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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 1 de abril de 2009

Sou da terra do arroz - Raimundinho Piau.

O autor deste resgate memorável é neto de uma das maiores inteligências de Várzea-Alegre, em todos os tempos, Joaquim Piau. Raimundo Bezerra de Morais, o Raimundinho Piau está a merecer o nosso respeito e admiração pela contribuição que nos oferece de voltar ao passado e reviver as saudades e lembranças de nossas vidas. Parabéns meu caro primo Raimundinho Piau, que Deus lhe dê muita vida, com saúde e paz para nos proporcionar deleites como este:

Eu sou Várzea-Alegre antiga
Sou também a atual
Sou o terço da Formiga
Sou lapinha de natal
Sou mestre António tocando
Sou dona Eliza educando
Sou festa de Aparecida
Sou devoto que festeja
Sou novena na igreja
Sou nossa bandeira erguida

Sou o pirão de traíra
Da lagoa do Serrote
Sou o beco de Gobira
Sou Eufrazio do Garrote
Sou Varjota e Riachinho
Sou Malota de Britinho
Sou cartório de Dudal
Sou um menino pidão
Sou festa no calçadão
Sou jogo no Juremal

Sou eleitor enganado
No tempo da eleição
Eu sou o serpenteado
do Riacho do Feijão
Sou matança sexta-feira
Sou banho na Cachoeira
Sou a capela de Bil
Sou o telão de Salim
Sou os contrastes sem fim
Sou a torre que caiu

Sou agricultor cavando
A terra para plantar
Sou conterrâneo chegando
Com uma maquina de filmar
Sou madeira do Rozario
Sou fumo de Belizario
Sou chuva de Fevereiro
Sou fiel na procissão
Sou primeira comunhão
Sou festa do Padroeiro

Eu sou o jardim florido
Da casa de Graziela
Sou a legume perdido
Numa seca que flagela
Sou o alto do tenente
Sou rua de São Vicente
Sou bodega de Osmundo
Sou produto desse chão
Sou a sétima geração
Depois de papai Raimundo

Eu sou o povo dizendo:
Várzea-Alegre é natureza!
Sou o Machado descendo
Com agua na correnteza
Sou praça do motorista
Sou areia da Boa Vista
Sou queijo e Baião de dois
Sou Salva do meio dia
Laranja da vacaria
Sou da terra do arroz.
Mundim do Vale

7 comentários:

  1. Este resgate fala das nossas origens, Raimundinho foi fundo. Buscou personagens, localidades, costumes, cultura e por fim nossa memoria. Parabens Raimundo, vou juntar a outras que tenho de Manuel Antonio de Sousa do sitio Varzinha que fala da venda do patrimonio de São Raimundo e outra do seu chará Raimundo Alves de Morais, Candeiro. Obrigado amigo.

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  2. Feliz daquele que sabe transformar em rimas seus pensamentos ......... Raimundinho é sem dúvida um desses privilegiado... O poeta consegue ser direto...É de emocionar tanta lembrança em uma única poesia.!!!!!!!..Eu já conhecia esta veia poética do mesmo, tenho várias poesias dele comigo, que relatam grandes momentos varzealegresenses. !Parabens Raimundinho, Continue embelezando o Blog com suas belas poesias.

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  3. Deus Traçou

    Foi o meu Deus quem traçou
    todo e qualquer caminho
    quem anda certo por ele
    sempre chega ao seu destino
    com Deus eu também ando
    desde os dias de menino

    Andei por todo Brasil
    até país do exterior
    e se na Ilha do Marajó
    nesses dias agora estou
    só pode ter sido Deus
    Quem aqui me colocou

    Nasci lá na Aba da Serra
    onde corria um Riacho
    e era tanta correnteza
    que precisava ser macho
    o cabra que se dispunha
    a enfentar o Machado

    ao enfrentar o Machado
    eu só tinha oito anos
    e a água me carregar
    estava fora dos planos
    assim aprendi a nadar
    sem ter outros desenganos

    sem ter outros desenganos
    para o mundo me mandei
    nunca me senti só
    as vezes até fui Rei
    pelo jeito como me viam
    nas terras em que andei

    mas nem um dia esqueci
    do meu lindo pé de serra
    lembrava o cheiro do mato
    e da chuva molhando a terra
    mas tenho grande desgosto
    do machado e motosserra

    o machado e a motosserra
    derrubando a linda mata
    e o riacho estorricando
    por que gente tão ingrata
    destrói o que Deus criou
    sem nos ter cobrado nada?

    Sem nos ter cobrado nada
    Deus a vida sempre nos deu
    E tudo que possuímos
    Seja o meu ou seja o teu
    Foi presente que Deus
    Lá do Céu nos remeteu

    Mas do Riacho do Machado
    E do meu lindo pé de serra
    O que restou foi saudade
    E revolta por quem erra
    Destruindo o que foi nosso
    Com machado e motosserra

    E assim a Várzea Alegre
    Terrinha do contraste
    Perdeu o que era belo
    E paraíso em toda parte
    Que o Ceará nunca mais teve
    Tamanho foi o desastre.

    Soure (PA), 2007

    Caro Moraes

    Vendo os versos do Raimundinho falando do Machado resolvi enviar os meus.

    Abraço,
    Tarciso.

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  4. Amigo Morais, quando iniciei minhas pesquisas me emprestaram o Livro Várzea Alegre, Sete Gerações desde Papai Raimundo de onde anotei, num final de semana, muitas informações importantes para a minha pesquisa. Depois tive a satisfação de ganhar de presente a dita obra das mãos da minha colega de faculdade, Thays Caldas, uma jovem muito bonita, simpática e gentil, que me desculpe as demais jovens suas conterrâneas, mas não acredito ter outra igual na tão decantada "Terra do Arroz".

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  5. Enio
    Voce tem razão, emociona ver tantas lembranças de uma só vez.
    Parabens pelo casamento.

    Um abraço.

    A. Morais

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  6. Amigo Tarcisio.

    O Raimundinho é do lado da Aba da Serra. Acho que voces dois herdaram do Manuel e tino poetico, haja visto a slogan de campanha.

    Um abraço rapaz e essa sua obra junta com a do raimundinho enriquessem o nosso Blog.

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  7. Antonio, Antonio.

    Varzea-Alegre é terra de gente hospitaleira, feliz , alegre e boa.
    Obrigado pela visita.

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