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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Vieira tá só o indereço.

Olegário Vieira possuía uma propriedade no sítio Umari, onde morava com a mulher, os filhos, um genro e um irmão de nome Vieira, que além de rapaz velho, era ainda perturbado da cabeça e só falava em casar. Vizinho a propriedade tinha um terreno que pertencia a Pedro Paraibano, um preto que era mais valente do que abelha de boca torta e muito chegado a questões. Vez por outra tava brigando com Olegário. Depois de muitas teimas, Olegário resolveu ir embora para o Juazeiro do Norte deixando seu genro cuidando da propriedade e do seu irmão Vieira que no dia que estava mais ajuizado comia cabaça. Logo que chegou no Juazeiro Olegário mandou uma carta para o genro nos seguintes termos:
Juazeiro, 02 de fevereiro de 1970.
Meu prezado genro.
Abraços.
Aqui tamos todos com saúde, graças a meu Padim Ciço, já arrumei uma casa prumode morar aqui na rua Santa Luzia. Mande dizer cuma são qui tão as coisas aí e tenha muito coidado im Vieira pruque ele é qui nem um minino. Bote tudo quanto for galinha no chiqueiro qui é pra nós cumer quando eu for passar o São João aí. Não deixe de aguar aquela rocinha de arroz qui tem perto daquela barrage qui eu fiz tapando o riacho. E quando o arroz tiver maduro, venda minha vaca formosa qui é prumode pagar os trabaiador pra apanhar e bater. Tou mandando dento da carta um retrato de Padim Ciço qui é pra você butar na porta da frente. Abrace meus neto e diga a cumpade Zé Frimino qui tou mandando lembrança pra ele. Num isqueça de me respostar. Quando o genro recebeu a carta, mandou essa resposta:
Rajalegue 03 de março de 1.970.
Meu istimado sogro.
Saudades.
Aqui acunteceu uma coisa muito rim. Seu irmão Vieira inventou de ir na renovação da casa de Carneiro e se deu mal. Ele se inxiriu pru lado das moça e quando vinha vortando, um caba pegou ele e meteu a peia. Eu vi dizer qui foi Pedo Paraibano, mais eu num sei, eu só sei é qui Vieira tá só o indereço. As galinha carregaro tudo, eu vi só as pena delas detrás da casa de Pedo Paraibano, num sei se foi ele. O arroz eu num tou aguando pruque vei um condenado de noite e arrombou a barrage. Seu arroz morreu todo, agora aquele de Pedo Paraibado, qui fica abaxo do seu, tá todo seguro, é capaz de ter sido aquele condenado qui arrombou pru mode a água descer. Sua vaca formosa tombém sumiu num sei cuma, só sei qui alguém carregou ela, mais eu vi o couro dela ispichado na parede do oitão da casa de Pedo Paraibano, num sei se foi ele. Quando Olegário recebeu a resposta foi correndo para uma agência dos correios e mandou um telegrama para o genro dizendo assim:

“Chego aí dia 13 vg - Interro Pedo Paraibano dia 14 pt”.
Mundim do Vale.

5 comentários:

  1. Aí Morais, esse causo se deu no
    sítio Umari, bem próximo ao sítio
    São Nicolau, onde acontece o
    encontro de Fátima Bezerra e Vilani
    Brito, duas excelentes criaturas,
    um composto abençoado por São
    Raimundo Nonato.
    Abraço para todos do blog.
    Mundim do Vale.

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  2. Mundim.

    Essas queixas vem de muito longe. Antonio Alves Feitosa, casado com Ana filha de Jose Raimundo do Sanharol, residia no dito sitio e tinha uma plantação de arroz e fez uma barragem no Riacho do Machado que não permitia passagem da agua para os demais. O arroz já seguro os Ze Joaquim e os Seu Zezinho foram falar com a Totonha de Morais Rego, sogra de Toinha e dona da propriedade para cortar a barragem visto que o arroz de Toinho já estava seguro. Foram autorizados e assim fizeram. Quando Toinho soube que a sogra tinha autorizada se zangou, foi embora para o Roçado Dentro. O arroz secou, disbulhou e ele não foi colher. Antonio Alves Feitosa e Ana eram os pais do conhecido Dudau. A Fatima vai relambrar os velhos tempos.
    Um abraço.

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  3. Mundim e Morais.
    Gostei do causo. Muito bom de lê.
    Parabéns aos dois varzealegrenses que sabe contar bons "causos" para nos divertir.
    Um abraço e um bom dia.

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  4. Oh! Mundim! tu já tá sabendo? garanto como foi a Glorita quem te contou! rs rs rs. Eu a convidei para ir comigo; mas ela disse, que vá só no meu casamento. mais é isso aí mesmo.Estou chegando, e vou direto pro São Nicolau, me encontrar com minha amiga Vilany Brito.Mundim! vai ou não vai á Terrinha? espero vocês que estão fora lá ok? Abraço carinhoso e fraterno á todos os leitores.

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  5. Raimundinho, sou como você: preguiçosa para exercitar os músculos faciais chorando.
    Prefiro rir e é aqui no Sanharol que aproveito! (risos)

    Maria de Fátima:
    Você faça uma ótima viagem e abrace o meu Cariri por mim.
    Abraços da amiga Glorita! (risos).

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