o Ceará com os açudes do Orós e do Castanhão, naquela época, ainda um projeto distante, poderia se transformar num grande criatório de peixes. Ele lembrou ainda, que o governo poderia montar um programa de construção de pequenos açudes, exclusivos para criação de peixes. E assim o companheiro Jósio encerrou sua comunicação: “O nosso sertanejo não tem o costume de comer peixe. Mas seria muito mais fácil habituá-lo a comer peixes do que ratos. Mas como esse governo tem muita propaganda, pode ser que investindo em uma maciça campanha publicitária, convença nosso povo a comer ratos. Agora, difícil mesmo vai ser pegar o rato...”

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Feliz Natal e Prospero Ano Novo.


"A Melhor mensagem de Natal é aquela que sai em silêncio de nossos corações e aquece com ternura os corações daqueles que nos acompanham em nossa caminhada pela vida".


Autor desconhecido.

HISTÓRIA DO NATAL


ORIGEM DO NATAL E O SIGNIFICADO DA COMEMORAÇÃO
O Natal é uma data em que se comemora o nascimento de Jesus Cristo. Na antiguidade o Natal era comemorado em várias datas diferentes, pois não se sabia com exatidão a data do nascimento de Jesus. Foi só no século IV que o dia 25 de Dezembro foi estabelecido como data oficial de comemoração. Na Roma Antiga, o 25 de Dezembro era a data em que os romanos comemoravam o início do Inverno. Portanto, acredita-se que haja uma relação deste fato com a oficialização da comemoração do Natal.

A ÁRVORE DE NATAL
Em quase todos os países do mundo, as pessoas enfeitam árvores de Natal para decorar casas e outros ambientes, proporcionando um clima especial nesta época. Acredita-se que esta tradição começou em 1530, na Alemanha, com Martinho Lutero.

Certa noite, enquanto caminhava pela floresta, Lutero ficou impressionado com a beleza dos pinheiros cobertos de neve. As estrelas do céu ajudaram a compor a imagem que Lutero reproduziu com galhos de árvores em sua casa. Além das estrelas, algodão e outros enfeites, ele utilizou velas acesas para mostrar aos seus familiares a bela cena que havia presenciado na floresta.

PRESÉPIO
O presépio também representa uma importante decoração. Ele mostra o cenário do nascimento de Jesus, ou seja, uma manjedoura, os animais, os Reis Magos, Maria, José e o Menino Jesus. Esta tradição de mostrar presépios teve início com São Francisco de Assis, no século XIII.

REIS MAGOS
O historiador inglês São Bedas (673-735) foi o primeiro a citar os nomes e descrever os três Reis Magos. Cada um deles representa uma raça: a branca, a amarela e a negra. O africano Baltazar, com cerca de 30 anos, o asiático Gaspar, com 15 anos e o europeu Melchior (ou Belchior), com aproximadamente 40 anos de idade, foram os primeiros a visitar o Menino Jesus, e a oferecer-Lhe presentes: mirra (resina extraída da árvore com o mesmo nome), em sinal da Sua humanidade; incenso, para representar a divinidade do Menino Jesus; e ouro, em homenagem a Sua realeza.

PAPAI NOEL
Os estudiosos afirmam que a figura do bom velhinho foi inspirada num bispo chamado Nicolau, que nasceu na Turquia em 280 d.C. O bispo homem de bom coração, costumava ajudar as pessoas pobres, deixando saquinhos com moedas nas chaminés das casas. Foi transformado em santo (São Nicolau) pela Igreja Católica após várias pessoas relatarem milagres atribuídos a ele. A associação da imagem de São Nicolau ao Natal aconteceu na Alemanha e espalhou-se pelo mundo em pouco tempo.

Autor desconhecido (recebido por e-mail)

Postado por: Glória Pinheiro

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

22 de Dezembro - Crônica - Por A. Morais


Matriz de Nossa Senhora da Penha - Crato-ce.
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Dedicamos esta pequena crônica, este pequeno e humilde texto, a uma colaboradora, comentarista, leitora do Blog e amiga de nossa família. Temos conhecimento que o mês de Dezembro é um mês de lembranças tristes, motivadas por perdas de familiares. Hoje, inclusive é aniversario de morte de sua querida genitora.

Tememos não transcrevermos nesta crônica ou mesmo não alcançarmos o respeito e admiração que temos por esta colaboradora. Mas nossa intenção é compartilharmos nossa solidariedade com esta amiga. Que Deus a ajude a suportar a dor, a profunda dor, que lhe invade o coração neste dia.
Nossa Senhora da Penha - Padroeira da Diocese de Crato.
-
Sendo nós cristãos ou não, a dor e o sofrimento em perdermos uma mãe são inexplicáveis. Entende-se nas palavras postas em seu e-mail. Não conseguimos descrever, e, nesta altura faltam-nos às palavras certas, a postura, gestos.

Só sabemos que é importante transmitirmos uma palavra de animo, um gesto de carinho e do coração.

Sabemos que você tinha uma ligação muito grande com sua mãe e vemos seu coração de dor e de saudade. Achamos você uma pessoa muito forte e de muita fé em Deus.


“Nestes dias temos pensado muito em nossas mães. Nair na saudade motivada pela ausência e eu tenho pensado como ela é minha melhor amiga. Dou graças a Deus por tê-la. Por isso não imagino como seria perder a minha mãe. Como seria perder a minha melhor amiga".

Como as filhas são bem mais ligadas às mães, acreditamos que quando a perdem, fica um vazio muito grande, que julgamos ser preenchido apenas quando um dia também se tornam mães.

Esta graça já lhe foi concedida.

