Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 2 de setembro de 2010

MEUS PÊSAMES. SERTÃO. Por Mundim do Vale

Aceite, caro sertão
O meu voto de pesar,
É tão grande a emoção
Que o verso não quer rimar.
Mas sei filho Patativa,
Ganhou cadeira cativa
E a ave não está sozinha.
Hoje está na companhia,
Da Santa Virgem Maria
Nanã, Mãe Preta e Belinha.

Você como pai cumpriu
Muito bem o seu papel,
Mas o seu filho subiu
Pra casa do pai do céu.
Eu sei que a despedida,
Foi uma triste partida
Mas isso é coisa de Deus.
Pra você fica a saudade,
E a responsabilidade
Com o resto dos filhos seus.

Imagino a sua dor
E sei que a lembrança é viva,
Mas não foi seqüestrador
Que levou seu Patativa.
Foi um chamado de Deus,
Que convida os filhos seus
Quando concluem a missão.
Sei que a saudade não sai,
Que você é um bom pai
Mas se conforme. Sertão.

Eu sei que a sua tristeza
É ter a imagem viva,
Da bondade e da pureza
Do seu filho Patativa.
Mas o poeta foi forte,
E sempre encarou a morte
Como um fato natural.
E assim seu passarinho,
Foi morar em outro ninho
No jardim celestial.

Ele deixou uma história
Nos versos que recitava,
Subiu ao reino da glória
Que sempre em rima falava.
Foi um filho inteligente,
Mas nunca usou o repente
Pra se promover sozinho.
O que ele sempre quis,
Foi mostrar para o país
A carência do seu ninho.

Foi ao Rio de Janeiro
Andou também no Pará,
Mas seu ninho verdadeiro
Sem foi seu Ceará.
Foi trabalhando na roça,
Que o poeta da mão grossa
Sentiu a grande firmeza.
Dizia em tom de agrado:
- Eu tando no meu roçado
Tou perto da natureza.

O povo de Assaré
Lamentou muito essa morte,
Mas o sertanejo é
Antes de tudo um forte.
Sertanejo é conformado,
Com o que é determinado
Pelas ordens do Divino.
Se o seu pássaro já voou,
Foi porque Deus precisou
De um poeta nordestino.

O seu pássaro cantador
Deixou você conhecido,
Foi o maior defensor
Do sertanejo sofrido.
Estamos no mesmo trilho,
Se você perdeu um filho
Também perdi um irmão.
Pois também sou sertanejo,
Nos meus documentos vejo
Que sou seu filho. Sertão.

Pra terminar a mensagem
Feita com muito carinho,
Quero fazer homenagem
Ao poeta passarinho:
- Adeus poeta brejeiro,
Do Nordeste brasileiro
Devoto de São José.
Você já deu seu recado,
Fique com Deus do seu lado
Passarinho de Assaré.

Mundim do Vale

Um comentário:

  1. Mundim.

    Parabens pelo poema. Olhe primo, já convertir para quatro arquivos diferentes e não baixa para publicar no blog aquele video do Patativa e Pedro Souza que voce me enviou na locução do Antonio Alberto. Lamento, mas não houve jeito.

    ResponderExcluir