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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Saudoso resgate - I - Mundim do Vale.


Certa noite eu sonhei
Com a minha boa cidade
No meu sonho regressei
Ao tempo da mocidade
Vi Varzea-Alegre tranqüila
Como se fosse uma vila
Sem pretensão de crescer
Este sonho tão bonito
Me fez reforçar o dito
Que recordar é viver.

O meu sonho resgatou
Uma saudosa lembrança
De uma época que passou
No meu tempo de criança
Foi quase realidade
Avistei minha cidade
Como foi antigamente
Quarenta anos depois
Ver a terra do arroz
Só pode ser um presente.

Eu vi a lagoa cheia
Onde hoje é só asfalto
Depois eu vi a cadeia
Por cima daquele alto
Este sonho do passado
Com a saudade de lado
O tempo não paralisa
Meu sonho continuou
E ainda me levou
Na escola de Dona Elisa

No sonho vi penitentes
Se cortar na disciplina
Vi na Rua São Vicente
Seu Souza na concertina
Eu vi até uma dança
Ali perto da matança
Animada por Bié
Ficou meio indefinido
Mas só achei parecido
Com dança de cabaré.

Vi um jogo de gamão
De Leó e Ze Teixeira
Eu vi Borgim e Souzão
Fazer negocio na feira
Só virou um pesadelo
Quando vi o desmantelo
Da lagoa loteada
Tomaram posse indevida
Deixaram bem dividida
E São Raimundo sem nada.

A luz era lamparina
Ou então de lampião
Não havia cocaína
A droga da perdição
Não tinha água encanada
Tinha que ser transportada
Da velha lavanderia
Não se falava em Rock
Ninguem morria de choque
Porque não tinha energia.

Mundim do Vale.

3 comentários:

  1. Mundim.

    Nos seus historicos resgates eu gosto de ilustrar com uma foto e desta feita estou postando uma da Barragem da Cachoeira Dantas uma antiga obra realizada na administração de Hamilton Correia na decada de 1950.
    Um abraço.
    A. Morais

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  2. Obrigado, Morais. A sua foto encaixou direitinho com o verso.
    Esse Bié que eu falo você conheceu,
    tocava oito baixos e animava as gafieiras do frejo velho.
    Abraço.
    Mundim.

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  3. Mundim.

    Dediquei um causo dos Suissos ao nobre amigo Jose Bezerra. Diga pra ele que fique a vontade. Estaremos as ordens para fazermos postagens.
    Um Abraço.
    A. Morais

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