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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 25 de julho de 2020

Historias de estudantes - Por Antônio Morais.



Foto do Expedito, o de camisa azul.

Em 1971, o meu pai alugou uma casa a Rua Cel Raimundo Lobo numero 62, Bairro São Miguel – Crato e nos mandou para o Crato. Viemos Eu, Pedro meu irmão, os primos José Raimundo de Menezes Neto, José Batista Rolim, José Bastos Bitu e Expedito Alves de Morais.

Dividíamos as despesas em partes iguais e assim iniciamos a difícil tarefa de fazer o segundo grau, o conhecido cientifico aquela época.
Na semana santa arribamos todos para Várzea-Alegre. Foi uma semana de alegria, revendo os parentes, fartura de alimentos, banhos nos riachos, em fim foi uma volta aos velhos tempos e costumes.

Nesta época o único meio de transporte existente entre as duas cidades era o ônibus de seu Totô, que fazia o percurso, que hoje se faz em uma hora, em seis horas ou mais. Alem de gente o ônibus transportava porco, galinha, bode, ovos etc.
O Expedito Morais era um verdadeiro anarquista. Durante a semana de tudo comeu além da conta: Cajarana, batata doce, milho assado, coalhada com jerimum, na hora da volta estava com uma bomba atômica adormecida na barriga.

Conseguiu uma cadeira no meio do ônibus e nela acomodou-se de propósito. Chovia e as portas do carro foram fechadas para não molhar os passageiros.
Expedito caprichou e soltou à primeira. Quando o carro parava para descer ou subir alguém a catinga passava para frente, quando o carro arrancava fazia o percurso contrário, a inhaca voltava. Quando chegamos em Farias Brito todos desceram do carro para tomar café com bolo de milho, e, em especial um pouco de ar puro.

Depois de todos acomodados, nos seus devidos espaços, a viagem foi reiniciada e uma senhora com uns 75 anos, mais ou menos, disse: Oh meu Deus, será que o cagão ficou?
O carro andou uns trezentos metros e Expedito mandou a segunda. Foi quando a senhora falou desesperada: Valha-me nossa Senhora da Conceição, o cagão continua!

7 comentários:

  1. O Onibus viajava uma vez por semana. Depois de uma semana santa voce pode imagionar a quantidade de pessoas que o utilizaram. Pra lá de 80 passoas. Carro velho, sem manutenção, o freio era um sepo, por milagres de Deus estamos vivos contando esta historia. kkkkk

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  2. Morais, nessa época, estudava também no Crato, era aluno do Colégio Estadual Wilson Gonçalves, fazendo o primeiro ano científico e morava na rua Cel António Luís, 1200, em frente a Faculdade. Andei muito na casa que vocês moravam, pois, todos que residiam nela eram meus amigos e, além do mais, Zé Galego era meu amigo de classe e, também, para matar a saudade que tinha de nossa terra.Além dos que você citou, morava na casa uma sua tia de nome Andrezinha e uma criança de nome António, se não estou enganado. Saudades e boas lembranças.

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  3. Tempos bons Cyrle, boas lembranças. Eu também me lembro de você em nosso meio. Éramos grandes amigos.

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  4. Eu passei a estudar no Crato em 1975, quando os meios de transporte ainda eram precários e a estrada Várzea Alegre - Farias Brito não era asfaltada. As viagens eram penosas, mesmo sem aparecer um "cagão" no ônibus.

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  5. Eu ainda peguei estrada penosa,esse trecho Várzea Alegre-Farias Brito e,sou bem mais novo do que vocês!Minha merenda ao chegar no Crato era na casa da tia de Cyrle Máximo e minha prima:Adalgisa,uma grande MULHER!

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  6. Esse período apesar das dificuldades havia mais sabor na amizade das pessoas

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