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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Revolução de Juazeiro - parte I - Por Jose Augusto de Lima Siebra

No dia seis de janeiro
Chegou no Crato um canhão
Alvoroçou a cidade
Houve grande animação
No covil do banditismo
Houve grande confusão.

Coronel Alípio Barros
Fazendo por demorar
Ao maldito Juazeiro
Segunda vai atacar
Os meninos de Candinha
Começaram a propalar.

Este cara de milagre
Com certeza está vendido
Pelo jeito se está vendo
Que não passa de um bandido
Se o governo não chamá-lo
O caso estará perdido.

E pode crer o leitor
Que se não fosse a demora
Com toda fé da verdade
Posso garantir agora
O governo com certeza
Tinha cantado vitória.

Mas quando no vinte e dois
O astro rei vem surgindo
Sua luz santa e dourada
Pelos campos espargindo
O combate pesaroso
De novo foi se ferindo.

Esta menina leitores
Tinha dez anos de idade
Pobre cordeiro imolado
No topo da crueldade
Flor murcha nos verdes anos
Roubada na castidade.

No termo de Várzea Alegre
Na fazenda Boa Vista
Uma família pacata
Branca, honrada, benquista,
Foi amarrada, açoitada,
Por se dizer rabelista.

E quais lagartos famintos
Seguia esta negra escória
Como satãs humanados
Na sua trajetória
Que com maldição eterna
Ficará em nossa história.

O bravo capitão Penha,
De amigos sendo avisado
Que a infeliz jagunçada
Já de plano formado
De tomar Suçuarana
Para deixá-lo cercado.


Em procura dos valados
Parte o herói batalhão
Para a vanguarda da esquerda
Segue o pesado canhão
Vomitando tiros fortes
Qual fragoroso trovão.

Tendo dado doze tiros
Sem proveito algum tirar
Pois que devido aos valados
Não pôde se aproximar
O comandante mandou
Pra o quartel retirar.

Continua na proxima postagem.

Um comentário:

  1. As historias que ouvir a respeito deste periodo são de arrepiar. Em qualquer municipio da região, onde houvesse uma familia ou comunidade que não comungasse com os dominadores a cabraiada visitava e a peia cantava. Foi assim em Varzea-Alegre, na Fazenda Boa Vista como está registrado no poema de Jose Augusto de Lima Siebra.

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