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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 18 de maio de 2010

Roza Guede tá no Crato - ultima parte - Helder França.


Chegando no seu Almi
Eu vi a coisa bem farta
Avistei logo o Davi
Esse qui faz esta carta
Os freguez de lá são certo
Dotô Zegil, Egberto
Tutita e Ze da Pensão
Seu Almí gostô de mim
Mi apresentô a Bantim
Luciano e Barretão

Cada qual o mais danado
Pegano nos braço meu
Jaquis já tava infezado
Vendo o povo querê eu
No mei daquelas doidice
Chico Pierre me disse
Querendo me convencê
Ele disse, porem báxo:
Rozinha, dêxa esse macho
Qui eu vô viver cum você

Di seu Almi nois saimo
Mais lá ficou tudo im paz
Fumo bebê cum Antoi Primo
No restaurante Argo Mais
Lá tava Cái e Adeço
Dois homi que tem sucesso
Bebeno cum Abé Pinheiro
Jorge Nei sempre filiz
Bebeno cum Antoi Luiz
Bolinha e Quinco Monteiro

Ligeiramente passemo
Preu cunhecê Ciluê
Cuma tava escuriceno
Nois fumo lá pra AABB
Fumo dançá numa festa
Qui o povo chama seresta
Qui é mermo uma animação
Pra nois num ficá impé
Nois sentemo cum Dedé
Lá na mesa do Carlão.

Ailto tava melado
Mais im boas condiçoes
Cum seu Deusdet sentado
Lá cum o gerente Norões
E Carlão, já mei bebaço
Mandô pará um pedaço
Mode Dedé decramar
E ao pueta ele pede
Pá decramá Roza Guede
Pra mode eu iscutá.

Nunca mais qui hove carma
Ôto fogo se acendeu
O povo bateno parma
Pra seu Dedé e pra eu
Qui Crube istraordinaro
É o crube dos bancaro
Lá tem tudo que se qué
Nem dinheiro eu vi nas meza
Pois eles paga as despezas
É assinando uns papé

Ganhei de Nezim Patriço
Uma jaca preu levá
O Jaquis nem gostô disso
Num sei nem sivá buscá
Mode num dá in cacete
Adispois mando um biete
Quando Chico vin pur cá
Pidindo pá seu Nezim
Qui muito gostou de mim
Prele mermo i mi dexá

Pai, aqui tudo é beleza
Amigo tem de montão
Num sube o qui foi tristeza
Na festa da ispuzição
Dancei, bibi e brinquei
Pur esses mei eu errei
Mais isso é naturá
Se bota o barco pá frente
Sô muié independente
Dexe quem quizé falá.

Sexta-feira vô mimbora
Já cansei de passiá
E só mi resta eu agora
Umas lembrança levá
Pra Chico, Creusa e Vicente
Eu levo rôpa, somente
Pra mãe eu levo um colá
E pru senhor nun menti
Talvez vá levando aqui
Um neto prá pai criá.

Helder França.

Um comentário:

  1. Com esta terceira postagem, concluimos o poema da historia de Roza. Lendo as tres postagens encontramos muito sobre a memoria do Crato e sua gente. O passeio de Roza teve de tudo, até um presente para o pai, bem ao estilo dos dias atuais.
    Obrigado amigos.

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