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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Especialistas dão dicas para que blogueiros evitem problemas com a justiça.


Por mais que muita gente pense que a internet é uma terra sem lei, ela não é. Desde o começo de 2009 já foram julgados mais de 17 mil processos envolvendo direito eletrônico, incluindo mensagens ou comentários ofensivos em blogs.

Quem lembra é o advogado especializado em direito eletrônico Renato Opice Blum. Ele cita dois casos atuais que foram julgados recentemente nos Estados Unidos: “o processo de Michelle Obama contra o Google por que o programa de buscas exibiu imagens da primeira-dama americana em ela que aparece como uma macaca e o processo de judeus também contra o mesmo serviço de buscas por entregar imagens e textos ofensivos a eles”.

Especialistas em direito digital consultados pelo R7 dizem que a atividade de blogueiro é um trabalho de risco. Para evitar que um post seu ou um comentário publicado em seu blog o deixe em apuros jurídicos, advogados e juristas especializados no mundo virtual dão dicas que podem evitar muita dor de cabeça como a que abate o estudante de jornalismo de Fortaleza Emílio Moreno da Silva Neto depois de ter permitido um comentário ofensivo no blog dele.

- Não fale (ou deixe os outros comentarem em seu blog) sobre os outros aquilo que não gostariam que falassem de você;
- Use ferramentas que sejam capazes de identificar e registrar seus usuários, as mensagens publicadas, além do nome, e-mail e IP do usuário, como o Google Analytics e o SiteMeter, ambos gratuitos;
- Identifique e guarde o IP (número que identifica cada usuário) dos internautas que fazem comentários em seu blog: esse número permite verificar qual é o provedor de acesso e chegar até o usuário;
- Procure dar toda a atenção possível à moderação de comentários pelo menos uma vez por dia; faça uma varredura cuidadosa e, se identificar algo ofensivo, retire o comentário o mais rápido possível do ar e comunique o usuário;
- Coloque um aviso (bem visível) em seu blog comunicando que não serão aceitos comentários ofensivos; deixe bem claras as regras e avise que o número IP está sendo guardado, já que muita gente dá e-mail falso;
- Caso surja algum problema por causa de algum post polêmico, procure um advogado o mais rápido possível.

FONTE: R7.COM

NO SERTÃO TEM DISSO NÃO - Por Mundim do Vale

Meu nome é Mundim do Vale
Do vale da união
Meu vale tem harmonia
Lá todo mundo é irmão.
Garoto mal educado,
Que mata índio queimado
NO SERTÃO TEM DISSO NÃO.

Lá não existe atropelo
De carro na contramão
Só existiu cangaceiro
No tempo de Lampião.
Mal caráter maconheiro,
Que mata moça em banheiro
NO SERTÃO TEM DISSO NÃO.

Lá não existe também
Traficante com mansão
Os anões do orçamento
Também, não se vê lá não.
Um magistrado lalau,
Tipo o juiz Nicolau
NO SERTÃO TEM DISSO NÃO.

Bezerra de Morais
Várzea Alegre - Ce

domingo, 29 de novembro de 2009

MOTE DO ALVARÁ - Por Mundim do Vale

Eu votei num cidadão
Que se elegeu deputado
Mas ele não tem mostrado
Ser contra a corrupção.
Tá metido em confusão
Esse meu representante
Pois virou comerciante
De um ramo que vem crescendo.
TEM DEPUTADO VENDENDO
ALVARÁ A TRAFICANTE.

Ele fez uma aliança
Com um grupo de cobertura
Vende alvará de soltura
E passa o troco em fiança.
A impunidade avança
O crime fica operante
E a força do meliante
É quem acaba vencendo.
TEM DEPUTADO VENDENDO
ALVARÁ A TRAFICANTE.

Quem compra sabe onde tem
Quem vende sabe arranjar
Mas depois se precisar
Tem onde pegar também.
Porque sempre tem alguém
Que lhe arranja atenuante
Na corrupção constante
Que o Brasil vem vivendo.
TEM DEPUTADO VENDENDO
ALVARÁ A TRAFICANTE.

O velho código penal
Faz tempo que caducou
E o corrupto aproveitou
Para soltar marginal.
Teve um fulano de tal
Que caiu na agravante
De uma escuta em flagrante
Ele mesmo oferecendo.
TEM DEPUTADO VENDENDO
ALVARÀ A TRAFICANTE.

Existe um grande mercado
Que o deputado comanda
Atende a toda demanda
Mas não fornece fiado.
Porque tem com um magistrado
Um compromisso marcante
De dividir o montante
Assim que for recebendo.
TEM DEPUTADO VENDENDO
ALVARÁ A TRAFICANTE.

Pelo que já tenho lido,
O poder judiciário
Até provar o contrário
Também tá comprometido.
Se tem juiz envolvido
O caso é mais relevante
E nosso Brasil gigante
Vai terminar encolhendo.
TEM DEPUTADO VENDENDO
ALVARÁ A TRAFICANTE.

Mundim do vale
Várzea Alegre - Ce

FALSIDADE IDEOLÓGICA - Por Mundim do Vale

Meu parente Britinho, era o melhor fabricante de malas de V. Alegre. Fora deste ofício, ele era ainda o melhor tirador de mel e catador de cocos catolé da cidade.
José Carvalho Pimpim, era político e comerciante do ramo de medicamentos o que fazia com fosse bastante conhecido na região. Conhecido de nome porque nos anos cinqüenta não tinha estradas boas, e esse motivo fazia com que o tráfego e a comunicação, entre as cidades vizinhas fosse difícil.
Certa vez Britinho arranjou um cavalo emprestado e foi para uma festa na cidade de Cariús, lá chegando começou a beber e disse se chamar Zé Carvalho. Por conta do nome famoso, arranjou namoradas, comeu e bebeu de graça e sempre era dispensados das cotas dos sambas. Convite para almoços e jantares não faltavam, em cada casa era um capão e uma rede limpa. Britim luxou mais do que gato criado por moça velha. De tanto conforto que teve,ele resolveu convidar duas garotas para passarem um fim de semana em Várzea Alegre. Pensava ele, que pelas dificuldades não seria possível a viajem das garotas.
Passaram três meses quando foi um dia de sexta feira, chegou na frente da casa do coronel Dirceu, dois cavalos com duas senhoritas vestidas com calça de homem e montadas de banda. As visitas bateram palmas e chamaram até que apareceu Mãezinha e falou:
- Diga!
- É aqui a casa de Zé Carvalho?
É aqui mermo.
- Pois diga a ele que é Socorro e Alacoque, as duas amigas de Cariús, que ele convidou para passar um fim de semana aqui.
- Mais José num tá im casa não.
- Então mande chamar ele.
- Apois disapei dos animal, qui eu vou mandar chamar ele lá na farmaça.As visitantes desceram sentaram na calçada e Mãezinha mandou Zé de Dudau Avisar a Zé Carvalho.
Quando Zé Carvalho chegou ficaram os três assustados.
Zé falou:
- Eu não me lembro senhoritas não
Alacoque confirmou:
- Eu também não lhe conheço não! Você não é Zé Cravalho não.
Nesse exato momento, sem de nada saber, Britinho ía passando de frente a igreja com duas malas na cabeça. Uma das garotas o reconheceu e gritou:
- Lá vai ele! Aquele é que é Zé Carvalho.
As duas saíram correndo atrás e gritando:
- Ei Zé Carvalho! Ei Zé Carvalho! É nós Socorro e Alacoque lá de Cariús.
Britinho desapareceu mais rápido do que suspiro em boca de menino. O jeito que teve foi Zé Carvalho hospedar as garotas. E o comércio de malas da cidade, passou noventa dias sem atender a demanda.

OS ANOS 70 EM QUE VIVI - Por: Glória Pinheiro

O impacto foi decisivo naquele ano de 1970.
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Rio de Janeiro, Bossa Nova, Garota de Ipanema, do Samba do Avião, berço do samba tradicional de Noel Rosa, Pixiguinha, Ataulfo Alves, Cartola, Mário Lago que até inventou uma Amélia que era Mulher de Verdade, do mineiro Ari Barroso que se transportou para lá para compor uma linda canção Aquarela do Brasil, dos inumeráveis boêmios da Lapa e de Vila Izabel... A tão decantada Cidade Maravilhosa das praias do Leme, Copacabana, Ipanema, Leblon... E ainda a sua incomensurável beleza natural com sua topografia imensamente diversificada, com direito a maior floresta urbana do mundo. Sim, o Rio de Janeiro é tudo isso e por isso qual garota que vivesse no Crato nos anos 60, não sonhasse conhecer o Rio de Janeiro?
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Mas São Paulo foi quem me cativou e me encantou desde que aqui cheguei durante o rigoroso inverno daquele ano da Copa do Mundo de 1970. São Paulo com suas belas e organizadas feiras livres chegando até o consumidor. Uma vez por semana acordava de madrugada para escutar o burburinho dos feirantes, o som poderia ser perturbador, mas, para mim, soava como se fosse uma melodia, algo parecido e prazeroso quando escutava o ronco do motor do engenho naquelas madrugadas de outrora. Lá era o prenúncio de um novo dia a começar para as brincadeiras. Agora o sentimento era outro, aquele barulho da feira, significava uma radical mudança de vida, outras perspectivas de uma vida nova com mais possibilidades de enxergar o mundo por outro ângulo e em outra dimensão. Esta sensação me acompanhou durante a fase de adaptação naquele primeiro ano que moramos na pequena e pacada Rua Áurea, nas imediações do Parque do Ibirapuera.
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Muito observadora, no trajeto para a escola, gostava de acompanhar as primeiras escavações da construção do metrô, bem como as implosões de alguns prédios antigos. Pouco me importava a já morosidade no trânsito da cidade devido àquela obra, afinal o metrô de São Paulo estava surgindo com várias décadas de desvantagens em relação ao Metrô de Buenos Aires, construído no início do Século XX. Quando passávamos na Avenida 23 de Maio, achava inacreditável que poucos anos atrás, um rio provavelmente Rio Anhangabaú, fora aterrado para dar passagens aos automóveis. Fui entendendo que a cidade não pára. Quando passávamos pela Avenida Paulista, tinha por hábito contar os casarões dos Barões do Café que ainda restavam. Cheguei a contar aproximadamente 14 casarões que iam desaparecendo pouco a pouco. Ia observando de um lado da avenida com a ampliação sugaram parte dos jardins de algumas residências, incluindo aí o casarão da família Matarazzo que infelizmente foi dos últimos a serem demolidos, pasmem, para transformar aquela relíquia num estacionamento. São Paulo poderia ter se transformado sem dilapidar parte da sua História, especialmente, a Avenida Paulista.
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No segundo ano mudamos para o Alto das Perdizes, (naqueles tempos para se viver bem procurasse o Alto da Lapa, o Alto de Pinheiros, etc.) local privilegiado, boa vista, parte mais alta do bairro, era o único edifício da Rua Monte Alegre, recém construído. Durante os próximos cinco anos presenciei a completa transformação do bairro. Casas e casarões dando lugar aos edifícios que brotavam aos poucos e depois a transformação foi se dando em progressão geométrica. Só não demoliram os suntosos prédios dos Colégios Batista, Santa Marcelina, São Domingos e a magestosa sede da PUC-SP com o seu, um pouco mais moderno, teatro TUCA e algumas raras residências.
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Faltou pouco ou quase nada para eu presenciar a violenta e trágica invasão da PUC pelo Coronel Erasmo Dias, um dos braços direitos da repressão em São Paulo. Lembro daquele corre-corre as bombas e os tiros disparandos, ferindo estudantes, uma delas ficou paraplégica pela invasão daquele homem destrambelhado, impiedoso e sem noção que se fazia crer, à serviço da Pátria?
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Sim, São Paulo do Grito do Ipiranga, do início da industrialização, da Semana de Arte Moderna de 22, dos museus, teatros, cinemas, parques e de tantas Histórias e infindáveis acontecimentos... Cidade querida tu és o palco central de muitos acontecimentos do nosso Brasil. Tens o meu respeito e amor por ti oh minha querida São Paulo!
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Por: Glória Pinheiro