Por fim, veja a foto e reflita sob o olhar de Nossa Senhora, o olhar generoso de uma mãe guardando e dando proteção a todos os seus filhos.

Um feliz Natal e um Ano Novo de paz e harmonia para todos os seus, são os desejos e votos dos amigos e amigas do Blog do Sanharol e, em especial, de Morais e Nair.

Paz e Bem.

Antonio Morais e Maria Nair.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O Clero de Bom Humor – Por Carlos Eduardo Esmeraldo

O Padre Gilson, ao celebrar missa na Lagoa Redonda, um bairro da periferia de Fortaleza, ouvia uma resposta diferente para a tradicional saudação: “O Senhor esteja convosco”. Apurou bem os ouvidos e notou que uma velhinha, que sentava no banco da frente, assim respondia a essa oração: “Ele está com medo de nós”.
***
Padre Pita, um irmão do nosso inesquecível Padre Lauro, era também muito apegado à sua carteirinha de cédulas. Quando rezava a missa das nove horas do domingo, em Fortaleza, ao pronunciar o “eu pecador” e dizer: “porque pequei muitas vezes, por minha culpa,” (bateu com a mão nos peitos e sentiu falta da carteira), imediatamente colocou as mãos sobre os dois bolsos laterais da batina, enquanto dizia: “por minha tão grande culpa”, (e a carteira também não estava lá). Por fim, prosseguiu a oração levando as mãos aos dois bolsos de trás, exclamando: “por minha máxima culpa”. Gritou: “Roubaram minha carteira!”
***
Os alunos do Curso Cientifico do Colégio Diocesano do Crato viram um jumento roendo tocos de capim de burro pelos cantos do meio-fio da Rua Nelson Alencar. Conduziram o animal até a sala de aula, durante o intervalo do recreio. O Padre David entrou para aula de Física, fez de conta que não viu o animal na sala e ministrou sua aula com toda tranqüilidade possível, como era seu costume. Ao final, foi até o local onde o jumentinho a tudo assistia com redobrada atenção e assim falou para o burrico: – “Avise aos seus colegas que na próxima aula vai haver prova.”
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Anualmente, o saudoso Padre Murilo celebrava a páscoa dos funcionários da Coelce em Juazeiro do Norte. Entre as inúmeras virtudes das quais ele era possuidor, uma eu admirava muito, pois assim como eu, ele era torcedor do Vasco da Gama do Rio de Janeiro. Em 1988, a páscoa ocorreu depois de um jogo decisivo do Vasco contra o Flamengo. O Vasco sagrou-se campeão carioca, ao vencer seu rival com um único gol marcado pelo jogador Cocada, um ex-flamenguista. Na benção final da missa, após pronunciar a mensagem: “Ide em paz, que o Senhor vos acompanhe”, o Padre Murilo emendou: “Agora vocês vão para casa, comam uma cocada e bebam um copo d’água.”
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Dario Maia Coimbra, mais conhecido pelos juazeirenses por “Darinho”, devia vinte cruzeiros a um amigo que faleceu, sem que antes ele tivesse pagado tal dívida, naturalmente corroída pela inflação. Então ele foi se informar com o Padre Murilo, se ele poderia celebrar uma missa pela alma do seu credor com o dinheiro daquela dívida, e mandar o que sobrasse para os familiares do morto. Padre Murilo lhe respondeu que com aquela quantia não daria para celebrar nem meia missa. – “Nem mal celebrada?” – Insistiu Darinho. – “Nem celebrada por mim.” – Respondeu Padre Murilo.
***
Padre Quinderé, talvez o mais espirituoso dos sacerdotes cearenses, chegou atrasado para celebrar a missa das seis horas na Igreja do Carmo. Quando vestia os paramentos na sacristia, uma velhinha se aproximou pedindo para que ele a ouvisse em confissão, pois não desejava passar um dia sem comungar. Ele lembrou-se que a confessara na tarde anterior e perguntou: “Criatura de Deus, que pecado tão grave você cometeu de ontem para hoje?” Então a beata perguntou: “Padre, eu queria saber se ventar na Igreja é pecado?” – “Depende, se não apagar as velas, pode ventar à vontade.”
***
Os vizinhos do Padre Quinderé estavam escandalizados com o que se passava na casa do sacerdote, situada numa esquina. Então convocaram um senhor muito católico para ir falar com ele. “Monsenhor, desculpe-me vir até aqui ocupar seu precioso tempo. Mas está acontecendo uma coisa na sua casa, que está chocando toda a vizinhança. Temos certeza que não é do seu conhecimento.” – “Explique-se logo homem.” – Suplicou-lhe o padre, com muita curiosidade. – “É que a Maria, sua cozinheira, deixa a janela do quarto do oitão somente encostada e depois das dez horas da noite, o namorado dela entra no quarto pela janela.” O padre agradeceu a informação e prometeu tomar as providências. Cedo da noite, armou uma rede no quarto do oitão e disse para a empregada: “Maria hoje eu vou dormir aqui. Você vá dormir no seu quarto.” – “Mas padre, e o leite que eu recebo do leiteiro todas as manhãs pela janela?” – Perguntou-lhe a empregada. – “Vá receber pela porta da frente.” – Dito isso, o padre deitou-se e aguardou até as dez horas da noite. Ouviu a janela ser aberta e fez-se dormindo. O namorado da Maria foi direto para rede e passou a mão por baixo. O padre levantou-se de um só pulo e disposto a enfrentar o invasor, perguntou: – “Que é que você está fazendo aqui, rapaz?” – “Padre Quinderé, desculpe se eu lhe acordei, mas eu só queria saber que dia é hoje?”– Gaguejou o namorado da Maria. – “E você está pensando que o meu “fiofó” é calendário? ”– No dia seguinte, Maria não amanheceu mais na casa do padre.
***
Padre Quinderé, no final da vida, retirou-se para Maranguape, sua terra. Definhava a olhos vistos, estando em pele e osso, além de cego. O Arcebispo de Fortaleza foi visitá-lo. Para confortá-lo disse: – “Padre Quinderé, o senhor é um homem feliz. Está preste a atravessar os umbrais do Paraíso e falar com Jesus, contemplar a face de Deus.” E o padre, com a voz quase inaudível, sussurrou: – É, mas Maranguape é tão bonzinho!”


