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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 25 de agosto de 2010

UM CABRA BOM DE RECADO - Por Mundim do Vale

No domingo de carnaval do ano de 1963, Pedro Souza, Josimar Vieira, Munda Mariano e mais alguns agricultores do Roçado de Dentro, formaram um pequeno bloco de carnaval e vieram até a cidade. Aquele rítimo contagiante, fez com que toda a população cantasse “ Pó de mico “ com o bloco. Na segunda feira o pessoal ficou na expectativa do retorno do bloco, mas não aconteceu, a conversa na cidade era que os componentes haviam dito que o bloco não iria mais descer. Na terça feira eu passava em frente ao consultório do Dr. José Colares, que era o diretor do Recreio Social e clínico geral na nossa cidade. E o bom médico me chamou e falou:
- Raimundinho. Eu queria que você fizesse o favor de ir até o Roçado de Dentro e dizer a Pedro Souza, que eu mandei pedir para ele juntar o pessoal e descer com o bloco. Um pedido daquele médico era como uma intimação tanto para o bloco como para o pequeno portador do recado. Arranjei uma bicicleta emprestada e parti numa velocidade de fazer inveja ao Airton Sena. Tão grande era a velocidade, que quando o pneu traseiro passava na Varjota eu já via o dianteiro passando no Riacho da Formiga.
Depois que eu passei da casa de Antônio do Sapo, fiquei sabendo que ele tinha dito:
- Raimundo Piau só pode é tá levando uma notícia ruim para Liêda. Ele passou aqui tão ligeiro que a garupa ia quase colada no pneu da frente.
Quando fui chegando na casa de Pedro, Liêda estava na porta do oitão e me vendo cansado falou assustada:
- O que foi que aconteceu Nanum?
- Foi nada não.
- Foi sim. Diga logo que eu estou preparada.
- Foi nada não. Foi só porque mandaram um recado para Pedro descer com o bloco.
- Pois eu digo que ele não vai.
- Pois eu digo que ele vai. Porque quem mandou o recado foi Dr. Colares.
- Sendo assim, eu acho que ele vai.
- E onde é que ele tá?
- Tá limpando arroz ali na baixa de Bárbara.
Eu fui até a roça, quando passei o recado, Pedro já foi logo dizendo para os outros:
- Meninos. Nós não podemos faltar a Dr. Colares não.
Foi quando eu Disse:
- Pois é. E ele tá preparando uma recepção para vocês, de frente a casa de Dona Balbina.
Aqueles músicos que de tão simples, chegavam também a serem tímidos, superaram as limitações e compareceram fazendo naquele dia um alicerce, para o que seria no futuro a grande ESURD. Que hoje junta a MIS, fazem o melhor carnaval da região.
O o cabra do recado, ficou muito feliz por ter contribuído de uma forma significante, para a história carnavalesca e cultural da terra de São Raimundo.

Dedico esse conto a:
ESURD
MIS
LIÊDA SOUZA
BANDA ZABUMBANDO
E AOS FOLIÕES VARZEALEGRENSES.
Mundim do Vale.

2 comentários:

  1. Excelente história. E com um contéudo histórico do nosso animado carnaval. Muito interessante. Adorei...
    Abraçoss

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  2. Mundim.

    Como vemos em sua historia, aquela epoca os foliões eram agricultores. Voce tirou o Pedro da lavoura. Muito boa historia.

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