Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 19 de março de 2013

O enterro do Quechado - Por Mundim do Vale.

A fonte desse causo foi Antônio Ulisses Costa, que já subiu para o andar superior. Pancho era um moreno que morava com Antônio Primo no sítio Baixio. Um moço muito trabalhador, só perdia uma hora de trabalho se fosse para acompanhar um enterro. Não perdia um, acompanhou até o enterro da gata de Fanfanca. Certo dia Pancho sacudia um arroz, quando avistou dois homens com uma rede num pau, vindo das bandas do sítio Quechado. Pancho entrou imediatamente, trocou de roupa sem nem tomar banho e acompanhou o funeral.

Chegou para um dos condutores e pediu o lugar para ajudar. O homem aliviado do peso tirou uma garrafa de cachaça do bornal e foi tomando uma bicada de vez em quando. Pancho sentindo o peso, a quentura e o pelo do arroz misturado com o suó, pensava: - Ou defunto pesado da gota! – Ou enterro mal acompanhado.

 E o silêncio dos três era total. Com três quilômetros de viajem o homem que bebia passou a cachaça para o outro e pegou o lugar dele. Chegaram em Várzea Alegre e não pararam no cemitério. Pancho estranhou mas pensou que fosse para casa de algum parente para ser velado.

Desceram na antiga rua do Juazeiro e quando chegaram na casa do mestre João Alves, o condutor da frente arreou o pau e Pancho fez a mesma coisa com muito cuidado.

Para romper o silêncio, Pancho falou: Ome eu acumpanhei esse interro derna o Baxí e inté agora num sei quem foi qui morreu. Ainda qui má pregunte, quem é o finado?

Um dos condutores respondeu: Né finado não Pancho! Isso é a máquina de custurar de seu Leandro que deu o prego e nóis truvemo pra rua prumode meste João Alve ajeitar.

2 comentários:

  1. Com a fonte de Antonio Wlisses Costa e contada por Mundim do Vale só podia ser muito boa. Parabens Mundim, este é sem duvida um dos melhores causos já apresentado pelo amigo. Conheço um parecido ocorrido no Iputy, estarei contando em breve.

    ResponderExcluir
  2. Esse Pancho aí era o segurança de Valúcio. certa vez ele tomou um
    veneno e Chico primo deu água morna
    para ele provocar. Um cachorro que passava no local lambeu o vômito e
    morreu, mas Pancho escapou.

    ResponderExcluir