NOTA: Monsenhor José Alves Quinderé foi um sacerdote de extraordinárias virtudes, aliada a alegria de viver consolidada pela fé na ressurreição. Ex-professor de Latim do Liceu do Ceará, fundador do Colégio Cearense, deputado estadual em duas legislaturas e secretário do Arcebispo de Fortaleza, Dom Manoel da Silva Gomes.
Para saber mais sobre o Padre Quinderé, recomendo aos amigos a leitura do livro: “Padre Quinderé, o Apóstolo da Alegria.” de Fernanda Quinderé, Edições ao Livro Técnico, Fortaleza – 2004.

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Mensagem de Natal - Eurides Brito - PMDB - DF

Enviada pela deputada distrital Eurides Brito (PMDB-DF) aos seus eleitores:

“Queridos, escrevo-lhes num período em que todos costumamos estar com o nosso espírito unicamente voltado para as comemorações natalinas. Infelizmente, neste fim de ano, embora venha me esforçando, não consegui ainda me esquecer do episódio explorado pela mídia e que envolve o meu nome.

Acordo pensando que tive um pesadelo. Se eu não tivesse Deus como minha fortaleza, decerto não teria aguentado. Mas como confio que “Deus é o nosso refúgio e fortaleza nos tempos de angústia”, tenho procurado tocar a vida, cumprindo todas as minhas obrigações, bem como os compromissos assumidos. Não posso parar. Mas, de vez em quando sinto-me vagueando e perguntando-me por quê?

Por recomendação expressa de meu advogado, não devo falar sobre o assunto, até dar o meu depoimento ao Superior Tribunal de Justiça, o que espero ocorra o mais rápido possível. Como seria bom se pudesse ser hoje. Mas os procedimentos judiciais são lentos. Recomenda o advogado que não seria ético com a Justiça que eu antecipasse, por entrevistas à mídia, a minha defesa. E como é difícil.

É difícil principalmente porque nós, professores, somos dialéticos e tratamos, de imediato, as indagações de nossos alunos. Mais difícil ainda é ver as interpretações parciais e jocosas de alguns membros da imprensa para atos que, quando explicados, se enquadrarão em atos de campanha política. Mas eles são mostrados repetidas vezes e comentados por alguns jornalistas, da forma sensacionalista, exatamente com o objetivo de tentar a destruição moral do “suposto envolvido”.

Você sabe por que a expressão suposto ou suposta aparece com tanta frequência em todas as reportagens? Para livrar os órgãos de imprensa de ações penais posteriores. Mas será que existe algo que recupere isso? Por que aquela cena patética ocorrida há tantos anos atrás é misturada a fatos atuais, sem nenhuma explicação? Será que foi por que este ano fui Líder de Governo?

Estou pronta e ansiosa para responder na justiça quando for chamada. Tenho todos os comprovantes de todos os nossos rendimentos de 5 anos atrás para cá, os respectivos extratos bancários, bem como, as guias de recolhimento de imposto de renda. Que por sinal são públicas porque as apresento anualmente à Câmara Legislativa (a minha e do meu marido).

Este esclarecimento preliminar, julgo importante passar a você, meu amigo, meu irmão e muito especialmente àqueles que por me conhecerem, saberem como vivo, como trabalhamos meu marido e eu, como me comporto, solidarizaram-se comigo e estão orando por mim.

Vamos ao Natal que foi e será sempre o maior acontecimento de todos os tempos. Deus enviou o Seu Filho, para que, por intermédio Dele, pudéssemos ter a salvação. Portanto, minha mensagem a você e familiares é: “Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem Ele quer bem (S. Lucas 2:14). Feliz Natal.”

Blog do Ricardo Noblat - Veja o Video.

Postado por A. Morais

domingo, 20 de dezembro de 2009

Filhos de Manuel Leandro Bezerra "Segundo" - Bisnetos de Jose Raimundo do Sanharol - Por A.Morais

Foto 1 – Antonio Leandro Bezerra, Clara Leandro Ferreira, Raimundo Leandro Bezerra e Jose Leandro Bezerra da Costa.
Foto 2 - Em pé da esquerda para direita – Ana Leandro Bitu, Maria Leandro Batista e Clara Leandro Ferreira. Sentados Antonio Leandro Bezerra e Jose Leandro Bezerra da Costa da Costa.

Manuel Leandro Bezerra, casado com Clara Alves de Morais Feitosa, foi o segundo filho de Jose Raimundo Duarte e Maria Anacleta de Meneses.
Dentre seus filhos está o que eu denomino de Manuel Leandro Bezerra "Segundo", que foi casado com Gloria Alves Bezerra e deixaram grande descendencia. Tenho muito orgulho de postar no nosso Blog as fotos dos seus filhos, bisnetos de Jose Raimundo do Sanharol. As fotos são tão antigas quanto as suas importancias. Agradeço ao primo Giovani Costa, neto do Manuel Leandro Bezerra o envio das fotos.
Postado por A.Morais

sábado, 19 de dezembro de 2009

Plano estratégico para 2010.

