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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 18 de junho de 2009

E tu acha pouco Zé.

Preconceito de cor é um mal que atinge o mundo todo. Mesmo com as campanha educativas ainda não foi possível a erradicação total. Imaginem vocês numa cidade como V. Alegre no ano de 1953. Pois foi justamente assim: Estava acontecendo uma queima de caieira na Varjota, onde estavam: Pedão de Clara, Vicente Arame, Zé Júlio e João Augusto, estavam bebendo e contando piadas, quando de repente apareceu Zé de Chicão puxando fogo. Pedão olhou para Zé com uma cara antipática e falou: - Você pode arribar daqui! Qui quem gosta de nêgo é sabão da terra. Zé de Chicão do alto da sua embriaguês respondeu:- Eu num saio não! A caieira num é sua, é do véi Zé Augusto. Se você num pegar o beco dentro de dois minutos eu asso você na boca dessa caieira. Vicente Arame sabendo que Pedão era violento e estava de fogo, aconselhou Zé para sair, porque podia haver uma confusão maior. De nada adiantou os conselhos, Zé ficou perturbando muita mais do que criança com apito na boca. Pedão deu de garra de um tição de fogo aceso e acunhou no lombo de Zé e ainda saiu sapecando o coitado até o Roçado de Dentro. Quando chegaram na frente da casa de Antônio do Sapo os cachorros latiram e Pedão resolveu recuar, com medo dos cachorros e em respeito ao dono da casa. Com o barulho dos cachorros, Antônio do Sapo saiu na calçada na companhia dos seus filhos Ciquinho e Raimundinho, para verem o que estava acontecendo. Quando botaram os pés na calçada depararam com os dois cachorros abocanhados nas pernas de Zé, assim como que querendo repartir uma pra cada. Tiraram os cachorros e levaram Zé para a sala da casa sem saberem do acontecimento anterior. Vendo o estado de Zé, Antônio falou para os filhos: Amanhã eu não quero mais esses cachorros aqui. Cachorro que ataca gente não me serve. Entre um gemido e outro Zé falou: Deixe os cachorro seu Otõe. Num tem cachorro no mundo qui seja mais cachorro do qui Pedão de Qilara. Enquanto Raimundinho lavava o lombo de Zé com água de sal ele contava o que tinha acontecido e ainda rogava praga dizendo assim: Mais eu tem fé e meu São Binidito qui um pé de aroeira ainda ai de cair pru riba de Pedão de Quilara. Raimundinho perguntou:- Zé e porque foi que Pedão fez essa bagaceira com você? Por nada. Foi só rindade mermo. Ele só fez isso cum eu, pruque eu sou preto e pobe. E tu acha pouco Zé?
Mundim do Vale

3 comentários:

  1. Mundim.

    Zé de Chicão vive hoje em Crato, precisamente na Batateira. É tocador de sanfona e tem um conjunto desses que toca nas praças nos dias de feira. Tem uma coisa caro primo, o Chapeu de couro do Zé tem cinco estrelas a mais do que o de Lampião. Sempre que passo nos locais onde ele fica tocando coloco um vintem na bacia e ele suspende a musica e pergunta por Varzea-Alegre. Como os demais Zé ama nossa terrinha.

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  2. Rapaz este blog tá demais.Estas histórias são sensacionais.!!!!!!!!Parabens

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  3. Enio

    O Ze de Chicão usa uma indumentaria tão estravagante que faz qualquer conterraneo sair de perto. Quando vê um conhecido só falta rasgar a sofona velha de tanto esticar.

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