sábado, 28 de novembro de 2009

Outra do Joaquim Fiusa - Por A. Morais

Numa festa de São Raimundo das mais animadas, Joaquim Fiusa começou tomando umas geladas nas barracas com uns amigos, e, quando menos esperou estava no frejo, no "Engem Veio". Durante a noite dezenas de pessoas foram até a sua casa enredar a esposa Isabel.

Quando Joaquim chegou em casa, já no quebrar da barra, Dona Isabel estava bastante chateada e perguntou: Joaquim não negue, eu quero saber se voce dormiu essa noite no cabaré? Joaquim com a cara de inocente, olhou para Isabel e disse: Ou Isabel, voce acha que tem quem durma com uma zoada daquelas?

Por A. Morais

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

EU NUM FAÇO IMPÉM - Por Mundim do Vale

Lendo o interessante causo da Moralidade em Matorzinho, do Dr. José Flávio Vieira, eu me lembrei deste.

Na semana santa em Várzea Alegre, é costume os afilhados pedirem a bênção aos padrinhos e receberem uma quantia em dinheiro, que chamam de jejum. Era começo de semana santa e o circo Estrala Brasil estava sendo montado atrás da igreja de São Raimundo. Na calçada da igreja, Dedé de Júlio conversava com Chico de João V8, quando Dedé disse:
- Eita! Na sumana qui vem o circo fica pronto. Tem paiaço acanaiado, macaco, Leão, trapezista e inté Lurdinha Suares cantando só de maiô, amostrando as cocha. Vai ser bom dimais da conta.
Chico atalhou:
De que qui adianta, se nóis num tem dinheiro pra entrar?
- É só nóis ir gritar paiaço.
- Gritar paiaço pai num dêxa não.
- Ontonse nóis entra pru dibaxo da lona.
- Dá certo tombém não, qui os impregado do circo açoita nóis.
- Arre égua nóis ramo perder a putaria.
- Ramo não. Eu tou pensando num prano, qui vai dá certo, amenhã quando Lino do Correi vier na rural, eu vou pedir pra ir mais ele inté o Juazeirim, qui é prumode eu pidir a bença a meu padim Zé Lunardo, aí quando ele me der uns trocado de jejum, eu pago a tua entrada tombém.
- E se quando chegar no bebedou a rural de Lino atolar?
- Aí eu tomo imprestado o burro de Zá Amanço e vou nele.
- E se quando chegar na Timbaúba o burro se acuar?
- Aí eu peço a bicicreta de Ferreira Custodo e vou nela.
- E se quando chegar no Jatobá a corrente se quebrar?
- Aí eu vou de apé
- E se der uma cambra nas tuas perna?
- Aí eu vou sarrastando na rebêra inté chegar na casa do meu padim Zé Lunardo.
- E seu teu padim Zé Lunardo num tiver dinheiro?
Isbarra aí Dedé! Tu já atolou a rural de Lino, Já acuou o burro de Zé Amanço, já quebrou a corrente da bicicreta de Ferreira Custodo, já alejou minhas perna com cambra e agora quer dizer qui meu padim é liso. Apois fique sabendo qui eu num vou mais pagar a sua entrada não.
- Apois você pegue a rural, o burro, a bicicreta, seu padim Zé Lunardo, Lurdinha Suares e o circo Estrela Brasil e soque tudim no caneco, qui eu num faço impem.
- Apois ontonse. Vá assistir ispetaco no Circo Bacana, lá de Matorzinho.


Mundim do Vale.

PROSOPAGNOSIA - Por: Vicente Almeida

imaginou como é difícil viver sem reconhecer o rosto de alguém, e às vezes não identificar nem mesmo o seu rosto?

SE perguntar a uma pessoa normal como ela reconhece um rosto, provavelmente ouvirá ela dizer: “olhando para ele, é claro!”

MAS, há pessoas a quem você poderá fazer a mesma pergunta e a resposta será bem mais elaborada. Ela poderá dizer: “Eu vejo como a pessoa se mexe, reparo na voz, no cabelo, no sapato, procuro características marcantes ou simplesmente deixo-a falar um pouco de si, e ai identifico-a”.

OCORRE casos de pessoas que passam um bom tempo para reconhecer alguém. Comigo por exemplo: Não consigo memorizar o rosto de todas as pessoas com quem tenho contato. Quando encontro alguém na rua, levo alguns segundos para identificar a pessoa e as vezes nem consigo.

MUITA gente tem dificuldades em reconhecer alguém quando chegam e lhe apresentam dizendo: “Lembra de fulano?” e o interrogado fica angustiado, pois, não consegue lembrar-se daquele rosto. Mesmo já tendo se encontrado com ela em diversas ocasiões.

EM outras ocasiões, elas têm por vezes, dificuldades em imaginar como é a cara dos seus conhecidos, inclusive os parentes mais próximos que passam a maior parte do tempo ao seu lado, ou seja: sua família, basta que eles se ausentem por uns dias.

UMA das queixas mais freqüentes é a existência de problemas em acompanhar programas de televisão ou filmes, porque não conseguem seguir a identidade dos personagens.

DESCULPE-ME Caro leitor, mas se você integra esse grupo de indivíduos com dificuldade em reconhecer um rosto; Bem vindo ao mundo misterioso da PROSOPAGNOSIA, uma das deficiências de memorização mais bizarras que existem.

muitas pessoas que não perceberam ser portador desta disfunção até a idade adulta. Em cada portador ela pode se apresentar de uma forma diferente. Poderemos memorizar muitos rostos e esquecer outros.

EMBORA essa deficiência exista em muitas pessoas, somente foi identificada em 1944, durante a 2ª Guerra Mundial, quando durante um bombardeio russo, um soldado nazista foi ferido e alguns estilhaços de bomba atingiram sua cabeça, causando lesões cerebrais. Ele foi tratado pelo neurologista alemão Dr. Joachim Bodamer, que fez uma cirurgia para remover os estilhaços.

NO dia da alta hospitalar, e para avaliar o estado neurológico do soldado, o neurologista aplicou um teste simples: Convidou a esposa dele para vestir um uniforme de enfermeira e se juntar às enfermeiras de verdade. Aí pergunta a ele: “Percebe algo de diferente nessas mulheres?” O soldado disse que não. Ele simplesmente não reconheceu mais a esposa!

DOUTOR Bodamer fez inúmeros testes no soldado, que revelaram a normalidade de todas as atividades cerebrais, exceto pelo fato de não conseguir mais identificar rostos, mesmo os mais familiares.

DIANTE daquela perturbante constatação, o neurologista deu a esse estranhíssimo sintoma, o nome de PROSOPAGNOSIA: uma associação das palavras gregas prosopo (“rosto”) e agnosia (“desconhecido”).

O Dr. Bodamer não sabia, e só recentemente a ciência descobriu, é que a PROSOPAGNOSIA na maioria das pessoas, é de origem genética. Não precisa necessariamente que tenham sofrido traumatismo craniano, acidentes vasculares ou doenças degenerativas.

PELO que descobri a PROSOPAGNOSIA afeta todos os tipos de pessoas. Muita gente pode ser portador desta deficiência e não saber. Mas isto não é motivo para se jogar pela janela. Ela só atrapalha nos casos mais fortes, quando realmente destrói a capacidade de identificar rostos, trazendo transtornos para algumas atividades que exijam o reconhecimento facial, aí sim, muda totalmente a vida das pessoas.

OS estudos aprofundados na Alemanha revelaram um número surpreendente de portadores da PROSOPAGNOSIA:

EM 2006, o geneticista alemão Dr. Thomas Grüter, num estudo com 689 voluntários, selecionados de forma aleatória, diagnosticou 17 casos, o que dá uma média 2,5% da amostra. Baseado nesse estudo, concluiu que existem aproximadamente 2 milhões de pessoas com essa deficiência na Alemanha. Estudos revelaram que no Brasil há uns 4,7 milhões de indivíduos portadores dessa anormalidade. Parece um exagero para você? O neurocientista Dr. Brad Duchaine, da Universidade de Londres, chegou a um resultado parecido: de 1600 indivíduos testados, cerca de 2% tinham alguma dificuldade em reconhecer rostos.

DOUTOR Grüter diz que tentar entender a PROSOPAGNOSIA, pode ajudar a medicina a resolver doenças mais sérias, como Alzheimer, pois uma das conseqüências desse mal é justamente a PROSOPAGNOSIA. A diferença é que no portador de Alzheimer, a perda de memória se inicia com a enfermidade e é progressiva.

percebi ser portador desta deficiência, em 1988, quando a minha esposa passou uns tempos em Fortaleza, cuidando de nossas filhas que lá passaram a estudar. Fiquei sozinho no Crato, e todo final de semana ia visitá-las.