01 - Não leve a vida tão a serio - Dance.

02 - Descanse.

03 - Beije muito.

04 - Relaxe junto a natureza.


05 - Atreva-se.


06 - Solte boas gargalhadas.


07 - Tome banho de espumas.


Seja Feliz - Que 2010 venha logo...
Postado Por A. Morais
Enviado por um leitor.

Frase do Dia.

O Pitta morreu no dia da consciência negra... Se seguir essa tendência, o Maluf vai no 1º de Abril e o Lula no 1º de Maio !!!

Autor desconhecido.

Temos instituições fortes - por Maílson da Nóbrega


A imprensa é parte das instituições. No campo político, sua função é fiscalizar o governo, escancarar a corrupção e contribuir para o avanço institucional. No plano econômico, cabe-lhe auxiliar os mercados a avaliar riscos via acompanhamento dos indicadores e da ação do governo e dos políticos.

Aos olhos de muitos, a corrupção desvendada em Brasília é sinal de fragilidade institucional. Imagina-se que seus protagonistas ficarão impunes. E, como lembrou José Murilo de Carvalho, sem punição a corrupção compromete o "funcionamento do sistema democrático, na medida em que desmoraliza suas instituições". Como, então, falar em instituições fortes? Depende do conceito de instituições. No Brasil, elas costumam ser entendidas em sentido estrito: as normas que regem o sistema político e a democracia. Teriam a ver com a coisa pública: as leis, o regime, o governo, o Congresso, as instâncias do Judiciário, os partidos políticos.
As instituições derivam da interação social e por isso podem ser construídas. Evoluem ao longo do tempo, de forma gradual. É o que tem ocorrido no Brasil, em meio à grande expansão do eleitorado. Mesmo no sentido estrito, nossa jovem democracia se consolida, malgrado ainda não inibir a contento a corrupção. Uma das melhores definições de instituições é a de Douglass North. Para ele, instituições são as regras do jogo, formais ou informais, que alinham incentivos para ações de natureza política, social ou econômica. Outro estudioso do tema, Max Weber, aludiu ao papel desempenhado pelos ritos, pelos valores e pelas tradições da sociedade.
A imprensa é parte das instituições. No campo político, sua função é fiscalizar o governo, escancarar a corrupção e contribuir para o avanço institucional. No plano econômico, cabe-lhe auxiliar os mercados a avaliar riscos via acompanhamento dos indicadores e da ação do governo e dos políticos. As crenças também integram as instituições. Nesse campo, uma das mais importantes mudanças mentais da sociedade brasileira: a intolerância à inflação, principalmente entre os pobres.
Esse conjunto nos legou instituições fortes em um aspecto básico: a preservação das conquistas da democracia e da estabilidade econômica. Sua força deriva da capacidade de constranger os atores políticos a disputar o poder por meio das regras do jogo e a não promover rupturas que tragam de volta a inflação desembestada. O governo Lula é a grande prova dessa realidade. Movido por visões autoritárias, propôs a criação do Conselho Federal de Jornalismo e da Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual (Ancinav), que controlariam a atividade da imprensa e as relacionadas à cultura. A sociedade reagiu, e o Congresso rejeitou as propostas.
A blindagem contra a irresponsabilidade prevalece também na economia. As reformas dos anos 1980 e 1990, que contribuíram para o êxito do Plano Real, criaram incentivos à condução sensata da política econômica. O Banco Central adquiriu autonomia operacional. As ações no campo fiscal e monetário se tornaram previsíveis. Fruto de seu faro político e da intuição, que o guiaram pelo caminho correto, Lula percebeu o novo quadro institucional: a volta da inflação minaria sua popularidade e a confiança no Brasil. Apesar de ter prometido uma ruptura antes de chegar ao governo, decidiu manter e reforçar a política econômica herdada de seu antecessor.
Construímos, pois, fortes instituições, que são fruto de convicções democráticas da sociedade, da valorização da estabilidade econômica e da qualidade da imprensa. A esse conjunto se agregam os efeitos positivos do voto do analfabeto (os pobres agora votam), da sofisticação do sistema financeiro e da maior inserção do país na globalização. Por causa disso, o presidente Lula resistiu a pressões de companheiros, políticos, empresários e economistas em favor de medidas inflacionistas. Ele também não seguiu maus conselhos para buscar um terceiro mandato consecutivo, o que, em caso de sucesso, abalaria as instituições políticas.
Nossas instituições previnem aventuras políticas e o voluntarismo (eu quero, eu posso) na economia. Novos avanços são necessários para inibir práticas contrárias ao crescimento futuro da economia, como é o caso do recente renascimento de visões estatizantes e de ações que sinalizam gastos e endividamento público preocupantes. Seja como for, nossas instituições já nos acautelam contra a instabilidade política e econômica. Não é pouco. Por isso, são muito fortes.
Fonte: Veja
Postado por Armando Lopes Rafael

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Boas festas Aluisio - Por João Pedro

Aluisio.

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Cartão escrito de proprio punho - Clic em cima para ampliar e facilitar a leitura da mensagem.

Aluisio, meu irmão. Você é o meu melhor amigo. Quero pedir a Papai do céu para te dar saúde e para você ser muito feliz. Eu te amo.

Feliz Natal – Beijos.

João Pedro de Morais Meneses.

