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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A Revolta da Armada – por Armando Lopes Rafael



O que vou relatar abaixo está no livro "A Diplomacia do Marechal", resultado de longas pesquisas do ex-embaixador brasileiro em Washington, Sérgio Correia de Castro. Ele vasculhou, literalmente, arquivos dos Estados Unidos.
O livro traz à tona um acordo entre o governo republicano brasileiro e o governo norte-americano. Vamos aos fatos: em 6 de setembro de 1893, cansados de presenciar os desmandos do governo Floriano Peixoto um grupo de oficiais da Marinha brasileira se rebelou para derrubar o sanguinário ditador. Entre os insurgentes estava o lendário Almirante Saldanha da Gama, conhecido por suas convicções monarquistas. Floriano sentiu que, sozinho, não tinha como derrotar a Marinha brasileira. Apelou, então, para o governo de Estados Unidos da América, dizendo que a "restauração da Monarquia seria daquele momento em diante, o objetivo dos insurgentes".

Deslocou um homem de sua confiança, Salvador de Mendonça, a fim de obter ajuda junto ao Secretário de Estado Americano, Gresham, para sufocar o movimento nacionalista dos brasileiros. Mendonça foi subserviente, mas competente! Lembrou às autoridades dos EUA que o Governo Cleveland tinha contribuído para a restauração da monarquia no Hawai. Perguntava Mendonça: "Não seria demais duas restaurações para só uma administração democrata"? E sentenciou: se os Estados Unidos não ajudarem Floriano, o Brasil volta a ser uma monarquia, como no tempo de Dom Pedro II, quando éramos mais ligados à Inglaterra. Ou seja, os norte-americanos perderiam os privilégios que vinham desfrutando desde o golpe militar de 15 de novembro de 1889.

O governo Yankee não se fez de rogado. Mandou três possantes cruzadores ao Rio de Janeiro: o Charleston, o Newark, e o Detroit. Aos três se juntaram depois mais dois navios de guerra, sob o comando do Almirante Benham, para acabar com o bloqueio dos navios brasileiros ao porto do Rio de Janeiro. Chegando ao Rio de Janeiro, o Almirante americano alvejou com um tiro, do Detroit, a armada brasileira. E ameaçou por a pique os demais navios brasileiros.
Para evitar derramamento de sangue, ante a superioridade norte-americana, Saldanha da Gama capitulou. Entrou pelo interior brasileiro para preparar a resistência. Perseguido, foi morto no Rio Grande do Sul. Floriano Peixoto era o dono da situação: deu um banho de sangue, passando a fio de espada os cadetes da Escola Naval. Estava assegurada a manutenção da atual República brasileira. Graças a ajuda norte-americana!
E o alagoano, de quebra, ainda ganhou o título de Marechal de Ferro.
Todos os fatos são amplamente relatados no livro citado...
Texto e postagem: Armando Lopes Rafael

2 comentários:

  1. É isso aí Armando. Eu pensava que a maior divida de Alagoas com o Brasil fosse o Collor de Melo. Vem bem de antes, Deodoro, passando por Floriano e o proprio Arnon, pai do Collor, que desonrou o Senado assassinando um colega em plenario, o Renan que sina triste essa.

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  2. Morais:
    O povo simples de Alagoas é bom, trabalhador e ordeiro.
    Já as elites políticas daquele Estado são, reconhecidamente, as piores do Brasil.

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