UMA vez, passei 15 dias sem vê-las, e para matar a saudade resolvi ocupar minha mente com elas. Ai tive a grande surpresa, percebi que mentalmente não via o seu rosto. Tentei por todos os meios lembrar-me de algum traço facial e não consegui.

AFLITO fiquei, e em nosso primeiro encontro lhe contei o fato, e ela surpreendentemente zombou de mim e me disse que eu queria era preencher a sua ausência com outra. Foram momentos alucinantes, até dramáticos para nós. Ela não acreditava em mim e eu não sabia como explicar. Mas concluímos que isto era um contra tempo que deveria ser resolvido depois.

CONTUDO, a partir daí, passei a perceber que não lembrava o rosto de muita gente, inclusive meus clientes. As pessoas que procurei: médicos e amigos, sempre mandavam tomar remédio para a memória e eu não me conformava com essa orientação, pois lembrava tudo, menos os rostos de algumas pessoas.

O fato não me assustou, mas passei a me observar melhor. Aceitei a situação procurando identificar alguém usando certos artifícios, como por exemplo: quando o interlocutor percebia que eu não o reconhecia dizia: Almeida você não está lembrado de mim? – eu exclamava: Não! Mas vá falando que o identificarei. E fazia isto sem vergonha e sem medo. Estava sendo sincero comigo e com ele. E deixei de me preocupar. Afinal de contas esquecer um rosto não era o fim do mundo. Mesmo assim, até hoje, tenho que dar explicações a muita gente do meu convívio para evitar constrangimentos.

APÓS algum tempo, a minha esposa retornou para casa. Encaminhamos domésticas para cuidarem de nossas filhas até a formatura. Mas, descobri que nem mesmo em casa conseguia lembrar seu rosto, quando não está na minha presença, coisa que nunca havia me preocupado nem percebido. E vou continuar sem me preocupar, agora ela sabe que eu não estava inventando.

QUANDO nos queixamos de não reconhecer um amigo ele nos manda tomar remédio para a memória. Mas, especificamente para este caso, ainda não há remédio.

O estudo sobre a PROSOPAGNOSIA é atualmente, ainda muito limitado no Brasil, e por isso há muitas questões que necessitam ser investigadas. Tão poucos médicos conhecem a condição, ou mesmo o termo, que se você for a um consultório e disser que esquece o rosto das pessoas, o médico poderá dizer que isto é normal. Algumas pessoas são ruins com números, outras com nomes, e assim vai. – Mas não é bem assim!

A má notícia é que não existe tratamento nem esperança de cura para a PROSOPAGNOSIA num futuro próximo. Neste caso, ao invés de um tratamento a base de medicamentos, procede-se a um treinamento para que o paciente descubra novas formas de reconhecimento de um rosto. A boa notícia é que, tirando os casos mais extremos, as pessoas com esse estranho problema (que não é uma doença), levam vidas relativamente normais.

NO meu caso, não tenho quaisquer dificuldades na minha vida empresarial nem matrimonial. Alguns rostos, memorizo, outros não!

PASSO esses dados adiante por que pode ser útil a alguém. A parte técnica e científica é bem mais elaborada e foge a compreensão da maioria pela infinidade de ilustrações e termos técnicos. Deixo, pois com os profissionais da área.

PESQUISANDO o manancial de informações já escrito sobre memória, descobri as origens e o nome da minha deficiência. Assimilei e hoje, convivo muito bem com ela. Afinal de contas ela está em mim, e a mim compete administrá-la sem medo de ser feliz.

27/11/2009

terça-feira, 24 de novembro de 2009

ERA SÓ O QUE FALTAVA - Por Mundim do Vale

Todos os dias pela tardinha, um grupo formado por mim, Militão, Ubirajara, Chico Rolim, Paulo Piau, Haroldo e Cláudio, que moravam com o Padre Mota, curtia um joguinho de peteca de frente a igreja. Num dos dias surgiu saindo não sei de onde, um sujeito com aparência de embriaguês e foi ficando logo no meio do círculo.
Eu gritei aborrecido: - Sái do meio intruso! Mas pra que eu fui dizer isso? O sujeito ficou bravo, colocou a mão por baixo da camisa simulando que estava armado e começou a esculhambar:
- Intrujo o que, magote de fí sem pai! Vagabundos, cachorros. Vão ver o qui é qui a mãe de vocês tá fazendo.
Depois que disse o que quis sem ninguém reagir, com medo de que ele tivesse armado de fato. Foi saindo com o mesmo discurso.
Foi quando meu primo Paulo disse: - Mas era só o que faltava!
O elemento voltou mais agressivo e disse: - Fartava mais chegou eu prumode ajeitar caba senvergõe.
Ficamos todos passivos e ele aproveitou a situação, descompôs o quanto quis e saiu dizendo que ainda ia voltar. O que fez com que acabasse com a nossa atividade esportiva.
Duas horas da madrugada dia seguinte, eu voltava das farras com meu amigo Taveirinha, quando chegamos na praça dos motoristas Taveira falou: - Ispia. Raimundim! Olha quem é que tá iscornado ali no banco. – Quem é? – Ne o intrujo. – Então vá lá conversar com ele, mais tenha cuidado que pode está armado. – Deixe cumiguel!
Conhecendo o saudoso Taveira como eu conhecia, eu já sabia mais ou menos o que podia acontecer.
Taveira foi lá aberturou o sujeito, suspendeu do banco, colocou de pé e deu um tabefe no pé do ouvido direito, depois deu outro no esquerdo para equilibrar e foi dizendo:
- Caba safado, fí de ronca e fussa, preste atenção! QUANDO OS OME DE RESPONSABILIDADE tiver jogando peteca, você num venha mais acanaiá não! Tá escutando? O sujeito abriu só um olho ainda atordoado e falou gaguejando: - Sim sinhô, Seu coroné. Mais deixe eu ir simbora qui eu premêto nunca mais cruzar meus pé na rajalegue.
Taveira aprumou ele no rumo da rua do Juazeiro, deu um sabacu E gritou: Pega o beco fí de cancela batida!
O infeliz saiu intrupicando, cai aqui, cai acolá quando Taveirinha soltou uma bomba rasga lata, que nem eu sabia que ele tinha. Depois do estampido o intruso saiu que o rabo foi um reio.
Eu acho que ele cumpriu a promessa, porque nunca mais eu ouvi falar que alguém tivesse visto ele na terra do arroz. Eu vou até perguntar ao Dr. José Flávio Vieira, se ele não apareceu lá por Martozinho.
Mundim do Vale

Casamento à moda antiga - por Glória Pinheiro

Aconteceu no Século XIX, quando os casamentos eram acertados entre as famílias, que desta vez foi "arranjado" fora do ciclo familiar.
Um coronel do Crato forneceu um empregado seu para fazer um conserto em um determinado engenho localizado em um município da Região do Cariri. O proprietário do engenho era um solteirão de aproximadamente 40 anos de idade, herdeiro de muitas terras.
Quando o mestre chegou naquela propriedade, o solteirão foi logo indagando ao homem que iria consertar o motor do seu engenho, se o coronel fulano de tal não teria uma filha para se casar com ele. O homem respondeu, sim, tem dona "Belinha", uma moça muito bonita. O solteirão, então, mandou um recado: - Diga ao coronel que irei pedir a mão da sua filha para casamento. Dito e feito!
Não tardou muito disparou o solteirão a caminho do Crato. Chegando lá, já foi tratando de se entender com o coronel e a esposa sobre o casamento. Enquanto isso "Belinha" que vivia suspirando de amor por um primo, se escondeu atrás da porta escutando a conversa que traçava seu destino. Porém, na primeira oportunidade que teve falou para a mãe: - Mamãe, eu, uma mocinha tão novinha e bonitinha me casar com um velho tão feio? A mãe: - Queira minha filha que o homem tem muitas posses.
O casamento aconteceu e o casal foi viver longe do Crato. Mais adiante, ao ficar viúva, o primo, sua antiga paixão, foi lhe buscar naquela cidade e só então o segundo casamento foi realizado e dessa vez foi por amor.

O filho de Miguel Arraes - por Armando Lopes Rafael


Conheci Luiz Cláudio Arraes de Alencar – tratado carinhosamente por Lula – quando da temporada que ele passou em Crato, creio que entre 1966-1967, depois que o pai dele – Miguel Arraes de Alencar – foi deposto do cargo de Governador de Pernambuco pelo Golpe Militar de 1964. Luiz Cláudio devia andar aí pelos sete anos e sempre ia à redação do jornal “A Ação” (onde eu trabalhava), em companhia de dois irmãos, pouco mais velhos do que ele, e dos primos residentes em Crato.
A imagem que tenho dele é a daquele tempo: um garotinho vivaz, moreninho, comunicativo e simpático. Lula era o caçula do primeiro casamento do pai. E por ser o caçula era ainda mais carinhosamente cuidado por sua dedicada avó paterna, dona Benigna, e por suas tias Almina, Alda, Laís, Maria Alice e Anilda, todas irmãs do Dr. Miguel Arraes.

Tinha conhecimento, à distância, dos imensos transtornos sofridos pela família do político Miguel Arraes. Este foi deposto e preso durante quatorze meses. Até que conseguiu ser solto por algumas horas – por meio de um habeas-corpus – quando buscou e conseguiu asilo político na Embaixada da Argélia, no Rio de Janeiro. Enquanto isso seus nove filhos ficaram dispersos. Os quatro mais novos viveram uma temporada em Crato na casa da avó.
No final de 1968 deixei o Crato para trabalhar no Banco do Nordeste. Nunca mais tive notícias de Luiz Cláudio. Mas como meu pai era amigo de dona Benigna e das suas filhas, ele me transmitia, vez por outra, notícias esparsas da família Arraes de Alencar.
Já aposentado voltei a residir em Crato. Vez por outra visito dona Almina Arraes Pinheiro. Ela sempre me recebe com a fidalguia, uma das características daquele clã. Outro dia perguntei por Luiz Cláudio e, para minha surpresa, ela me informou que ele era médico e tinha escrito alguns livros. Emprestou-me dois: “Tempo - o de dentro e o de fora” e “Todo diálogo é possível”.