A TRENA, EU EMPRESTO. - Por Mundim do Vale

No ano de 1.984, eu adquiri um apartamento no condomínio Morada da Lagoa, que fica na Maraponga e é onde eu moro até hoje.
Logo que cheguei com a mudança, fui falar com o síndico, o porteiro e o vigia, para conhecer as normas do condomínio. Na vez do vigia ele me disse:
Seu Raimundo. Esse local aqui é cheio de malandro e eu trabalho desarmado. Mas se o Senhor me emprestar um revólver eu encaro qualquer vagabundo com oito metros de distância.
Como a proposta foi de impacto, eu respondi também de súbito:
- Pois vamos fazer o seguinte: Você arranja o revólver com outro condômino. Que a trena, eu empresto.
Mundim do Vale

Nossa Senhora Auxiliadora - Por A. Morais

Igreja matriz de Nossa Senhora Auxiliadora padroeira da Diocese de Porto Velho - Rodonia.
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Em Fevereiro de 2001, moravamos em Porto Velho. Eudes, Dany e Ana Tahis já estavam em Recife, e José André e Ana Claudia estava no Ceara de ferias. Estavam apenas eu e a Nair em Porto Velho.
Aos domingos costumavamos assistir a missa das nove horas, celebrada pelo Bisto da Diocese Dom Moacy Grege. Depois da missa o nosso destinho era encontrar os casais Pedro Moreno e Neuma, Francinilson e Fatima, lorotar, beber cerveja e lembrar nossa Varzea-Alegre.
Um dia, nublado, entre chuva e garoa, quando chegamos a matriz a missa já havia iniciado. Eu fui estacionar o carro e o pneu do meu carro raspou no pneu trazeiro de um carro pomposo e o alarme desparou, embora não tenha havido qualquer especie de dano, eu pedir para Nair entrar, se acomodar na igreja, assistir a missa, enquanto eu ficava aguardando que o proprietario do carro aparecer para informar a causa do alarme.
A missa terminou e uma senhora com uns 50 anos segurando na mão de uma senhora de 70 anos apertou a chave e desligou o alarme. Quando se acomodaram nas poltronas eu me aproximei e disse: o alarme desparou porque o pneu do meu carro raspou no pneu do seu. Ah, meu filho, a mulher saiu do carro feito uma louca, rodeava o automovel procurando alguma avariação. Não encontrando me olhou e disse: Vou levar meu carro na revenda autorizada e se tiver qualquer problema voce vai pagar meu prejuizo. Minha senhora aqui está a marca de terra de um pneu no outro, apanhei uma flanela embebi com agua e lavei o pneu e ela entendeu os motivos pelos quais o alarme disparou.
Quando já estavam para ir embora eu me aproximei do carro, do lado da mais idosa que era a mais zangada e disse: Enquanto voce estava rezando o credo, de mãos postas olhando para Deus, eu estava aguardando aqui fora para lhe informar a ocorrencia. A sua reza de hoje foi anulada pela sua arrogancia, prepotencia e mal trato com as pessoas. A reza que de sua boca saiu jamais irá se igualar ao odio que voce derramou nesta oportunidade. Esse carro seu pode ser muito importante, mas a fabrica não fez só ele, existem milhares por aí a fora, e, seja mais humana e reze menos.
Sair com Nair pra casa enquanto o carro nos seguia. Quando colocamos o carro na garagem, o carro saiu, e, em pouco tempo voltou com mais alguns familiares para pedir disculpas. Depois fomos para casa de Francinilson Martins, tomamos cervelha gelada, falamos de Deus e do mundo de Varzea-Alegre e assim é a vida.
Feliz Natal Fatima Moreno - pra voce e toda familia.
Por A. Morais

Boas Festas e Feliz Ano Novo - Por Giovani Costa


Quero desejar a todos os meus amigos e amigas do Blog do Sanharol, um Feliz Natal e um Ano Novo cheio de realizações.
Um 2010 com menos violência, onde as crianças possam ser mais respeitadas e aptas a viverem um mundo melhor!!! Muita Paz e muita alegria extensivas a todos os familiares! Um abraço a todos(as)!
2009/12/17 Giovani Costa <giovanipublicont@gmail.com>

Pequenas e velhas historias - Por A.Morais


Pequenas e velhas historias foi o titulo que encontrei para alguns causos do Jose Raimundo Duarte, Jose Raimundo do Sanharol. Não são tantos, mas procurarei levar ao conhecimento de alguns de seus descendentes, já que são tantos..

Jose Raimundo Duarte, Jose Raimundo do Sanharol, era o homem honrado, serio, honesto e conduta ilibada. Filho de Raimundo Duarte Bezerra, Papai Raimundo e de Tereza Maria de Jesus, tinha mais dois irmãos homens o Major Joaquim Alves Bezerra e o Major Idelfonso Correia Lima.

Casou a primeira vez com Maria Anacleta de Meneses, do Sitio Boa Vista e a segunda vez com Antonia de Morais Rego da Fazenda Timbauba do Arneirois.

Dos dois casamentos nasceram 25 filhos que já foram citados neste blog. Dizem que ninguém tomava qualquer decisão sem antes ouvi-lo.

A historia de hoje é a seguinte:

Quando sua esposa Antonia de Morais Rego ficou grávida para ter o primeiro filho, ela disse que queria ter a criança na casa de seus pais Gabriel de Morais Rego e Mãe Dona na fazenda Timbauba nos Inhamuns. Jose Raimundo não gostou da idéia, mas não disse nada.

Prepararam toda a comitiva, criadas, arrieiros para cuidar dos animais e das montarias e seguiram para uma viagem de quatro ou cinco dias. Já faltando apenas uns 20 quilômetros para chegarem ao destino um cacho de abelhas agrediu a cavalo que transportava Totonha, o cavalo se assombrou, ela sofreu uma grande queda e quebrou um dos braço.

