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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 2 de março de 2010

Debulhas de Feijão - Por A. Morais

Dedicado ao primo Luiz de Joaquim André em São Bernardo do Campo - São Paulo.

No ultimo poema do Mundim do Vale, "Conhecimento de Causa", nós fazemos um passeio pelo tempo, pelas coisas e pelo próprio sertão. No comentário do João Bitu, encontramos entre belas palavras a expressão “Debulhas de feijão”. Então eu me lembrei de uma historia contada por meu pai, dos velhos tempos, da época em que ele tinha lá seus 15 ou 16 anos. Falava das debulhas de feijão.
Dizia ele que quando se aproximava o mês de Junho e junto com ele as festas de São João e São Pedro coincidia com a colheita do feijão. Durante a semana era feita a colheita na roça e conduzido para casa e a noitinha fazia-se as debulhas. A rapaziada da ribeira se reunia para ver as jovens moças e juntos faziam aquela festa regrada a café donzelo e pão de arroz, cantigas e modas antigas.
Contava o meu pai, que numa delas, na calçada da casa do meu avô Pedro André, em determinado momento uma das meninas, Ana de Raimundo Pretinho foi ferroada por uma lacraia. Foi um vexame, procuraram o inseto e mataram. Em pouco tempo outra lacraia pegou o dedão do pé de Pedro de Joaquim Piau, foi outro desconcerto novamente, encontraram o inseto e mataram. Na terceira ferroada, desta vez em Olira de Antonio Belo, Zelim olhou para o meu avô e disse: Pedro André crie outra coisa homi! Isso é coisa de ninguem criar?
Vejam que época mais bonita, mais inocente e pura. Quantos casamentos surgiram nestes encontros de trabalho, de diversão e de brincadeiras?
Por A. Morais.

5 comentários:

  1. Pra lembar o velho Joaquim André:

    Ou sindô, sindô lelê,
    Ou sindô, sindô lalá,
    A cantiga da morena,
    Só faltou foi me matar.

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  2. rapaz esta história é muito boa me lembrou as debulhas lá nas gamelas quando eu era criança, já lhe peço autorização para postar no meu amanhã abraços

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  3. Prezado Israel.

    Está autorizado a fazer. Obrigado pela visita.

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  4. Morais parabens pela história, muito saudosa.

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  5. São os velhos tempo que não voltam mais. Momentos isentos de violências só presença de bom humor e como diz o primo Morais, quantas paqueras e casamentos surgiram nessa época.
    Mão-de-obra substituída pela máquina, onde em uma hora debulha 30 a 40 sacos de feijão. Tenho muito orgulho de ter participado da debulha de feijão bem como da apanha de arroz em adjuntos. Momentos alegres com o canto dos bem ditos sempre iniciado pelos Joaquins da Unha de Gatos e outros personagens do Roçado de Dentro, que eram mais atuados e dominavam o repente.
    Temos que agradecer a Morais por ter esse acervo de fatos acontecidos e com o seu bom humor divulga para lembrarmos e recordarmos um tempo histórico com uma presença de cultura que jamais será apagada por todos nós que fazemos parte da comunidade do Sanharol e cidades circunvizinhas.

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