Confesso que ao lê-los tive uma agradável surpresa. Escritos com emoção, estes livros de Luiz Cláudio Arraes transmitem um amor e uma admiração raras de um filho por um pai. E isso externado através de lembranças, de frases e de momentos vivenciados entre ele e o pai. É desses escritos que faz bem a alma, pois mesmo povoados de sofrimentos, nos levam a acreditar que ainda existe gratidão, solidariedade e idealismo na humanidade...
Texto e postagem: Armando Lopes Rafael

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

SAPRUMA BAITOLA VÉI - Por Mundim do Vale


Em Várzea Alegre já aconteceu de tudo. Certa vez Cícero Inácio, já com a idade bastante avançada, cismou de aprender a andar de bicicleta. Adquiriu uma de segunda mão de Chagas Chibata e levava para casa empurrando pela antiga rua do Juazeiro, quando Belezário perguntou: Pruque num vai amuntado Ciço? - É pruque eu tou levando premêro prumode amansar ela mais Quinco meu. Adispois é qui eu vou passar isquipando cum ela por aqui.
Chegando em casa todo mundo foi contra a idéia,mas ninguém conseguiu fazer Cícero mudar de opinião. Ele levou o filho Quinco quase na marra, para a avenida Figueiredo Correia, onde a largura e uma rampa, eram boa para o aprendizado. Só que no segundo quarteirão, tinha uma sobra de pedras de pavimentação, amontoadas para ser removidas pela prefeitura para outra rua.
Quinco começou a ensinar o básico. Pegava na cela e dizia: - Aqui é o acento, nas luvas dizia: - Aqui é as bainha dos guidom, nos pedais falava: - Aqui é os estribo. Agora pai se monta e eu fico sigurando no acento até pai aprender.
Cícero muito afoito dizia: - É mais mió eu me apiar logo e você vai açoitando ela, qui é prumode eu já ir galopando. Quinco insistia: - Não pai ! premêro pricisa trenar cum ela parada. - Mais eu já amansei burro brabo, pruque num amanço uma bicicreta cheia de arame o burracha?
Quinco perdeu a paciência e falou: - Apois tá certo pai tá querendo então vá.
Cícero montou, Quinco segurou na cela, deu um empurrão de ladeira abaixo e gritou: Sapruma baitola véi teimoso! Olha pra frente babiquara! Coidado cum as peda véi caduco!
Cícero saiu costurando, assim como gráfico de exame cardíaco, depois pegou o rumo das pedras. Quico arrependido gritou: - Coidado pai! Isbarre essa bicha! – E adonde é o isbarro? – è aí dibacho das luva do guidom.
Foi tarde demais. Cícero caiu por cima das pedras, quebrou a bicicleta, o rosário e os seis dentes que ainda lhe restavam.
Soarim que passava no local com um pau de galinhas disse: - Ái vai! Ciço Inaço depois de véi deu pra ispaiá as peda da prefeitura?
Quinco saiu correndo para socorrer o pai ainda falando grosseiro: - Eu num dixe qui isso num tinha fundamento. Ora, véi qui num presta mais pra nada, agora querer bancar faceirice inriba duma bicicreta.
Cícero levantou-se capengando e falou com raiva: - Num presta mais é um ova! Quem você pensa qui é? Tudo qui você sabe aprendeu cum eu. Eu insinei você a falar, pidir, caminhar, Correr, mijar e beber e quando acabar você num quer insinar eu a andar de bicicreta.
Mundim do Vale

Atenção Varzea - Alegre e região.

Comunicamos que está sendo programada para o dia 17 de Dezembro de 2009, uma apresentação do padre Antonio Maria na cidade de Várzea-Alegre.

Solicitamos o comparecimento de todo região. Venha conhecer pessoalmente esse padre que tem um trabalho muito bonito com um centro de recuperação em São Paulo.

A informação é do empresário Luis Carlos Correia Diniz, proprietário do Grupo –Confiança – Mudanças e Transportes. Patrocinadora do evento. Prestigie.
Postado por A. Morais


A. Morais

Saudades - Por A. Morais

Casa do Sanharol - Clic na foto para ampliá-la.

Sempre que lembramos o passado costumamos lembrar mais das coisas boas do que das demais outras, porque somente as coisas boas nos trazem grandes lembranças - saudades.

Portanto eu gosto de sentir saudades. Todos sabem que sou um saudosista inveterado. Talvez por essa razão, sou um apaixonado por fotografias.

Hoje, mexendo e remexendo, com meus documentos encontrei esta foto de 1989. No alpendre da casa do Sanharol, sentado ao lado do meu pai, recebendo abraço do filho Ernesto, sob o olhar carinhoso de minha mãe.

Na janela as minhas irmãs: Mundinha e Auxiliadora e a filha Ana Micaely aparecendo um pouco do lado esquerdo da foto.

Quantas histórias! Quantos ensinamentos ouvi deste homem! Quantas demonstrações de carinho e de amizade recebi! Quantos conselhos? E os grandes exemplos de amor ao próximo por ele derramados?

Saudade é tudo isto, saudade é o que sinto do meu pai, e, esta foto é o registro que tenho como prova de que toda esta felicidade aconteceu um dia.

A. Morais

domingo, 22 de novembro de 2009

Irmã Edeltraut – por Armando Lopes Rafael


(Texto de apresentação do livro sobre Irmã Edeltraut Lerch que será lançado no próximo dia 5 de dezembro)


Neste 5 de dezembro de 2009, Irmã Edeltraut Lerch chega aos 80 anos de idade. Para perpetuar a sua trajetória – toda ela voltada em fazer o bem – o casal Tadeu e Luisiane Alencar mandou editar este livro que tem o mérito de se constituir na preservação do exemplo dessa admirável religiosa beneditina.

Falar em Madre Edeltraut Lerch é falar de uma pessoa cuja vida parece pertencer aos outros. Nos contatos que temos com ela – nos quais sempre aflora o seu sorriso fácil, todo ele em consonância com um semblante sereno, pleno de benquerença – ficamos com a impressão de que os problemas particulares de Irmã Edeltraut são sempre deixados de lado, já que todo o tempo dessa religiosa é dedicado a resolver os problemas alheios. Fica evidente que a felicidade dela tem como parâmetro a felicidade do seu próximo.

Permita-me retroagir um pouco na profícua vida de Irmã Edeltraut. Era o dia 5 de dezembro de 1929. Naquela data, o casal Gisela e Wenzel Lerch via nascer seu terceiro rebento: uma menina. Deram-lhe o nome de Edeltraut. Depois dela viriam mais quatro filhos. Eram tempos felizes. Modestos fazendeiros, os Lerch tinham sempre batata e pão farto à mesa. Mas os sofrimentos advindos com a Segunda Guerra Mundial atingiram profundamente a vida daquela família que perdeu tudo o que possuía.

Edeltraut não teve adolescência. Nem por isso se deixou vencer pelas dificuldades. Resoluta, certo dia entrou num trem de desabrigados e partiu para a cidade grande procurando resposta para os anseios de sua alma. Passou fome. Trabalhou como empregada doméstica. E aos 20 anos achou a resposta que procurava: sentiu o chamado de Deus para a vida religiosa.

O ano 1950 veio encontrá-la, em Frankfurt, como noviça na Ordem Beneditina. Ora et labora. Reza e trabalha. Nessa ordem. São Bento não disse: trabalha e reza. Ordenou: Reza e trabalha. A famosa Regra dos Beneditinos deixa claro o caminho para se chegar a Deus: Ora et labora. Primeiro a oração. Depois o trabalho pelo bem comum. Ocupar a mente e o corpo. Edeltraut Lerch seguiu à risca essa regra.

Já beneditina se fez enfermeira. A enfermagem é a ciência que cuida da saúde do ser humano prevenindo ou curando as doenças do corpo. Mais do que isso: a enfermeira é aquela que também orienta psicologicamente as pessoas. No caso de Irmã Edeltraut Lerch, acrescente-se a isso a orientação espiritual prestada por ela às pessoas que a procuram.

Cinco anos mais tarde, a Ordem enviou-a para um país diferente e distante: o Brasil. Mais precisamente para o Priorado de Olinda, em Pernambuco. Novo desafio. A freira alemã não dominava ainda o português. Mesmo assim passou a ensinar, às novas freiras, puericultura e higiene no curso de pedagogia. Sem falar que era a enfermeira na Casa Mãe. Ficou ali até 1969, quando lhe confiaram novo desafio: a diretoria de uma recém criada Fundação do Hospital Maternidade São Vicente de Paulo na longínqua e pequenina cidade de Barbalha, no extremo Sul do Ceará.

Estava escrito no destino de Irmã Edeltraut que Barbalha seria o palco de suas maiores lutas e desafios. Naquela cidade – emoldurada pelos verdes canaviais e pela chapada do Araripe – ela conseguiu modificar o meio na área da saúde. E o fez vivenciando um cristianismo autêntico. Entenda-se o adjetivo "autêntico" como "verdadeiro, aprovado, genuíno, resistente, não falsificado, confiável, digno, sincero". Foram lutas sofridas– quantas vezes incompreendidas– somente conhecidas pelo coração de Irmã Edeltraut. Todas colocadas na patena da renovação do sacrifício de Cristo Jesus.

Louvo a iniciativa de Tadeu e Luisiane em propagar a epopéia protagonizada por Irmã Edeltraut Lerch. Ela nos mostra a dignidade de que somos portadores pela filiação divina. E mostra de forma explícita, lembrando que todos nós fomos feitos para viver. Viver é o grito do coração humano. Viver é o grito de toda natureza. Nada é feito para a morte, tudo é feito para a vida.
E de vida poucos a entendem igual a Irmã Edeltraut Lerch...