Quando os arrieiros retornaram que deram a noticia do acidente a Jose Raimundo ele apenas balbuciou – Se estivesse em casa?

Nasceu o primeiro filho do casal, batizado como Gabriel de Morais Rego, que casou três vazes com mulheres de Crato e deixou uma grande descendência entre as famílias Siebra, Brito, Morais, Macário, Vilar, Monteiro, Norões, Abagaro etc.


Por A.Morais

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

PAI VAI DESCER TAMBÉM? - por Mundim do Vale

Lendo as postagens e os comentários de João Bastos Bitu, me lembrei de uma do seu primo, Raimundo Nonato Bitu.
Raimundo ainda adolescente, tinha muito medo de doidos. Se sonhasse com Zé Carro Boi, era um mês sem andar na cidade.
Uma vez chegou um ciclista em Várzea Alegre, patrocinado pela Monark, para passar um dia e uma noite pedalando sem parar. A notícia espalhou-se no Sanharol, mais rápido do que bolinha de termômetro em piso de cerâmica.
Raimundo passou o dia dizendo que queria ver. Por mais que Vicente e Maria argumentassem que não tinha futuro, por conta da volta ser tarde, Raimundo não abria mão.
Quando foi por volta das cinco horas da tarde, ele entrou para trocar de roupa e Vicente Bitu sentou-se na calçada. Quando Raimundo saiu, foi logo dizendo:
- Pai! Eu já vou descer pra rua. Pai vai também?
- Vou não Raimundo. Eu vi Afonso Doido descendo e eu tenho medo de descer na hora que ele venha subindo ali pela lagoa do Arroz.
- Pois vamos pelo Alto do Tenente.
- Também não dar certo não, porque no Alto do Tenente é onde Zequinha Soares junta lenha pra fazer carvão.
- Pois quer saber de uma coisa? Eu também não vou mais descer não. Eu vou é subir pra casa de Carmelita, pra jogar baralho com os meninos.
Mundim do Vale

Dom Newton Holanda Gurgel, 60 anos de ordenação sacerdotal –por Armando Lopes Rafael


Neste dia 17 de dezembro, Dom Newton Holanda Gurgel – Bispo Emérito de Crato – completa 60 anos de ordenação sacerdotal. Para comemorar tão grata efeméride haverá nesta quinta-feira, às 17:00h, na Sé Catedral de Nossa Senhora da Penha do Crato, uma Missa Solene presidida por Dom Fernando Panico, em ação de graças pelo sacerdócio de Newton Holanda Gurgel..

Dados sobre Dom Newton Holanda Gurgel.

Nasceu no dia 1º de novembro de 1923, na cidade de Acopiara, Ceará. Foi batizado no dia 7 de dezembro do mesmo ano, na Igreja-Matriz de sua cidade natal. Foi admitido como aluno do Seminário São José de Crato no dia 13 de março de 1937. Em 1944 foi matriculado no Seminário de Fortaleza, de onde se transferiu em 1946 para o Seminário de João Pessoa - Paraíba para cursar Filosofia.
Foi ordenado sacerdote por Dom Francisco de Assis Pires, segundo bispo de Crato, em 17 de dezembro de 1949, na cidade de Milagres. Na sua vida sacerdotal, Dom Newton Holanda Gurgel exerceu as seguintes funções: Vigário Ecônomo de Icó; Vigário Cooperador de Iguatu; Prefeito de Disciplina, Diretor Espiritual e Reitor do Seminário São José de Crato; Vigário Cooperador da Paróquia de Nossa Senhora das Dores de Juazeiro do Norte (hoje Basílica Menor) e Pároco de Campos Sales, aonde recebeu a nomeação para Bispo Auxiliar de Crato. Com a renúncia de Dom Vicente de Paulo Araújo Matos, Dom Newton foi nomeado quarto Bispo Diocesano de Crato, função que assumiu oficialmente em 9 de janeiro de 1994 e na qual permaneceu até 27 de junho de 2001, quando passou o governo da Igreja Particular de Crato para o atual Bispo, Dom Fernando Panico.
Durante essa longa trajetória, Dom Newton Holanda Gurgel sempre deu sobejas provas de disponibilidade e desejo de servir à Igreja, fundamentos da espiritualidade inspiradas em Jesus Cristo e na intercessão de Maria, a Mãe de Jesus e, por isso, Mãe dos Apóstolos.
Tudo resumido no lema episcopal que escolheu: “Certa Bonum Certamen” (Sustenta o Bom Combate).

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

COMBATER MARIA MOURA - Por Mundim do Vale

Num certo feriado do mês de setembro, eu, Mundim de Chico Luís, Célio César, Felizardo e Luís Sérgio Piau, preparamos uma tenda no alpendre da casa de João Piau, no distrito do Pecém. Já tinha um litro de aguardente e um prato vazio a espera de uns cajus que Cascudo tinha ido colher.
Eu estava sentado numa mureta, quando de repente veio trazida pelo vento uma galha de cajueiro, com um único caju. Eu fiz um rápido malabarismo e colhi aquele fruto, que coloquei no prato e falei:
- O tira-gosto chegou!
Mundim pediu para que eu arranjasse uma faca, eu fui até cozinha e eu só arranjei uma faquinha de pão. Chegando com a faquinha perguntei: Mundim. Essa daqui serve?
- Pra cortar esse maturí, serve. Agora se fosse para combater Maria Moura, não servia não.
Mundim do Vale.

