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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 23 de setembro de 2023

187 - Preciosidades antigas de Várzea-Alegre - Por Antônio Morais.




Durante a Sedição de Juazeiro, em 1914, o Cariri ficou assolado por hordas de jagunços, que se aproveitando do momento assaltavam, roubavam e extorquiam, principalmente se o alvo fosse cratense. Gabriel de Morais Rego reuniu toda família, inclusive à do seu genro Macário Vieira de Brito e fugindo daquela situação, homiziaram-se em Várzea-Alegre na casa do seu parente Pedro Alves Bezerra, Pedro André no sitio Sanharol, meu avô paterno.

Ao cair de uma tarde, estavam conversando no alpendre, quando um destes bandos itinerantes, aproximou-se e um dos membros que parecia ser o chefe, perguntou: O cidadão sabe onde posso encontrar Macário Vieira de Brito? E seu Pedro um pouco nervoso, por não denunciar: Não, nunca ouvi falar neste homem! Aí, no meio da quadrilha, alguém que conhecia o cratense, falou: Como não conhece? Você não está conversando ao lado dele! Receberam algum dinheiro e rumaram em direção de Lavras da Mangabeira.

Quando terminou a desordem e a anarquia e a coisa voltou a normalidade, Gabriel de Morais Rego e Macário Vieira de Brito retornaram ao Crato. Encontraram as propriedades, na Malhada, totalmente destruídas, queimadas e saqueadas. Depois de algum tempo Padre Cícero chamou Macário para uma conversa. Queria que o Macário fizesse um levantamento dos prejuízos para ser ressarcido. Macário respondeu: não há o que pagar, o que perdi junto com meus familiares, haveremos de recuperar com o nosso trabalho. Porém, tem uma coisa que o Senhor não conseguiria pagar: Dona Teresa, uma criada que ficou cuidando das nossas casas  foi morta e queimada pelos jagunços. Esse prejuízo o Senhor não teria como pagar.

A primeira neta de Macário Vieira de Brito que nasceu, depois deste episodio, foi batizada com o nome de Tereza, numa justa homenagem a falecida e ainda hoje nascem "Teresas" na família.

Gabriel de Morais Rego, foto foi o primeiro filho do segundo casamento de José Raimundo do Sanharol. Viveu no Crato. Casada em primeira nupcias com Joaquina Alves de Brito, filha do Major Eufrásio Alves de Brito. Desse casamento nasceu uma unica filha Eufrásia de Morais Brito. Gabriel casou mais duas vezes com filhas de Vitorino Vilar. Desses dois casamento nasceram vários filhos.

Faleceu em 1919 e foi sepultado no Cemitério de Nossa Senhora da Piedade em Crato.




5 comentários:

  1. Era assim, onde houvesse um adversario do movimento na região ia por lá uma turminha e a peia cantava.

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  2. Caro Morais,
    Seu artigo é um resgate de um episódio da nossa história regional.
    Impressiona o fato de o Padre Cícero procurar indenizar o Sr. Macário Vieira de Brito dos prejuízos sofridos por este, durante a “Revolução de 14”.
    Sabe-se hoje que toda a operação militar foi planejada e conduzida pelo caudilho Floro Bartolomeu, que exercia forte influência sobre o Padre Cícero.
    influência essa que ainda prejudica a imagem do Padre Cícero até os dias de hoje.

    Aliás, no livro “O Padre Cícero que eu conheci”, (3ª edição, 1982) a escritora Amália Xavier de Oliveira, à página 165, escreveu:

    “O Dr. Floro assumira o comando geral da Revolução e dissera francamente ao Padre Cícero, as seguintes palavras; “Assumo a responsabilidade e comando das forças revolucionárias. Você não pode tomar a dianteira de um movimento armado; lembre-se que puseram em nossas mãos a sorte da revolução e não me crie embaraços. Toda correspondência terá de ser redigida por mim, com direito de assinar o seu nome. Fique em casa rezando e mandando o povo rezar. É este o seu papel na revolução”.

    E o que houve de arbitrariedades ainda está longe de ser resgatado.
    Parabéns por sua postagem, a qual, como afirmei, é um resgate.

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    1. Quanta ironia e insensatez. O fato aqui revelado, tira um pouco do que acreditamos ter sido o padre considerado santo.

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  3. Gabriel de Morais Rego foi o primeiro filho do segundo casamento de José Raimundo do Sanharol. Viveu no Crato. Casada em primeira nupcias com Joaquina Alves de Brito, filha do Major Eufrásio Alves de Brito. Desse casamento nasceu uma unica filha Eufrásia de Morais Brito. Gabriel casou mais duas vezes com filhas de Vitorino Vilar. Desses dois casamento nasceram vários filhos Faleceu em 1919 e foi sepultado no Cemitério de Nossa Senhora da Piedade em Crato.

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  4. Um resgate importante de uma época em que a política era exercida com a força de jagunços. É importante também o registro da participação de lideranças como o Padre Cícero nos movimentos revolucionários e opressores.

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