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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 20 de março de 2013

Este cidadão compra a outra banda - Por Antonio Morais


Já contei algumas proezas do Antonio Budú. Por certo já sabemos que era um tanto quanto exagerado, tudo dele era muito. No ano de 1976 ele botou uma roça na Boagua e o ano foi chuvedorzinho e em Junho era gerimun na roça que não havia quem desse vencimento. Antonio ouviu dizer que em Juazeiro vendia tudo que fosse exposto à venda e alugou o caminhão do Miguel Marcelo encheu de gerimum e partiu para o Mercado do Pirajá.

Animado com a venda mandou o Miguel buscar outra carga. Por volta do meio dia Antonio estava com os bolsos arrotando dinheiro, pra lá de “tres mil real” dizia ele se pabulando. Quando restavam apenas os que apresentavam algum defeito, banda murcha ou amarelada pelo sol, Antonio chamou uma caboquinha que possuía uma venda proxima e fez uma proposta: Venda este resto de gerimum que te dou uma boa gratificação. Mas, seu Antonio eu não tenho costume com comercio de gerimum não desculpou-se o cabocla. Antonio insistiu fique aí que eu vou tomar uma cerveja naquele bar ali na frente, qualquer duvida você vai lá.

Antonio chegou ao bar pediu uma cerveja e por arte do diabo Zé de Chicão passava com sua sanfona acompanhado de um zabumbeiro e um trianguista e Antonio empreitou para tocar o resto da tarde. Começo a juntar gente e em pouco tempo estava fervendo de caboclas dançando soltas, animadas que só pinto em monturo. Um sujeito mal encarado se aproximou do resto dos gerimuns e pergunta para a encarregada da venda: você me vende uma banda desse gerimum? A cabocla pediu que aguardasse por que precisava consultar o proprietario.

Partiu para o bar e não percebeu que fora seguido pelo valentão mal encarado. Chegando lá lascou: seu Antonio tem um “féla da puta dum corno” querendo comprar uma banda de um gerimun, eu posso vender? Quando olhou pra trás o cabra estava fungando no pé do seu cangote – Então ela disse: Eu vou vender porque esse cidadão aqui compra a outra banda!

2 comentários:

  1. Eu acho que essa cidadã da venda era de Varzea-Alegre. Por duas razões. Primeiro porque o Antonio confiou e depois por conta da saida, do repente ao se ver perdida diante do fragrante do cabra.

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  2. Morais, este "causo" é dos bons!
    Conte daí que nós rimos daqui!rs rs
    Rimos bastante com a elegância e espiritualidade da encarregada dos gerimuns. Agindo assim a cidadã não vai passar por apuro algum.

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