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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 29 de agosto de 2010

RAQUEL E CANUTA - Por Mundim do Vale

A saudade é uma visita
Que já chega se apossando,
No peito da gente fica
E o passado vai lembrando.
Faz ligação com a mente,
Mexe com tudo da gente
Regride até o pensar.
Mas é tudo só lembrança
Não existe a esperança
Do bom passado voltar.

Hoje com muita saudade
Lembrei de minhas madrinhas,
Que tenho a felicidade
De ter nas lembranças minhas.
Lembrei da boa conduta,
Daquela santa Canuta
Com a doçura do mel.
Tenho na lembrança minha,
A paciência que tinha
Minha madrinha Raquel.

Canuta tão miudinha
Que até se misturava,
Com uns irmãos que eu tinha
Mas a gente respeitava.
Pequena na estrutura,
Porém grande na ternura
Era como mãe pra nós.
Eu tenho tanta saudade,
Que pra dizer a verdade
Ainda ouço a sua voz.

Reunia a meninada
Com aquele jeito bondoso,
Contava conto de fada
E história de trancoso.
Depois pegava o rosário,
Em frente do santuário
Pra fazer sua oração.
E quando chegava a hora,
De Canuta ir embora
Era grande a confusão.

Raquel era no fogão
Tinha maior o seu fardo,
Tratava com devoção
A minha mãe de resguardo.
Fazia espécie e licor,
Com o tempero do amor
Que só mesmo ela fazia.
Quando terminava a luta,
Se juntava com Canuta
Pra fazer nossa alegria.

Era preta a sua cor
Assim como a escuridão,
Mas era claro o amor
Que vinha do coração.
Na sua face enrugada,
Se via os traços da estrada
Que andou em sua vida.
Na estrada que viajou,
Acho que no céu chegou
Madrinha Raquel querida.

E se madrinha Raquel
Ainda vive cozinhando,
Aqueles santos do céu
Com certeza estão gostando.
Mas se lá no firmamento,
Não precisar de alimento
Ela muda a profissão.
Vai rezar “ Ave Maria “
Ajudar na sacristia
Na hora da comunhão.

Dois corações que nasceram
Para plantar harmonia,
Duas santa que viveram
Semeando a alegria.
Mas Deus uniu nas alturas,
Essas duas criaturas
Deixando só a saudade.
Quem sabe foram ajudar,
A Jesus Cristo educar
Os anjos da eternidade.

Se um dia eu chegar no céu
E Jesus não se importar,
Vou ver madrinha Raquel
E a ele vou perguntar,
Se no céu também tem luta,
Por anda Canuta,
Se seguiu outros caminhos.
Onde está contando história
Se é no Reino da Glória
Para os santos e os anjinhos.

Se as duas eu encontrar
Vou dar notícias daqui,
Mas também vou perguntar
Se mamãe está ali.
Pois de tão grande amizade,
Ficou tanta da saudade
Que mamãe também morreu.
Vou pedir a Deus do céu,
Para que junte Raquel,
Canuta, mamãe eu.

Mundim do Vale
22/10/96.

Um comentário:

  1. Esse éo poema da gratidão e do reconhecimento.

    Prezado Mundim

    Estive em Varzea-Alegre, sentir sua falta. O Video que voce me enviou já tentei postar varios vezes e não tem acordo, não baixa. Quando me sobrar um tempinho vou procurar um entendido para converter o arquivo, quem sabe assim consiga fazer a postagem.
    Abraços.

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