A Vendedora de Laranjas – Por Carlos Eduardo Esmeraldo

As lembranças vez por outra entram em ebulição na minha cabeça. Agora relembro que nos primeiros meses de 1961, Mãe Zarena, a minha bisavó torta, bastante idosa, adoeceu. Ela era a segunda mulher do meu bisavô e irmã de Santana, sua primeira mulher, minha bisavó pelo lado paterno, que faleceu no inicio de 1900. A vigília em torno do leito da enferma era constante. Os seus descendentes diretos e indiretos se revezavam nas orações pela recuperação da sua saúde. Como era de se esperar, ela faleceu. Foi numa manhã de uma segunda feira. Aguardávamos seus dois filhos, que residiam no Rio de Janeiro.

Enquanto o velório ocorria na sala de jantar no interior da casa, eu e o primo José Esmeraldo Gonçalves sentávamos no peitoril da janela da fachada e apreciávamos o movimento das pessoas que passavam pela Rua Dom Quintino. De repente chegou uma vendedora de laranjas, postou-se na soleira da porta e com voz aguda e cortante, gritou a todo pulmão: “Quer comprar laranjas? Olhe a laranja de primeira!” Como ninguém lá de dentro da casa respondia e nem nós, a vendedora insistia: “Quer comprar laranja?...” Repetiu essa cantilena várias vezes, até que uma das minhas primas, bastante autoritária, veio até a porta recriminar a vendedora: “Fale baixo! Respeite o sentimento das pessoas dessa casa. Aqui morreu a dona da casa. Não está vendo que é um velório?” Ao ouvir a reprimenda, a vendedora gritou mais forte ainda: “Morreu, morreu, quer comprar laranjas? Estou vendendo minhas laranjas. Quer comprar laranjas?” E saiu Rua Dom Quintino acima, resmungando e descompondo minha prima. Até hoje a frase dessa vendedora de laranja virou para mim um refrão que eu sempre repito, quando alguma coisa não dá certo ou não têm mais jeito: “Morreu, morreu quer comprar laranjas?”

