Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 24 de novembro de 2009

O filho de Miguel Arraes - por Armando Lopes Rafael


Conheci Luiz Cláudio Arraes de Alencar – tratado carinhosamente por Lula – quando da temporada que ele passou em Crato, creio que entre 1966-1967, depois que o pai dele – Miguel Arraes de Alencar – foi deposto do cargo de Governador de Pernambuco pelo Golpe Militar de 1964. Luiz Cláudio devia andar aí pelos sete anos e sempre ia à redação do jornal “A Ação” (onde eu trabalhava), em companhia de dois irmãos, pouco mais velhos do que ele, e dos primos residentes em Crato.
A imagem que tenho dele é a daquele tempo: um garotinho vivaz, moreninho, comunicativo e simpático. Lula era o caçula do primeiro casamento do pai. E por ser o caçula era ainda mais carinhosamente cuidado por sua dedicada avó paterna, dona Benigna, e por suas tias Almina, Alda, Laís, Maria Alice e Anilda, todas irmãs do Dr. Miguel Arraes.

Tinha conhecimento, à distância, dos imensos transtornos sofridos pela família do político Miguel Arraes. Este foi deposto e preso durante quatorze meses. Até que conseguiu ser solto por algumas horas – por meio de um habeas-corpus – quando buscou e conseguiu asilo político na Embaixada da Argélia, no Rio de Janeiro. Enquanto isso seus nove filhos ficaram dispersos. Os quatro mais novos viveram uma temporada em Crato na casa da avó.
No final de 1968 deixei o Crato para trabalhar no Banco do Nordeste. Nunca mais tive notícias de Luiz Cláudio. Mas como meu pai era amigo de dona Benigna e das suas filhas, ele me transmitia, vez por outra, notícias esparsas da família Arraes de Alencar.
Já aposentado voltei a residir em Crato. Vez por outra visito dona Almina Arraes Pinheiro. Ela sempre me recebe com a fidalguia, uma das características daquele clã. Outro dia perguntei por Luiz Cláudio e, para minha surpresa, ela me informou que ele era médico e tinha escrito alguns livros. Emprestou-me dois: “Tempo - o de dentro e o de fora” e “Todo diálogo é possível”.

Confesso que ao lê-los tive uma agradável surpresa. Escritos com emoção, estes livros de Luiz Cláudio Arraes transmitem um amor e uma admiração raras de um filho por um pai. E isso externado através de lembranças, de frases e de momentos vivenciados entre ele e o pai. É desses escritos que faz bem a alma, pois mesmo povoados de sofrimentos, nos levam a acreditar que ainda existe gratidão, solidariedade e idealismo na humanidade...
Texto e postagem: Armando Lopes Rafael

10 comentários:

  1. Meu Caro Armando.

    Quando o presidente Castelo Branco visitou o Crato, o prefeito municipal, Pedro Felicio Cavalcante escalou o professor Jose do Vale para fazer a saudação ao presidente. O professor não aceitou o convite em solidariedade ao Dr. Miguel Arraes, que havia recebido restrições, cassações e exilio.
    Parabens pela bela postagem.

    ResponderExcluir
  2. Caro Morais:

    O saudoso prof. José do Vale Arraes Feitosa era cunhado do Sr. César Pinheiro, este casado com dona Almina Arraes de Alencar.
    Quando a primeira esposa do prof. José do Vale, dona Gisélia, faleceu (em decorrência de parto)foi dona Almina quem cuidou do recém nascido nos primeiros meses.
    E dona Almina já tinha seis filhos para criar. E ainda ajudava a cuidar dos quatro filhos mais novos do Dr. Miguel Arraes que viveram em Crato.
    Como vê, uma exemplo de solidariedade humana exemplar...

    ResponderExcluir
  3. Armando Rafael, parabéns pela postagem! Gosto muito dessa família, pois convivi na infância com dona Alda, dona Anilda, além de ter sido colega de Joaquim. Não conheci Miguel Arraes, só de ouvir falar.Entretanto, tenho admiração por ele. Acho a gratidão, um dos sentimentos mais bonitos do ser humano.

    ResponderExcluir
  4. Armando, muito oportuno esse texto. É uma família admirável a matriarca Dona Benigna, filhos e netos.
    Quando li o livro Kuarup desde o início já fui me emocionando com os camponeses da Liga de Pernambuco acampados na calçada do Palácio das Princesas(?) em solidariedade ao digníssimo Dr. Miguel Arrais de Alencar, ora deposto do Governo de Pernambuco.
    Hoje, tenho uma grande amiga no orkut, é dona Benigna a quem dispenso meu afeto e carinho por toda sua grandeza de espírito.

    ResponderExcluir
  5. Errata: Minha amiga é Dona Almina e não Dona Benigna, sua mãe, já falecida.

    ResponderExcluir
  6. Magali e Glória:

    À distância admirava a postura das irmãs Arraes de Alencar que enfrentaram 15 longos anos de infortúnio sem vacilar na fé em Deus, sem maldizer qualquer pessoa e com dignidade e espírito elevado.
    Coisa rara de se repetir nos dias atuais.

    ResponderExcluir
  7. sou tou avisando aos blogueiro que eu criei um blog pra mim é esse aqui varzea alegre cultura e contrastes

    ResponderExcluir
  8. Parabens Israel.

    Passe o endereço direitinho para que possa acessar.
    Boa sorte.

    ResponderExcluir
  9. eu consegui umas fotos antigas
    de maria afonsina, dr. leandro correia, dudal, seu jesus e boca de fogo. se vc quiser pro seu arquivo, a de boca de fogo eu repassei pra raimundinho quando estava em fortleza

    ResponderExcluir