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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 7 de novembro de 2009

Matuto e Jorge da Lua - por Glória Pinheiro


O que me chamou a atenção no poeta Xico Bizerra foi sua bendita herança de dois grandes nomes que não mais estão entre nós, consagrados em todo Brasil.
Luiz Gonzaga e Patativa do Assaré lá de cima têm colaborado muito com o poeta de hoje. Por certo, falaram: "Xico, coloca um pouco de romantismo nas músicas!" Xico entendeu, obedeceu e respondeu: "Fiquem tranquilos!!!"

Abaixo, as letras de dois baiões:

MATUTO (Xico Bizerra)

Matuto eu conheço pelo ajeitado do chapéu
Matuto eu conheço pelo carregar do matulão
Matuto eu conheço pelo olho que olha pro céu
Matuto eu conheço pela pisada do pé no chão


Pela fé que tem em Nosso Senhor
Pela paz bem guardada no seu coração
Pela crença incontida que tem no amor
Pelo jeito tão sincero de apertar a mão


Todo dinheiro vale menos que o fio do seu bigode
Ele fala 'pro mode' mas sabe mais do que qualquer doutor
No terreiro do seu peito tem fartura de felicidade
Plantação de amizade, colheitas de amor


Matuto eu conheço pelo caminho que estradou
Matuto eu conheço quando escuta um baião
Matuto eu conheço quando canta o fogo-pagou
Matuto eu conheço pelo amor que tem pelo sertão


Pelo ombro largo sempre a amparar
Pela mesa que sempre cabe mais um
Pela coragem grande que tem para lutar
Pelo braço forte sem medo nenhum


JORGE DA LUA (Maria Dapaz e Xico Bizerra)

Jorge Guerreiro, desapeie do seu jumento
Que o dragão é sonolento, 'tá' roncando, já dormiu
'Tás' tão distante, habitante dessa lua
E eu sozinho aqui na rua não sei porque tu sumiu
A lua é cheia, mas 'tô' cheio dessa lua
Quero uma 'maozinha' tua
Pra encontrar um grande amor
Venha avexado, dê um pulo aqui embaixo
Mostre que é cabra macho,
E acabe com a minha dor


Já falei com Santo Antônio, não teve jeito
Até hoje o meu peito 'tá' vazio sem ninguém
Minha esperança é contar com tua ajuda
Por favor, venha, me acuda, eu só quero ter um bem
É ligeirinho, depois tu volta pro céu
Sem fazer muito escacéu
Pro dragão não se acordar
E se 'amunta' de novo no teu jumento
No dia do casamento eu te convido pra voltar...
(Tu vem me apadrinhar...)


Para quem tiver interesse e quiser apreciar o poeta e a boa música, indico o site http://www.forroboxote.mus.br/
Explorem o site e não esqueçam de ligar o som.


Glória Pinheiro

9 comentários:

  1. Maria da Gloria.

    Mais duas obras primas do Xico Bizerra. Quando puder veja a letra de Jarrim de Fulô - um primor de poema.

    Parabens pela postagem.

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  2. Oh! quanta beleza nos versos singelos desta canção. Obrigada amiga querida. Beijos, Fatima

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  3. Morais e Maria de Fátima: Jarrim de Fulô é um encanto! São muitas ou todas as letras e músicas do Xico, boas de ouvir e dançar forró! Em São Paulo tem quatro "garotos" de sucesso "Fala Mansa", só o sanfoneiro é nordestino mas dão o recado direitinho. É o chamado forró universitário. Sabia que minha filha gosta desse conjunto e sempre foi dançar no "Canto da Ema", recentemente soube que ela é bastante chegada no forró pé de serra. Acredito que desde que fomos à Porto Seguro. Depois ela ainda retornou à Porto Seguro com a turma do colégio no final do curso. Tomou gosto e virou forrozeira de mão cheia!

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  4. Maria de Fatima e Glória Pinheiro.

    Esse caboclinho da foto eu fui encontrar no sitio Chico Gomes, em Crato. hahaha.
    Olhem o jeitinho de besta que ele tem, mas, é só o jeitinho. Esse aí ganha de lambuja de qualquer mineiro.
    Um bom domingo.
    A. Morais

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  5. Morais, sua prosa é melhor do que a prosa do mineiro. Estou achando que quem ganha de todos é você!rsrs

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  6. Maria da Glória.

    Houve um erro de informação. Falei que encontrei o caboclinho que ilustra a postagem da Glória no sitio Chico Gomes. Ora mas veja, se a postagem é dela, ela é que em suas viagens ao Crato, grata e amiga, por natureza, visita todos os sitios que pertencem aos descendentes de seus avós. Vai de casa em casa, visita todas as pessoas simples que quando criança conheceu ao lado dos avós, e viveu aquela felicidade infinita.Foi lá, no sitio Chico Gomes que a Glória, encontrou aquele matuto risonho e fotografou para nos presentear nesta homengem ao casal Xico e Dulce.
    Parabens Glória.

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  7. Morais, você está completamente certo! Esse caboclinho aí da foto é a cara de Vicência Mané. Vicência saiu do Chico Gomes e veio para São Paulo nos anos 70. Jamais deixei de tê-la por perto. Vicência tinha esse mesmo sorriso. Foi lavadeira de roupas de mais de 15 famílias do Crato. Foi também parteira de algumas centenas de afilhados. Foi uma pessoa extraordinária.

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  8. volto para agradecer a gloria e a morais, por serem tão generosos. procuro na música colocar minhas vivências de uma forma que o povo entenda o que quero dizer. vez por outra 'viajo' e faço umas letras meio ininteligíveis, mas prefiro essas outras, com cheiro de mato e terra molhada.
    abraço a todos,

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  9. José Bizerra de Brito, Varzealegrense, é fonte cristalina de tanta sabedoria. Padim Zuza, professor interiorano plantou semente em solo fértil. Parabéns, Xico.

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