Por Carlos Eduardo Esmeraldo


Um Conto de Natal


A mulher ia, estrada afora, no carro importado. Asfalto novinho e pretinho. Chovia. De repente o estouro e o desequilíbrio do carro que sai catando cascalho da beira do barranco. Bate aqui, bate ali, até que pára, depois de entrar por uma estrada esburacada de chão.
Depois do susto, a mulher chora. Nervosa e trêmula, desce e vai ver o estrago. Um amassado aqui, outro ali, nada muito grave, a não ser o pneu estourado. Olha para baixo, olha para cima da estradinha. Ninguém aparece. Noite chegando. Bem que tenta trocar o pneu, mesmo tomando chuva. Força pouca. Traquejo nenhum. Desiste. O desespero toma conta dela, que entra no carro e se entrega ao pranto chorando mágoas passadas. Aí, lá da baixada, aparece o vulto. Um homem a cavalo. Vem chegando e vê que algo estranho aconteceu com o carro. Pára. Desce calmamente do cavalo e bate no vidro. A mulher, remoendo medo e esperança encara o homem. Alto, moreno, barba por fazer, roupa suja, mãos cheias de vincos provocados pelos calos... Ela abre apenas uma fresta no vidro.
- Pode abrir moça! Carece ter medo não! A senhora qué ajuda?
A mulher abanou a cabeça dizendo que sim.
- Ondé que fica o pneu?
Ela fez sinal que era lá atrás, no porta-malas, e acionou o botão. O homem pega o pneu, acha chave e macaco e começa a fazer a troca, adivinhando tudo por não entender nada. Homem acostumado com cavalo e roça não entende muito dessas máquinas não. Foi por isso que o macaco, mal colocado, escapou, comprimindo a mão esquerda dele contra uma pedra fazendo-a sangrar. A mulher teve dó e, pesarosa, abriu a porta.
- Tome aqui um lenço de papel! Limpe o sangue da mão!
- Não, moça! Podexá!
E passou a mão na calça suja, limpando-a do sangue teimoso, dispensando o lenço de papel cor-de-rosa.
- Moça! Pode entrá no carro! Fica aqui não! Tá choveno e tá frio! Lá dentro tá quentinho! Vai pra lá!...
Foi aí que ela observou que o homem estava todo ensopado pela chuva e, consequentemente, tremia de frio. Ela entra no carro, abre um pouco mais o vidro e começa a procurar assunto.
- Como é seu nome?
- É Tarcisio, moça!
- O senhor mora onde?
- É bem perto onde moro, meia légua daqui!
A mulher ficou sem saber se era longe ou perto. Observou o tempo, cada vez mais escuro. Noite chegando e a fome também.
- Sou da capital, senhor Tarcisio. Resolvi viajar sozinha. Nunca tinha feito isso. Meu marido deixei lá... nós brigamos...
A mulher parou de falar. Tomada repetinamente pela emoção, os soluços tomaram-lhe as palavras. Vez por outra ela se acalmava, sua dor doía menos e continuava o seu desabafo. Parece que precisava contar para alguém a sua história. Foi assim que Tarcisio ficou sabendo que o marido tinha muito dinheiro e muitas posses. E Tarcísio viu que ele tinha também uma mulher muito bonita. E ficou sabendo que não eram felizes. O marido vivia mais fora de casa do que dentro, envolvido com negócios, com os amigos e com as amantes. E foram as amantes o principal motivo da briga, desta vez. Tarcísio só ouvia, até que terminou de trocar o pneu. A mulher convidou-o para entrar no carro. Queria conversar mais.
- Não, moça, posso não! Tô sujo e intranguido de frio. Tenho que ir embora. A noite já chegô e minha mulher me espera!...
- Sua mulher, senhor Tarcísio, o senhor é casado?
- Sim, moça! E muito bem casado, com a graça de Deus! E óia só como é o mundo. Enquanto a senhora foge do seu marido eu vô pra junto da minha mulher... Tem duas semanas que a gente tá longe um do outro... Tô morrendo de saudades!... Eu tava trabalhando...
- O senhor faz o quê, senhor Tarcísio?
- Trabaio na roça, moça! Planto arroz, milho e feijão. No meio planto abóbora, quiabo e melancia... Na beirada planto batata doce, inhame e mandioca... Dá pra despesa!...
A mulher entendeu que Tarcísio tinha pressa. Queria ir ver sua amada. Era noite de Natal.
- Por que o senhor não deixa seu cavalo aí e vem comigo? Levo-o onde o senhor quiser!
- Não, moça! Depois do Natal vorto pra roça. E é nesse cavalinho que eu vou. Se ele ficá aqui, arrisco perdê o bichim...
- Senhor Tarcísio, quero pagar pelo que o senhor me fez. Quanto lhe devo?
- Quanto deve? Nada não, moça! Não fiz isso por dinheiro!
- Mas, senhor Tarcísio, empatei mais de uma hora da sua vida! Se não fosse o senhor, eu estaria aqui, correndo risco de vida... Além do mais, o senhor até machucou a mão! Pode dizer o preço que eu pago!
- Não, moça! A senhora não tem que pagá nada! A gente quando faz o bem, não deve pedir nada em troca. Só deve querer que o bem continue sendo feito, sem parar! É assim que penso, moça!
A mulher tirou cinco notas de cem reais e ia entregá-las ao Tarcísio. Ele já tinha montado no cavalo.
- Óia, moça! Faz o seguinte: se eu lhe fiz bem e a senhora gostô, passe o bem para frente! Faça outra pessoa feliz!
E tocou o cavalo, sumindo noite adentro. Os olhos da mulher voltaram a ficar cheios de lágrimas. Não mais de tristeza. De emoção. Ela descobriu, ali naquele canto de mundo, vindo de um matuto sem estudos, de quem tivera medo no início, a maior lição de vida. Passar o bem para frente...
- Ah, se todo mundo fizesse assim!...
E ligou o carro. Entrou no asfalto, disposta a achar um lugar onde comer alguma coisa. Rodou pouco e encontrou uma lanchonete de beira de estrada. Entrou e foi para uma mesa, com um monte de olhos de homens presos nela. Mulher tão distinta e tão bonita num lugar desses!... Uma garçonete veio atendê-la. Ela pensou o que haverá de menos sujo por aqui? Um refrigerante, talvez. E para comer? Uma fruta por certo...
- Quero um guaraná! Que frutas vocês têm?
- Fruta? É ...
- Sim, fruta! Já é tarde para comer outra coisa. Prefiro fruta!
- Olha, moça! Aqui não tem fruta. Se a senhora esperar um pouquinho, tenho umas bananas. Moro bem ali, no fundo da lanchonete...
- Isto. Isto mesmo que eu quero! Você busca para mim? Bananas com guaraná!...
A garçonete esboçou um sorriso simpático e foi atrás do pedido. Trouxe o guaraná e saiu para buscar as bananas. Aí foi que a mulher viu que a moça tinha certa dificuldade para andar. Andava devagar. Observou bem e descobriu o motivo. Gravidez. A garçonete deveria estar lá pelo oitavo mês de gravidez. Usava um vestido simples, coberto por um avental que disfarçava o tamanho da barriga. No rosto, um sorriso meigo e cativante era gentilmente distribuído a todos que lhe dirigiam a palavra.
A mulher ficou comovida observando a garçonete, cansada e grávida, naquela noite de Natal, atendendo com um sorriso a quantos lhe procuravam. Pensou que dificuldade teria na vida essa pobre moça para ter que se submeter, já no final da gravidez, a um trabalho desses. Perdeu até a fome.
Quando a garçonete voltou, encontrou na mesa, debaixo do copo, ainda com um resto de guaraná, cinco notas de cem reais. E um bilhete, num lenço de papel cor-de-rosa: Obrigada pelo atendimento. Fique com esse dinheiro. É uma ajuda para o seu bebê que está chegando. Seja feliz e faça outras pessoas felizes. Passe a felicidade para a frente!
A platéia que, atenta, observava o que acontecia naquela mesa, saiu do suspense quando a moça abriu-se num sorriso largo. E, aos poucos, cada um foi procurando o seu canto, sempre recebendo da futura mãe uma boa noite e um Feliz Natal.
A garçonete faz inúmeros planos do que fazer com aquele dinheiro chegado em tão boa hora, quando mais necessitava, estando o filho por nascer. Enquanto isso começa a cuidar dos tantos copos, pratos e talheres que ainda tem para recolher, lavar e enxugar... Mas, para completar seu presente, o patrão também assumira o espírito natalino.
- Deixe o trabalho para amanhã. Vá dormir. Feliz Natal!
O quarto da moça era nos fundos da lanchonete. Ela sai feliz, sorrindo, sentindo-se leve, embora com tanto peso na barriga. Abre a porta devagarzinho para não fazer barulho. Toma um banho e vai para a cama, pensando no dinheiro e no bilhete que a mulher deixara. Aquela mulher tivera uma inspiração divina para saber o quanto ela e o marido precisavam daquele dinheiro. Com os raios de luz que entra pela janela, olha embevecida para o rosto do marido. Moreno, barba por fazer. A mão esquerda, fora do cobertor com um ferimento recente.
A garçonete beija-o docemente e diz, num sussurro:
- Tudo vai ficar bem. Obrigada por me fazer feliz, meu amor! Eu te amo, Tarcísio!
Autor: Rubem Braga
Postado por: Glória Pinheiro