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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 20 de setembro de 2010

AUDITORIA MATERNAL - Por Mundim do Vale

Eu invento de escrever esses causos mas é de teimoso que sou Pois sempre tive dificuldades com a gramática. Eu nunca aprendi redação, pontuação, acentuação e nem resumo de textos.
Quando estudava no grupo escolar José Correia Lima ( é o novo )
Uma vez eu tentei confundir a professora Dolores Meneses de Carvalho.
Foi assim: a professora ditava os textos para os alunos copiarem valendo como prova.
Quando eu tinha dúvida se a palavra cabia ou não o acento, eu usava de esperteza agindo assim: Na palavra século eu colocava um risco sobre a letra” e “ mas bem apagado quase nada. Na palavra alicate eu fazia a mesma coisa no segundo “ a “. A boa educadora recolhia os textos e já era certo me chamar lá na sua mesa.
- Raimundo venha aqui! A palavra século tem um acento no “ e “ e você não acentuou.
Eu respondia: - Acentuei sim ! Olhe direito que eu botei.
Ela colocava o texto mais perto e concordava com um balanço de cabeça. Continuava corrigindo, de repente gritava:
- Raimundo venha Aqui! A palavra alicate não tem acento e você colocou.
- Eu respondi: - claro que não tem. A senhora tá enganada eu não coloquei não.
Ela disse: - botou sim, olhe aqui!
Eu falei: - Não senhora isso aí foi quando eu puxei o travessão do “ t “ o lápis escapuliu e triscou sobre o “ a “ não tá vendo que ele tá um pouco apagado.
A boa professora concordava balançando com a cabeça afirmativamente.
O que eu não sabia era que aquela boa educadora munida da responsabilidade de educar, estava mostrando tudo a minha mãe que também era professora no mesmo grupo.
Chegando em casa minha mãe disse que precisava fazer um reforço comigo sem dizer nada do assunto do grupo.
Ela sentou do meu lado e mandou que eu escrevesse enquanto ela ia ditando. Só que os ditados tinham sido desenvolvidos com algumas das palavras do questionamento no grupo.
Com essa auditoria maternal ficou explícita a minha malandragem. Sem explicação eu fiquei mais calado do que o ministro José Dirceu, depois do caso Waldomiro. Depois disto as minhas notas baixaram mais do que a popularidade do ex-prefeito Juraci Magalhães.

Esta reprise foi feita a pedido de um amigo que mora no estado de São Paulo.

3 comentários:

  1. É...

    É isso ai. O mundo é realmente dos mais expertos. Só que às vezes o tiro sai pela culatra, não é seu Mundim do vale do Machado?

    Um forte abraço do

    Vicente Almeida

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  2. Mundim.

    Voce escreve super bem porque teve a professora Dolores e sua mae do seu lado. Essa auditoria não existe mais hoje em dia. Quando um aluno coloca ou deixa de colocar um acento a mãe vai a casa do professor e joga os cachorros nele. O aluno tem sempre razão.

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  3. Mundim, você é um grande contador de histórias e escreve muito bem, parece que a gente tá vendo a cena.
    Escrever (e contar) textos com humor não é pra qualquer um não.
    Abraços poéticos
    stelA

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