Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 30 de julho de 2009

A teima de padre Vieira com o poeta Zé Limeira - IV


Limeira:
Aquela viagem foi
Um perigo pra criança,
Se fosse um carro de boi
Tinha maior segurança.
Se o jegue desembestasse,
Corresse e não mais parasse
Eu tava sem salvador.
E o infeliz do jumento,
Caia no esquecimento
Do seu irmão escritor.

Padre Vieira:
Pois é. Eu sou escritor,
Sou vigário e jornalista,
Não quis ser agricultor,
Mas meu pai é ruralista.
Conheço esse sertão,
Como a palma dessa mão
Foi aqui que me criei.
Quando me aperta a saudade,
Eu fujo aqui da cidade
E vou para o Cristo Rei.

Limeira:
Você diz que é escritor
Que seu livro tem respaldo,
Pois eu sou um cantador
Como foi Cego Aderaldo.
Posso até ser mentiroso,
Mas se Deus for generoso
Guarda meu lugar no céu.
Eu nunca fiz edição,
Mas a nossa discussão
Vou editar num cordel.
.
Limeira sentiu-se fraco
Tratou de pedir perdão,
Pôs a viola no saco
E fugiu da discussão.
Passou na Carrapateira,
Dizendo: - O Padre Vieira
Acabou a cantoria.
Era eu danado rimando,
E o Padre apenas pregando
Sobre Jesus e Maria.

Enfrentei Sílvio Granjeiro,
Chico Alves e Aderaldo,
Surrei Pinto do Monteiro,
José Gonçalves e Geraldo.
No estado da Paraíba,
Eu açoitei João Furiba
E Inácio da Catingueira.
Mas o Padre sem viola,
Preparou uma mão de sola
Que acabou com Zé Limeira.

Mundim do Vale

11 comentários:

  1. Amigo e estimado Mundim.

    Como voce me sugeriu fiz chegar o seu belo cordel ao Dr. Flavio Vieira, sobrinho do homenageado. Fiz chegar da melhor forma: pessoalmente. Aceite meus parabens, conheci o Padre Vieira e tenho certeza que se vivo fosse, estaria feliz e ordulhoso com esse seu belo trabalho.

    A. Morais

    ResponderExcluir
  2. Amigo Morais, gostaria de saber quem foi o policial de Várzea Alegre conhecido por Chaga de Mané Vicente, pois, segundo informçaõ do meu tio Duda, esse era familia do meu bisavô José Bernardo Vieira. Apesar de já ter a confirmação de sua origem em Várzea Alegre/Lavras não consegui ainda fazer sua ligação com alguma família dessa região.

    ResponderExcluir
  3. Antonio.

    Eu não tenho essa informação. Vou me informar. Quem sabe o nosso amigo Mundim do Vale que conhece tudo de nossa terra não sabe! Aguardemos.
    Um abraço.

    ResponderExcluir
  4. Caro primo Morais.
    Você pode jurar que se o Padre escritor estivesse vivo ía gostar.
    Todas as vezes que eu me encontrava
    com o padre ele falava:
    - Raimundinho conte uma piada de jegue.
    Quanto a pergunta do Antônio Correia, eu não tenho a resposta agora, mas posso consultar meu pai
    e quando tiver a resposta eu mando para você.
    Abraço.
    Mundim.

    ResponderExcluir
  5. Amigo Morais, agradeço a você e ao Mundim a quem não conheço pessoalmente, mas tenho acompanahdo seus trabalhos aquí.

    ResponderExcluir
  6. Caro Morais,
    O Mundim é muito bom. Ele tem aquele registro matuto do cordel que não é fácil cde achar. Os versos saem com uma naturalidade danada. A maior parte dos cordelistas fica perdida entre o matutês e o urbanês e sai uma coisa com sotaque. O Mundim tem fluidez, o cordel tá muito bonito. Dê os parabéns a ele , acredito que o Padre, irreverente como era, deve ter rido muito do encontro inusitado com Zé Limeira. Parabéns Mundim !

    ResponderExcluir
  7. Dr. Flavio.

    O Mundim tem pedigre é filho de Pedro Alves de Morais, Pedro Piau, um dos ilustres filho da terrinha. Mundim foi muito inspirado e feliz ao falar de Padre Vieira. Agradeço pela visita ao Blog e pelo comentario.
    A. Morais.

    ResponderExcluir
  8. Obrigado Dr. Flávio, para falar do sertão e do seu tío escritor não faltam subsídios.
    Esse cordel foi desenvolvido para um encontro das cidades de V. Alegre, Cedro e Lavras ( Cevala )
    Foram editados 1.400 cordéis, que foram destribuidos com os admiradores do padre sem nenhuma despeza.
    Grande Abraço.
    Mundim do vale.

    ResponderExcluir
  9. Antônio. Consultando meu pai Pedro
    Piau, sobre o policial Chagas, ele
    me falou que conheceu e que era um homem muito alto. me disse ainda que a mãe dele se chamava Maria Gonçalves e que moravam na rua Major Joaquim Alves, sobre o resto do parentesco, ele disse que a sua memória andava lhe traindo e ele não lembrava mais.
    Abraço. Mundim.

    ResponderExcluir
  10. Amigo Morais, quero agradecer ao Mundim pela gentileza em buscar alguma informação sobre o policial Chagas. Dizer também que o meu bisavô, José Bernardo Vieira, é tido como o fundador de Ponta da Serra, pois, em 1895, ele edificou uma pequena casa de oração ao seu santo de devoção, São José, e daí teve início a povoação de Ponta da Serra. Ele foi vaqueiro e, depois, rendeiro do Major Eufrásio Alves de Brito, que lhe doou uma tarefa de terra em quadro, onde construiu sua residência e a casinha de oração. Ele era filho de Pedro Bernardo Vieira e Mariana Bernardo Vieira. Segundo documento eclesiástico de seu casamento realizado em Crato em abril de 1880, ele era natural de Lavras da Mangabeira. O que sempre soubemos é que ele era de Várzea Alegre. Como ele deve ter nascido mais ou menos na década de 1850, certamente, Várzea Alegre ainda pertencia a Lavras.
    Como não temos informação de seus familiares, além do nome do pai e da mãe, soubemos agora que o policial Chagas era seu parente.
    Quero dizer, ainda, ao Mundim, que tive o prazer de receber das mãos da amiga e ex-colega da Urca, Thays Caldas, que deve ser sua parente, uma edição do Livro Várzea Alegre: sete gerações depois de Papai Raimundo, de autoria do seu pai e do Acelino.
    Quero confessar que sou o autor do Hino de Ponta da Serra e me inspirei no de Várzea Alegre, quando diz :” Patrimônio de Papai Raimundo”(o nosso ficou assim: Patrimônio de dois José: um santo, outro vaqueiro).
    Na verdade, Várzea Alegre e Ponta da Serra têm fortes ligações familiares, já retrata aqui no Blog pelo amigo Morais. Um forte abraço

    ResponderExcluir
  11. Prezado Antonio.

    Varzea-Alegre passou a municipio em l0 de Outubro de 1870. Antes desta data pertencia a Lavras de Mangabeira.

    ResponderExcluir