Texto e postagem: Armando Lopes Rafael

PRA TUDO TEM UM JEITO - Por Mundim do Vale

Na primeira candidatura de Otacílio Correia, a deputado estadual, eu e o meu cunhado Joemilton Martins, tínhamos um empresa de pinturas com a seguinte razão social PINCEL- Pinturas cearenses Ltda. Para desenvolver essa sigla criativa, eu passei uma noite acordado com dor de dentes.
A empresa Mudanças Confiança e os seus proprietários nos ajudaram bastante, por essa razão é que eu sempre dizia que a Pincel era afilhada da Confiança.
Quando iniciou a campanha, Otacílio me chamou lá na empresa para encomendar duas mil camisetas impressas com o seu nome e o número, depois de acertado o preço veio a seleção dos tamanhos que ficaram assim:
- 500 “ p “
- 500 “ m “
- 500 “ g “
- 500 “ gg “
Depois do OK eu disse:
- Pois é Otacílio, só tem um problema. Vai ser muito difícil uma camiseta tamanho “ p “ não ficar folgada e comprida para Paulo meu irmão. Como também nós não vamos conseguir nenhuma tamanho “ gg “ que caiba o Dr. Feitosa Filho.
O candidato com expressão de riso falou:
Piau! Pra tudo tem um jeito. Você manda costurar um lenço e pinta para Paulinho. E para o Dr. Feitosinha, você manda emendar dois lençóis Santista de casal e pinta pra ele.

Dedico esse causo aos filhos do saudoso deputado Otacílio Correia, ao médico Feitosinha, e ao meu irmão Paulo Morais.
Mundim do Vale

sábado, 21 de novembro de 2009

Encontro Marcado

Um cidadão caririense, acima de qualquer suspeita, médico-militar, passou alguns anos sem filhos. Por isso o casal afeiçoou-se aos sobrinhos e sobrinhas. Sua casa era hospitaleira sempre aberta aos familiares que na capital chegavam.
Lá pelos anos 50 foi nomeado diretor do Hospital Militar. Nas horas de descontração tanto o diretor quanto sua sobrinha eram arteiros, quando a sobrinha passava por seu gabinete escolhiam alguém para passar trotes.
A vítima da vez era um coronel-dentista que gostava muito de um rabo de saia. Já que era assim, então, a sobrinha foi logo tratando de telefonar para marcar um encontro na Praça do Ferreira e disse que estaria trajada com tal roupa.
Foram os dois no horário combinado, contudo, tiveram o cuidado de se esconderem para observar de longe o coronel caminhando pacientemente, para lá e para cá, com um guarda-chuva na mão, esperando a tal dama de vermelho que jamais apareceu por lá. Com aquela cena, os dois se divertiram e não foi pouco não.
Por: Glória Pinheiro

A COISA MAIS SEM PRECISÃO - Por Mundim do Vale

Enquanto a nossa amiga Fátima Bezerra, não adota o logim, eu parto na frente contando os causos da Praça Santo Antônio, que são muitos.
Uma vez num domingo de carnaval, Ferrim de Bastiana tava cantando e tocando pandeiro no Ingèm Véi em Várzea Alegre, fazia mais sucesso do que Babau do Pandeiro. De repente chegou um elemento bravo e cismou de acabar o samba. Chico de Zé Pereira que acompanhava Ferrim no violão, botou logo a viola no saco e correu. Mas Ferrim continuou cantando e tocando pandeiro. O elemento mais forte do que o ministro da economia do governo Lula, deu um murro tão violento, que Ferrim caiu quebrando uma mesa e duas cadeiras. Com a queda do pandeirista o pandeiro desceu tocando só, até a bodega de Vicente Totô.
Ferrim constrangido com o acontecimento, desceu do Ingém Véi e foi contar o drama a Zé de Jorvino, debaixo da marquise da loja de Luís Proto.
Paulo de Santana tinha botado uma pedra de calçamento debaixo de um chapéu de palha, na calçada para fazer uma brincadeira com Araújo, quando viesse para o Cine Odeon. Mas antes de Araújo passou Arrozo que era mais grosso do que mineiro com dor de dentes. Arrozo cobrou a falta com um chute tão forte, que a pedra saiu tirando faísca de fogo na calçada. Quando Arrozo viu Paulo, entre Zé de Jorvino e Ferrim, mais desconfiado do que vendedor de armas, não precisou ninguém dizer quem tinha botado a pedra, ele já partiu com a mão fechada. Levou o murro na direção da cara de Paulo, que se abaixou no momento certo. Diz aí onde o murro foi acertar? Deixe que eu digo! Foi bem no meio da cara de Ferrim.
Com este segundo murro Ferrim desistiu do carnaval e se dirigiu para sua casa, que ficava atrás da capela de Santo Antônio. Quando passava de lado da calçada com a cara muito inchada, João Doca perguntou:
- O que foi isso Ferrim? Tu tava tirando mel de iataliana?
- Tu acha qui eu ia tirar mel num domingo de carnaval?
- E o que foi isso então?
- Nego véi. Isso foi dois murro qui dero im neu. Mais foi a coisa mais sem pricisão do mundo.
Mundim do Vale

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

A DANÇA DA DEPUTADA- Por mundim do Vale

A DEPUTADA DANÇOU
NO RÍTMO DA IPUNIDADE
( Literatura de cordel )

A deputada faceira
Que fez coreografia,
Deu a manchete do dia
A imprensa brasileira.
O que era brincadeira
Tornou-se barbaridade,
Porque a civilidade
Ninguém sabe onde ficou.
A DEPUTA DANÇOU
NO RÍTMO DA IPUNIDADE.

No sertão a gente dança
Num salão ou na latada
Vai até de madrugada
Roçando pança com pança.
Mas acho que a lambança
Foi uma disparidade,
Faltou a dignidade
E o deboche sobrou.
A DEPUTADA DANÇOU
NO RÍTMO DA IPUNIDADE.

A câmara é pra legislar
E não pra dançar baião,
A deputada em questão
Vai pra lá é pra votar.
Mas ela quis requebrar
Mostrando uma vaidade
Se rebolou a vontade
E a ética foi quem faltou.
A DEPUTADA DANÇOU
NO RÍTMO DA IPUNIDADE.

Mundim do Vale
Várzea Alegre-Ceará

O SELO POSTAL - LIGEIRA HISTÓRIA














O primeiro Selo Postal.
Rowland Hill

Uma das maiores revoluções do século XIX, e que perdura até hoje, foi a invenção contida em um pedacinho de papel de aproximadamente 2cm2. Trata-se de um produto utilizado por todas as pessoas do mundo civilizado, no mínimo uma vez na vida – O SELO POSTAL. E pouca gente conhece a sua história.

QUANDO TUDO COMEÇOU!

Remonta a primeira metade daquele século, encontraremos o cidadão inglês Rowland Hill, nascido em Kidderminster em 1795 e falecido em Londres em 1879, preocupado com a forma rudimentar de envio de correspondência, resolveu estudar com profundidade uma fórmula que viabilizasse esse meio de comunicação.

Por isso nos seus tempos livres dedicou-se a estudar o sistema postal, que o preocupava pela sua inoperância e irracionalidade.

A funcionalidade era por demais precária. As cartas eram depositadas nos marcos e posto de correios e pagas ao carteiro pelo destinatário, segundo um complicado esquema de taxas que dependiam do volume do envelope e da distância a que ficava o destinatário.

Esse complicado sistema era extremamente caro, de forma que os correios eram utilizados apenas por usuários abastados. Era necessário considerar ainda o custo das correspondências recusadas pelos destinatários e aquelas devolvidas por não encontrá-los.

Rowland Hill percebia que modernizando e uniformizando o sistema, seria possível reduzir os custos. Com esses custos reduzidos, aumentaria a clientela e poderia manter esses custos baixos. Ou seja, Hill pensou de maneira oposta à filosofia costumeira do serviço público, que encara os usuários como custos e não como uma possível fonte de dinamização dos serviços.

Rowland Hill estudou a fundo o funcionamento dos correios e verificou que os custos de entrega de uma carta dependiam essencialmente do seu manuseamento e não da distância. Diante dessa analise passou a defender então que a entrega dos envelopes deveria ter o mesmo preço em toda a Grã-Bretanha, penalizando apenas as encomendas de peso mais elevado.

Com esse posicionamento ele criou uma infinidade de inimigos, os quais argumentavam não ser justo pagar por uma carta que viajasse de Londres a Falmouth o mesmo que por uma que se limitasse a atravessar um bairro da capital.

Mas Hill mostrou, com números precisos, que os custos para o serviço de correios eram praticamente idênticos e manteve seu posicionamento, insistindo que os custos não estavam na entrega, mas no órgão centralizador quando do manuseio e distribuição. Contudo, seu pondo de vista foi mais uma vez insistentemente rejeitado pelos responsáveis.

Finalmente, já cansado de insistir e na certeza que suas idéias eram as mais democráticas possíveis, em 1837, resolveu defendê-las publicamente num panfleto que viria a tornar-se célebre. As propostas eram revolucionárias. Hill queria tornar os custos dos correios tão baixos que todos os cidadãos pudessem utilizá-los.

Ele propôs uma taxa única para os envelopes circulando dentro da Grã-Bretanha, taxa que apenas variava com o peso da carta. A idéia ficou conhecida como “penny post”, pois uma carta normal apenas custaria um “penny”. Sugeria ainda Hill, que todas as cartas fossem pagas pelo remetente e não pelo destinatário, o que permitiria que elas fossem entregues em caixas de correio a instalar nas residências e que os destinatários não tivessem de estar em casa para pagar ao carteiro as cartas que lhes eram dirigidas.

Como sempre acontece na história da ciência e da tecnologia, uma idéia nova tem a oposição dos que vêem dificuldades em tudo. As idéias nascem ainda incipientes e só com a experiência os diversos obstáculos à sua aplicação começam a ser removidos. Há sempre quem não veja os aspectos essenciais da inovação e apenas repare nas dificuldades e nos pormenores.

Rowland Hill pensou nos argumentos dos detratores da sua proposta e teve a idéia mais importante da sua vida. Talvez a dificuldade possa ser remediada. “Escreveu então usando um pedacinho de papel de tamanho apenas suficiente para comportar uma estampilha, e coberto nas costas com uma cola para que o utilizador pudesse, umedecendo-a, colar nas costas da carta”. Dessa forma, o remetente poderia comprar esse «pedacinho de papel» e colá-lo ao seu envelope, que depositaria então no marco de correio.

Estava inventado o primeiro selo postal impresso do mundo. A grande invenção de Rowland Hill foi posta em prática em 10 de Janeiro de 1840 por decisão do parlamento. Os responsáveis dos correios se opuseram, mas a sua oposição desta vez foi rejeitada.

