Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 21 de setembro de 2023

182 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.


Em Várzea-Alegre, muitos conheceram Raimundo Anjos. O conheci trabalhando de coveiro no cemitério da saudade. Humilde, simples trabalhador e honrado.

Um dia ele fez uma viagem pras bandas do São Mateus, hoje Jucás. Na Fazenda Canastras, de propriedade do Cel. Mario Leal, antes e depois da casa da fazenda havia duas cancelas. A recomendação dada aos que por ali transitavam era que ao passar numa delas deveria soltar a cancela de modo que esta batesse para advertir os da casa da presença de pessoas.

Raimundo Anjos não sabia da tal recomendação e quando passou na primeira cancela não bateu. Quando chegou em frente à casa da fazenda, deu bom dia e o Cel. Mario procurou saber quem ele era, de onde vinha e para onde ia. Respondeu que era Raimundo Anjos, vinha de Várzea-Alegre e que ia para Cariús visitar uns parentes. Então o Cel. Mario lhe disse: Nós aqui costumamos bater as cancelas quando passamos para avisar que vem gente. O senhor entendeu? Entendi respondeu Raimundo seguindo viagem.

Na volta Raimundo passou pelo diabo da cancela e se esqueceu de bater. Quando menos esperou estava de frente com o Coronel. Como foi a viagem? Já está de volta? Porque não bateu a cancela? Esqueceu? Meninos botem ele pra dormir na camarinha e liberem apenas amanha para ele aprender a cumprir ordens.

Uns caboclos mais abusados que os seguranças do Bolsonaro, abufelaram Raimundo e jogaram num quarto escuro, fedorento e por cima com um formigueiro daquela miudinha mordedeira. Raimundo amanheceu o dia todo encalombado.

Sendo liberado, bateu a cancela que quase quebra e, passar pelas Canastras depois, nunca mais. Nem morto.



5 comentários:

  1. Esses causos são contados como falclore. O Cel Mario era austero , mas não chegava a tanto não. Era pura hospitalidade. Era generoso.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Conheci Cecém Leal, no Caipu, gente boníssima e de grande coração.

      Excluir
  2. MORAIS
    PARABÉNS O BLOG DO SANHAROL STÁ CADA DIA MELHOR. AGORA COM ESSA NOVIDADE DE SE VISITAR O BLOG OUVINDO A RÁDIO DO CRATO FICOU ESPLENDIDO.
    BERNARDA

    ResponderExcluir
  3. Prof. Bernarda.

    Radio Chapada do Araripe. Boa musica popular brasileira.
    Obrigado pela visita.

    ResponderExcluir
  4. Morais esse Raimundo Anjo que você fala, era irmão do poeta nosso conterrãneo josé Gonçalves.
    Abraço.
    Mundim.

    ResponderExcluir