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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 26 de março de 2013

Um Amor de cabelos Brancos - Por Renata Bitu

Paro todos os dias pra olhar você, dona dos meus olhos, e penso no nosso velho amor, o novo amor de todos os dias, começo a me perguntar como seriamos um sem o outro? Se já somos um só, uma vida noutra vida.
E se você partisse? Como eu iria viver? Como seria acordar todos os dias sem ouvir sua voz me chamando baixinho? E quando eu fosse dar minha voltinha pela manhã, acenando pra você um adeusinho, com a segurança de revê-la, sabendo que continuaria ali, no mesmo lugar quando eu voltar, correspondendo meu gesto até perder-me de vista.
E eu pensaria como você poderia ter me deixado? Só você sabe preparar tão bem o meu cafezinho, e ajeitar a minha roupa, com quem eu iria comentar indignado sobre o amor dos dias de hoje, esse amor que a televisão mostra todos os dias, esse amor que as pessoas tornaram tão vil, e você me diria: Que nada disso torna o nosso amor démodé.
E eu lembraria quando sentávamos juntos a recordar nossas vidas, lembraria de quando eu perco minhas coisas que só você sabe encontrar, ralhando comigo (gosto de te ver ralhar, vejo beleza até em seus defeitos).
E eu riria, depois outros ririam de mim, Olha o velho rindo sozinho, diriam. Pois eu também os zombaria, não sabem eles a importância daquele momento tão nosso.
Essas lembranças querida, serão grandes demais para que as suporte sozinho, nós dois que nos amamos tanto, que vivemos tão lindas historias escritas por nós e com Deus de diretor.
Lembraria ainda de quando te vi pela primeira vez, teus cabelos tão negros, tais qual os de Iracema (como a asa de uma graúna) e lembraria de quando foram ficando alvos, fio por fio, testemunhando legitimamente a vivência desse amor.
Nós dois meu amor, que já não precisamos abrir os lábios para falarmos um com o outro, teremos sempre à vontade de continuar nos amando tanto, um amor que passou da beleza física a espiritual.
E você me deixar, como pode? Iria mudando tudo que eu pensei existir, e ia percebendo que a saudade ia ficando mais crescida, e eu iria pedindo pra que as estrelas já não brilhassem, pra que as flores não perfumassem, para que os pássaros não cantassem, porque nada disso teria mais sentido sem você, e eu ia morrendo aos poucos, devagarzinho, pois como seria estranho tudo isso quando você já não esta.
Iria rezando para que os dias se consumissem mais rápidos e chegasse a minha hora de partir, para que eu fosse reunir-me a ti, para sempre, vivendo esse amor eternamente, e ainda depois.
Renata Bitu, em 26 de maio de 2010.
Dedicado aos meus avós.

2 comentários:

  1. Parabens Renata.

    O seu texto relata todo afeto, carinho, admiração e bem querer que temos pelos nossos avós. Faz um reconhecimento de gratidão pelo que eles representam para os netos. Um belo exemplo. Os netos um dia serão avós tambem, assim é a vida. Os encantos precisam ser reconhecidos e agradecidos.
    Muito bom texto. Um tema que seduz o leitor.

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  2. muito bom esse texto, eu como escrevo cronicas vejo que a renata escreve com sentimentos os seus textos vem de dentro do coração adoro ler os textos dela, pois ela escreve no meu estilo com o coração parabéns prima por mais esse belissimo texto

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