O sucesso foi retumbante. Numa década, o tráfego de envelopes multiplicou-se por cinco e as receitas dos correios se multiplicavam cada vez mais. O processo começou a ser seguido em todo o mundo.


O Brasil foi o primeiro país da América, e o segundo do mundo, a adotar o selo postal, por decisão do Imperador D. Pedro II. A primeira série de selos postais do país ficou conhecida como "olho-de-boi", por seu desenho oval. Foram emitidos selos de: 30, 60 e 90 réis e circularam entre 1943 e 1944. Nenhuma beleza aparente, mas valioso nos dias de hoje.

Em 1852 o sistema ganhou adeptos em Portugal. Uma comissão portuguesa presidida por Pinto de Magalhães propôs ao governo do duque de Saldanha a adoção do sistema inglês. Em 27 de Outubro do mesmo ano, o correspondente Decreto governamental foi assinado pela Rainha D. Maria II.

Os primeiros selos portugueses tiveram a esfinge da sua Rainha D. Maria II, tal como os primeiros selos britânicos tinham a imagem da Rainha Vitória. O próprio D. Fernando II, que era desenhista, envolveu-se no desenho da estampilha. O sistema entrou em vigor a 1º de Julho de 1853, com selos de 5 e 25 réis - ambos com a esfinge da Rainha. Os Correios portugueses tinham dado o passo mais importante de toda a sua história.

No Brasil, além do selo postal, outra modalidade de selo foi adotada durante muito tempo por órgãos do governo para garantir a validade de documentos e a quitação de tributos federais estaduais e municipais. Certidões de nascimento e casamento, livros de Imposto de consumo (atual IPI) e vendas e consignações (atual ICMS), dentre outros.

Hoje, o selo voltou a ser utilizado por órgãos públicos, desta vez no Poder Judiciário onde todo e qualquer documento emitido, somente será válido, mediante a aposição do respectivo selo. Existe um tipo de selo (em cor e valor) específico para cada tipo de serviço executado pelos tabeliães.

Entretanto, e é importante destacar que na antiguidade, o selo para garantir a autenticidade de documentos e ordens expressas, já era utilizado há mais de 3.000 anos de forma personalizada.

Nos anais da história, encontramos muito essas ocorrências. Os Reis possuíam um anel, com o qual carimbavam e validavam os decretos reais e outros documentos de interesse público, e que às vezes eram enviados aos confins dos seus reinos.

20/11/2009

Decisão desencontrada - Por A. Morais



Você entendeu a ultima desição do STF? Quando eu era criança pequena lá no Sanharol, repetindo o famoso humorista mineiro, já ouvia Raimundo Alves de Meneses, o meu tio Mundim do Sapo - falar de suas duvidas com relação ás leis brasileiras. Mundim do Sapo dava como exemplo – É proibido fazer cocô na praça, desde que não esteja com diarréia! Ou seja: não pode, mais pode.

Ontem o STF me lembrou Mundim do Sapo: Numa votação apertada com placar de 05 votos a 04, nesse fato já se tem a idéia de uma lei partida ao meio, o Supremo Tribunal Federal decidiu que é ilegal o refugio do italiano, mas, se o Lula quiser pode conceder.

Conceder o que é ilegal? - Tem quem possa entender uma decisão dessas. Essa decisão vai marcar a historia da justiça no Brasil. É o judiciário com medo de desagradar a quem o nomeia. Não importa o julgamento nacional ou internacional a seu respeito.

Por A. Morais

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

CUECA ESTRIBADA - Por Mundim do Vale

Essa moganga de esconder dinheiro em cueca, não foi invenção desse assessor não. Algumas pessoas já usavam essa prática há muito tempo, ou faziam para esconder dinheiro dos garapeiros, ou para não pagar as contas.
Luís Macedo ( Lila ) Tinha um costume de: Comer, beber, pegar transportes e na hora de pagar dizia que não tinha dinheiro e por isso mesmo ficava.
Certa vez Lila chegou no bar e restaurante de Nêgo de Aninha , sentou-se numa mesa e se danou a pedir cerveja, tira-gostos e ainda ficou oferecendo para quem chegasse por lá. Já estava com umas vinte cerveja na mesa e pedindo mais. Mandou servir refrigerantes e chocolates para a meninada, e dizia que era tudo por sua conta. Chico Barros, que já tinha comido e bebido por conta dele, saiu na calçada e comentou com Nicolau Barbeiro:
Niculau. Eu tem na mente, que Lila tá sendo é Tiradentes cum o pescoço de Nêgo de Aninha. Pruque eu nunca vi ele pagar uma conta a ninguém.
Ao redor da mesa já tinha mais menino do que fita em chapéu de cigano. Quando foi na hora de pagar a conta, Lila disse que não tinha nem uma banda. Zé de Totô que estava presente disse a Nêgo:
Ele tem dinheiro entocado, que hoje mesmo ele vendeu uma vaca a Antônio Pagé. Vamos fazer uma busca nos bolsos dele.
Os dois seguraram Lila, que ficou passivo sem esboçar nenhuma reação. Meteram as mãos nos bolsos da calça e da camisa, mas nada encontraram.
Zé de Totô passou a mão na traseira curou a bicheira antes de sentir um volume, depois falou: Nêgo! A cueca dele tá cheia. Se não for o que eu tou pensando, ele tá estribado. Derrubaram Lila no chão, tiraram a roupa e encontraram o dinheiro da venda da vaca, Nêgo tirou o dinheiro, cobrou a conta, incluiu uma saideira pra Zé e ainda cobrou uma conta velha, do dia da inauguração da luz de Paulo Afonso. Mas não houve crise no governo, não caiu ministro e nem presidente de partido.

Curar a bicheira. Lá pra nós era uma dedada.
Mundim do Vale.

Pra maior precisão - Por A. Morais

Jose Alves de Meneses, vulgo Zezinho da Formiga, casou-se com sua prima carnal Maria Anacleta de Menezes. Desse casamento nasceram doze filhos, embora apenas duas delas tenham se casado e deixado filhos. Moravam no sitio Formiga, hoje um bairro da cidade. Dizem que o João, filho mais velho do casal, era muito suvina, muito mão de vaca.
Sempre que a família passava por alguma necessidade qualquer, ele se negava a ajudar, apresentando uma desculpa como justificativa - Não posso, meu dinheiro está guardado pra maior precisão! Pra se ter uma idéia, as sementes de arroz para o plantio ele guardava numa cabaça misturada com terra. Por maior que fosse a dor de barriga não se podia fazer um caldo com arroz.
João tinha um dinheirinho guardado debaixo de sete capas. Dizem que no dia do falecimento do pai os outros irmãos o procuraram e disseram: João o jeito que tem é você arranjar um pouco do seu dinheiro para comprar o caixão do nosso pai. Ele levantou a cabeça assanhou as sobrancelhas e disse: vocês estão cansados de saber que o meu dinheiro está guardado pra maior precisão.
Por A.Morais.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

HOMENAGEM A Zé CATOTA - Por Felipe júnior

Mês de abril foi um mês que abril tristeza
Para o berço imortal da poesia:
Deus levou Zé Catota, quem diria?
O improviso ficou sem realeza...

Como homem mostrou sua grandeza
Nos poemas, nos versos que fazia.
Grande mestre imortal da cantoria
Que cantou e encantou a natureza.

Nosso Zé permanece sempre vivo,
Pois a dor para nós não é motivo...
É assim que essa vida se completa

Acho até que Deus vendo Zé agora
Disse assim: “Eita Zé, chegou a hora.
Vem pra cá me ensinar a ser poeta!”

JUMENTO MAL GUARDADO - Por Mundim do Vale

Antônio de Gustavo e Zaqueu Guedes, viviam em questão por causa de um jumento de Zaqueu, que comia solto num corredor e de vez em quando, arrombava um cerca e passava para a roça de Antônio, para comer o legume. Depois de várias confusões lá no sítio, o Sr. Acelino Leandro que é primo de Antônio e amigo de Zaqueu, mandou chamar os dois lá na Casa das Máquinas para tentar uma conciliação.
Era um sábado dia de feira, quando primeiro chegou Antônio e logo depois chegou Zaqueu. Acelino mandou que os dois subissem para o seu escritório e perguntou o que estava havendo, Antônio estava bastante nervoso ao contrário de Zaqueu que estava muito tranqüilo. Acelino se portando como mediador, começou a falar: Bem pessoal! Eu mandei chamar vocês dois aqui para ver se podemos resolver esse problema sem maiores conseqüências. Vocês são pessoas de bem e não faz sentido uma questão por causa de um jumento.
Antônio mais apressado falou: Pois é. Acilino eu num posso deixar qui o jegue desse outro jegue aí, acabe cum meu ligume.
Zaqueu muito mais calmo falou: Mais Acilino é pruque eu num tem pasto. O jeito qui tem é o jegue cumer no corredor. Antônio cada vez mais irritado disse:
- mais o jegue é seu, leve ele pra cumer no inferno.
- É mió você ajeitar sua cerca, pruque o corredor é do gunverno.
- Apois você vai tirar o jegue nem qui seja dibaixo de bala.
- Mais Ontõe pur amor de Deus, adonde é qui eu vou butar meu jumentim prumode ele cumer? Guarde ele na sua bunda e deixe ele cumer lá.
Acelino mandou Zaqueu se retirar e ficou acalmando seu primo enquanto Zaqueu descia para o salão.
Quando passava no salão, Vicente Cesário que se balançava numa cadeira falou: Zaqueu! Eu escutei a proposta de Antônio de Gustavo, mas não é melhor tu arranjar outro lugar pra botar o teu jumentim não?
Mundim do Vale

terça-feira, 17 de novembro de 2009

UNIFORME EXTRAVAGANTE - Por Mundim do Vale

31 de agosto de 1.966, dia de São Raimundo Nonato, ressaca da festa, que foi fraca por conta do inverno ruim, sem contar com o reflexo negativo deixado pela derrota do Brasil na copa do mundo.
Chega Zé Mariano na barbearia de Vicente Cesário vestindo: Uma camiseta desbotada e sem mangas, própria para tomar injeção, uma bermuda mais enfadada do que calção de sapateiro, um par de chinelas japonesas com clips segurando o cabrexto, e uns óculos Globo 66. Senta no banco entre Vicente Cesário e Antônio Grande e diz: Oh Ontõe! Aqui inriba deu tem mais de 800 cruzeiro.
Antônio rebateu:
Pera. Zé Mariano! Esses óculos Globo 66, Gregório da Celca tava vendendo a 15 cruzeiros. Chico Piau até comprou dois, um pra ele e outro pra botar no jegue no dia da corrida que o Padre Vieira vai fazer, essa camiseta tão vendendo ali nas barracas a 10 cruzeiros, essa bermuda Azarias vende a 12 cruzeiros, essas japonesas Mané da sapataria tá vendendo o par por 3 cruzeiros. Tu tá ficando doido?
Nesse exato momento Otacílio Correia entrava na Casa das Máquinas, de palitó, gravata e sapato social, muito bem polido.
Vicente Cesário bateu no ombro de Zé Mariano e falou: Meu bichim! Porque tu não pergunta a Otacílio quanto ele quer de torna, na troca dos uniformes.
Mundim do Vale.

Amigos da Sétima Arte - Por Glória Pinheiro

Um homem que nasceu na penúltima década do Século XIX, meu avô Cícero Pinheiro, foi um cidadão de bem e de poucas letras. Estudos? Possuía o suficiente para ter direito ao voto; ser vereador do Crato; fazer sua contabilidade; administrar suas terras; gado e seus três engenhos de rapadura. No entanto, meus avós não se descuidaram da educação dos filhos. Como era comum, as mulheres, professoras. Dos três filhos homens, dois deles, enviados ao Rio de Janeiro, os dois, mais adiante, Generais de Divisão e comandantes do exército brasileiro. O terceiro filho foi enviado ao Seminário, mas, por falta de vocação, casou-se e foi cuidar do Engenho Romualdo, vivendo lá por muitos anos, como se fosse seu único proprietário, ou seja: explorava o engenho para o sustento de sua vasta prole.
Tinha meu avô o hábito e predileção de assistir todos os filmes que apareciam pelo Crato. Desde aquela época do cinema mudo, contava ele com a companhia assídua de uma das filhas, ainda criança, era a minha mãe, que por sua vez tornou-se cinéfila desde então.
Por isso em nossa casa pai, mãe, minhas irmãs e eu sempre apreciamos com muito gosto e amamos a Sétima Arte.
Houve uma época de quando crianças, impreterivelmente, todos os domingos assistíamos a missa na Igreja da Sé no horário das nove horas, e, em seguida nos dirigíamos ao Cine Moderno a fim de assistirmos à seção das dez horas da manhã. Pela religiosidade fervorosa de nossa mãe, não tinha conversa, primeiro a missa depois o lazer. Vestido novo? Somente vestir pela primeira vez para ir à missa. Ela sempre nos dizia: "Primeiro a devoção em segundo lugar vem a distração." Foi sempre assim, inclusive, na adolescência. Ordem é ordem e tinha que ser cumprida, portanto, não adiantava contestar.
Foi por volta de 1958 quando a missa terminou... Como sempre acontecia nos reuníamos no patamar da Igreja, uma vez que os homens na hora da missa ficavam do lado direito e as mulheres do lado esquerdo da Igreja. Após a missa meus irmãos gêmeos idênticos saíram rapidinho da Igreja e cada um se dependurou em cada um dos braços de um senhor e, animadamente, falavam: "-Vamos ao cinema, papai?!?" Foi quando minha mãe saiu da Igreja, distraída, observando os filhos ao redor daquele senhor, aproximou-se com certa intimidade. Ao perceber que era somente um homem muito parecido com meu pai, só lhe coube fazer um pedido de desculpa pelo engano cometido. Ficou tudo esclarecido e compreendido e nos dirigimos todos ao Cine Moderno. Meu pai sempre bem humorado às vezes relembrava esse episódio.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

CORREDOR POLONÊS - Por Mundim do Vale

Certa vez um grupo de alcoólatras de Várzea Alegre resolveu formar um pelotão de guerra. Era coronel, major, capitão, tenente, sargento, cabos e soldados. Escolheram a rua do juazeiro para treinamentos, o fuzil era representado por pau de lenha e o cantil por meiota de cachaça. Na barraca de Bié eles fizeram acampamento, paiol e alojamento. O horário para treinamentos era sempre das duas da madrugada até o dia amanhecer.
O silêncio da madrugada era rompido pelos gritos de comando: Sentido! Em forma! Direita volver! Esquerda volver!Dispersar!
O grito de guerra era repetido várias vezes:
O sargento já tomou/ A cachaça do tonel,
O cabo Hélio furtou/ O quepe do coronel.”
Os moradores da rua do juazeiro fizeram queixa ao delegado, que era um tenente da polícia militar que depois de reformado foi nomeado delegado civil.
Chegando ao acampamento o tenente Josias apresentou-se e pediu ao comandante para colocar a tropa em forma, que ele queria fazer um comunicado.
Depois das formalidades militares o delegado falou: Bem. Eu tenho recebido várias reclamações sobre o barulho e os palavrões, portanto vocês terão que suspender os treinamentos. Mesmo porque eu não tomei nenhum conhecimento de que a nossa cidade estivesse ameaçada de guerra. Eu lamento dizer a vocês que se continuar esse treinamento, eu vou poupar apenas os oficias superiores em respeito a hierarquia, mas de sargento abaixo eu vou botar tudo no xadrez.
Nesse momento um soldado assustado saiu de forma e foi tentando fugir quando o coronel Gonçalves gritou: SD Chagas! Se você abandonar a tropa eu vou ter que lhe levar a corte marcial, como desertor de guerra.
Nessa hora chegou a diretora do grupo escolar, uma Senhora de cinqüenta e dois anos que foi logo dizendo: Tem que prender todos eles, não tem o menor fundamento essa anarquia todas as madrugadas. Não há mais quem possa dormir nessa rua. O coronel deu um passo a frente encarou a educadora e falou com voz autoritária - A Senhora deixe de conversar besteira aí, senão eu lhe boto no corredor polonês. Ái vai! E o que é que venha a ser esse tal de corredor polonês?
- É assim. eu coloco todos os meus praças em fila dupla e a Senhora vai ter que passar no meio. Aí cada um deles vai lhe dar uma dedada com todo respeito.
Depois dessa, a hierarquia militar deixou de ser respeitada e o alojamento do pelotão foi transferido para a cadeia pública.
Mundim do Vale.

A feijoada do Henrique – por Carlos Eduardo Esmeraldo

Henrique da Pernambucana é engenheiro sanitarista da FUNASA e nos fins de semana ocupa seu tempo livre em duas atividades que muito lhe agradam: a carpintaria e a culinária. Nesta última ele é um especialista em feijoada. Recebe encomendas de amigos e até de algumas empresas de Natal, onde reside. Para tanto ele possui toda uma estrutura montada, com garçons, cozinheiras, panelões, talheres, pratos, copos e material de sobremesa.

Como carpinteiro é da sua lavra todos os móveis de sua residência e da clínica de fisioterapia de suas duas filhas. Planeja adquirir um terreno em Natal, para quando se aposentar, instalar uma futura fábrica artesanal de móveis feitos por ele mesmo.
Já sabíamos da habilidade de Henrique em trabalhos manuais, pois nas aulas da professora Lucia Madeira eram dele as melhores notas. Mas de mestre em feijoada, foi uma grande surpresa.

Quem conversa com Henrique, logo se enche de curiosidade e pergunta: “Como surgiu esse seu interesse pela feijoada?” E ele explica. Quando ele era estudante de engenharia em Recife, aos sábados pela manhã, tinha aula de Topografia e Cálculo Numérico à tarde, duas matérias que são verdadeiros “sacos” em um fechamento de semana. Para aliviar a mente, no intervalo do almoço, Henrique e mais quatro colegas iam almoçar uma feijoada deliciosa que existia num boteco da Praia do Pina. Era um local muito freqüentado conhecido por todos como “O Jaime da Feijoada”. Henrique já era freqüentador habitual do local e muito conhecido pelos garçons, cozinheiros e demais funcionários. Certo dia, não havia nenhuma mesa disponível e eles tinham pressa, pois teriam uma prova à tarde. Olhou para um lado e para outro e avistou uma velha porta num canto de parede. Imediatamente ordenou aos garçons: “Peguem dois engradados de cerveja vazios e coloquem aquela porta sobre eles. Vamos comer assim e não precisa de toalha, pois quando a comida cai sobre a toalha, ninguém bota de novo dentro do prato.” E assim eram atendidos.
Certo sábado, desinibido como sempre foi, e reforçado por duas ou três doses da cachaça pernambucana Pitu, Henrique na maior “cara de pau” do mundo, pediu a receita daquela feijoada ao mestre-cuca.

Em seguida Henrique convidou os colegas para uma feijoada em sua casa no domingo seguinte. Ao chegar a casa com a receita, pediu ao seu saudoso pai, senhor José Maria da Cruz, ex-gerente de “A Pernambucana” do Crato, que comprasse todo aquele material da lista que lhe fora fornecido: feijão preto, lingüiça defumada, toucinho, folha de louro, pé de porco e mais três garrafas de pitu. Um tanto quanto espantado, seu Zé Maria que não gostava de beber e nem queria que os filhos bebessem perguntou: “Para que é essa cachaça toda, meu filho?” “É pra lavar o pé do porco.” Respondeu Henrique. O pai acreditou e atendeu o desejo do filho.

Quando os convidados chegaram foi servido a eles uma deliciosa batida de limão, enquanto Henrique se aventurava a preparar a feijoada conforme a receita. Saiu uma delícia, tanto a feijoada, quanto a bebida que foi servida. Até seu Zé Maria entrou na brincadeira. Aprovou a feijoada feita pelo filho e provou um pouco da batida, pedindo: “Meu filho, bote mais um copinho dessa bebidinha deliciosa.”

Por Carlos Eduardo Esmeraldo

Eu pedi a Deus

EU PEDI A DEUS
Pedi a Deus para retirar os meus vícios.
Deus disse: "Não"
"Eles não são para eu retirar, mas para você desistir deles"
Pedi a Deus para completar meu corpo.
Deus disse: "Não"
"Seu espírito é completo, seu corpo é apenas temporário"
Pedi a Deus para me dar paciência.
Deus disse: "Não"
"Paciência é um suproduto das tribulações; ela não é dada, é aprendida"
Pedi a Deus para me dar felicidade.
Deus disse: "Não"
"Dou bençãos; felicidade depende de você"
Pedi a Deus para me livrar da dor.
Deus disse: "Não"
"Sofrer te leva para longe do mundo e te traz para perto de mim"
Pedi a Deus para meu espírito crescer.
Deus disse: "Não"
"Você deve crescer em si próprio! Mas te podarei para que dês frutos"
Pedi a Deus todas as coisas que me fariam apreciar a vida.
Deus disse: "Não"
"Eu te darei a vida, para que você aprecie todas as coisas"
Pedi a Deus para me ajudar a AMAR os outros, como Ele me ama.
Deus disse:
"Ah, finalmente você entendeu..."
Autor desconhecido.
Por: Glória Pinheiro

A criatura plagiar o criador não é crime - Por A. Morais

O Blog do Sanharol, plagiando a ideia do seu criador Blog do Crato, apresenta seis personalidades de Varzea-Alegre. Esperamos que os leitores da nossa terra os indentifiquem colocando nos comentarios os nomes dos mesmos correspondente ao numero da foto:
I


II

III


IV



V


VI


Aguardamos a identificação por parte dos leitores de Varzea-Alegre desses nossos coterraneos ilustres.
Abraços.
A. Morais

Não troque o PF pelo AD - Por A. Morais


Alexandre Bezerra da Costa, meu amigo e parente Xandoca, foi o que se pode chamar de verdadeiro herói. Não dispunha de recursos financeiros e enfrentando dificuldades diversas conseguiu formar a maioria os filhos. Tem doutor espalhado pelo Brasil afora tomando conta de Incra, Ibama, e, outras instituições federais.

Renan, o filho mais moço e também o mais mimoso, quando estudante da Escola Técnica Federal do Crato, de férias no Sanharol, reclamava da alimentação do refeitório da escola. Dizia: temos que comer o mesmo PF todo dia, isso não há cristão que agüente.

Foi aí que o Xandoca perguntou: Meu filho, o que é um PF. Renan respondeu: é um prato feito. E o que tem neste prato feito? Perguntou mais uma vez o Xandoca: Tem uma porção de arroz, outra de macarrão, feijão, um bife e um ovo passado, respondeu Renan.

Aí o Xandoca observou: Meu filho esse seu PF tem mais proteínas e deve ser bem mais saboroso do que o nosso AD, não reclame. E o que é AD perguntou Renan. Xandoca soltou o seu tradicional riso e disse: AD meu filho, é arroz d’agua!

Por A. Morais

domingo, 15 de novembro de 2009

SOU O VALE DO MACHADO - Por Mundim do Vale


Eu sou desse vale amado
Que São Raimundo adotou,
Um lugar abençoado
Onde Deus mais caprichou.
Sou papa de carimã,
Ova de curimatã
E ponche de araticum.
Sou recado de patrão,
Boneco de Damião
Sou criança no tutum.

Sou a pedra que rolou
Da serra até o riacho,
Bananeira que vingou
Mil bananas só num cacho.
Sou Luizão da cachaça,
Sou um comício na praça
Lotado de imbecil.
Sou um voto encabrestado,
Sou eleitor enganado
Nesse canto do Brasil.

Eu sou bacabal jogando
Na posição de zagueiro,
Sou Perna Santa pegando
Numa trave de goleiro.
Eu sou a mão de pilão,
A boca do cacimbão
E o pé de bode afinado.
Sou um canto de bendito,
Sou o careta Antonito
Numa festa de reisado.

Eu sou Zé Júlio fazendo
Pão nosso de cada dia,
Sou João Moreira batendo
Tijolos na olaria.
Eu sou o pistom de Prejo,
Sou rapadura do Brejo,
Sou parelha de verdura.
Sou a rua Antão Bitu,
Beco de Zé de Ginu,
E Alto da Prefeitura.

Eu sou Antônio Firmino
Vendendo fumo na feira,
Sou uma récoa de menino
Pinando na bananeira.
Eu sou o cine Odeon,
Sou tamanco de Abidom
E Harmônica de Bié.
Eu sou a velha avenida,
A lagoa poluída
E a praça de Cuné.

Eu sou Inacim falando:
Esse ano não vai chover.
Sou André do bar botando
Chico Danga pra correr.
Eu sou o motor da luz,
Sou retrato de Jesus
E marreca de represa.
Sou carrapicho em carneiro,
Sou chuva de fevereiro
Sou piau na correnteza.

Sou Manoel de Pedim,
Sou Chico Segunda Feira,
Sou os versos de Bidim
Sou Banca de Bolandeira.
Sou o Arroz embuchando,
Sou o milho pendoando
E sou cabaça de mel.
Sou Recreio Social,
Sou ponte de Zé piau
Sou poço de Seu Abel.

Eu sou o bolo ligado
Que João de Adélia fazia,
Sou o primeiro dobrado
Da salva do meio dia.
Sou lagoa do arroz,
Sou queijo e baião de dois
Sou um homem do roçado.
Sou gente que resistiu,
Sou um pedaço do Brasil
SOU DO VALE DO MACHADO.

Acróstico da minha terra.

Verde como uma vazante
Alegre por natureza
Rimada como amante
Zelada como princesa,
Esculpida é diamante
Agredida é indefesa.

Amada por sua gente
Local de paz e alegria
Espaço para a semente
Germinar a poesia.
Recanto sempre atraente
Estrada da harmonia.

Mundim do Vale

Blog do Sanharol - Por A. Morais


Somos ao todo um componente de oito colaboradores - escritores, 984 postagens, 15 seguidores, temos a honra de ter recebido comentários de 193 comentaristas e, não temos como avaliar o numero de leitores, pelo fato de termos colocado um relógio cinco meses depois de sua criação e esse marcador passar boa parte sem se movimentar. Esses números apresentados no mostrador não parecem reais. Vezes acontecem de passar um dia inteiro sem alterar os números, o que é pouco provável acontecer. Um excelente fim de semana para todas.
Abraços.

A. Morais

Alguém está lembrado que hoje é feriado? - por Armando Rafael

Proclamador da República é pouco conhecido em sua terra natal – por Odilon Rios (Fonte: site Terra)


O Marechal Deodoro da Fonseca nasceu em 5 de agosto de 1827 em Alagoas. Entrou na política em 1885. Era um dos homens mais próximos ao imperador Dom Pedro II. Em 15 de novembro de 1889, proclamou a República. Iniciou a "República das Espadas", porque dois marechais ocuparam a presidência: Deodoro e, logo depois, o também alagoano Floriano Peixoto, isso antes de dar início a "República Velha", com presidentes civis.

Na cidade onde nasceu o proclamador da República, o marechal Deodoro da Fonseca, a população pouco conhece ou nunca ouviu falar do primeiro presidente do Brasil, que assumiu o cargo após a derrubada do Império, em 15 de novembro de 1889. O município de Marechal Deodoro fica a 25 km de Maceió, às margens da Lagoa Mundaú, e tem uma das praias mais visitadas e belas do Brasil, o Francês. No lugar, navios da Segunda Guerra Mundial foram afundados pelas tropas alemãs, piratas franceses tentaram invadir o Brasil pelo mar durante o período colonial e igrejas em restauração guardam mistérios: túmulos de famílias influentes de Alagoas foram descobertos durante as escavações.

A casa onde nasceu e viveu o marechal é um museu. Há três dias, a cidade está em festa em comemoração à Proclamação, mas o pescador Chagas da Silva, 64 anos, desconhece o porquê de tanta gente que vai e vem pelas ruas e praças de Deodoro. "Sei não, é por causa do governador que tá vindo para cá?", pergunta. "Tem a ver com o Lula? Por que me disseram que ele não vem para cá. Sei não por que tanta festa", disse. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi convidado para a festa. Não foi, mas mandou representantes de escalões da União para anunciar obras no município.

O funcionário público João Jacinto da Silva ouviu falar pouco do filho ilustre de Marechal ou da Proclamação da República. "Não sei bem quem ele foi. Sei que vai ter um show do Zezé di Camargo e Luciano no domingo. Por isso tem a festa, não é?", pergunta. Armando o palco que vai receber as autoridades para o desfile militar deste domingo, Ivanildo Santos da Silva sabe da Proclamação. "Ouvi falar do Marechal Deodoro, mas, o quê é mesmo esse período da História brasileira?", questiona. "Sei lá, tem a ver com um representante aqui da cidade", responde a sua propria indagação. E a festa? "Dizem que é porque vão anunciar um monte de coisas no Francês".
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Marechal Deodoro tem 45.141 habitantes. Cerca de 65% da população é pobre; 6.292 são analfabetas e apenas 99 pessoas recebem acima de 20 salários mínimos. Por causa do alto índice de assassinatos, duas favelas receberam nomes de países em conflito: Iraque e Israel. O "Iraque" de Marechal Deodoro chama-se hoje conjunto Esperança.

Na última semana, a movimentação nas escolas era considerada acima do normal. Os alunos preparavam-se para o desfile militar, as bandas de fanfarra conferiam as partituras e treinavam as músicas para o dia festivo. "Há 170 anos Marechal Deodoro deixou de ser a capital de Alagoas e, por três dias, depois de um decreto legislativo, o governador transferiu para a cidade do proclamador a chefia do Executivo Estadual em comemoração a este dia", lembra o secretário do Gabinete Civil, Álvaro Machado. A comemoração dos 120 anos da República começou na sexta-feira e trouxe autoridades a Marechal Deodoro. Entre elas, o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB). Há poucos metros da Prefeitura, lotada de políticos, a vida na cidade continuava quase normal. Uma rotina só quebrada pela quantidade de policiais circulando pelas ruas.

O reforço de PMs, a pedido do prefeito Cristiano Matheus (PMDB), existiu por causa de boatos sobre protestos contra sua administração. Panfletos foram apreendidos, chamando Matheus de "mentiroso". "Estamos no 11° mês de administração e estamos superando desafios", disse. Em Marechal, prefeitos e vereadores já foram afastados dos cargos, acusados de corrupção e lavagem de dinheiro.
Poostado Por Armando Rafael.

sábado, 14 de novembro de 2009

Amor no coração - Por Martin Luther King


“Pouca coisa é necessária para transformar inteiramente uma vida: amor no coração e sorriso nos lábios”.

Postado Por A. Morais