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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Sem oposição não há democracia – por Francisco Assis Machado Neto (*)


Há 18 anos (1992) vivi uma experiência enriquecedora como candidato, na época, a prefeito de Fortaleza. Mesmo sem o sabor da vitória, desejo de todo candidato, senti-me compensado por ter acumulado nos revezes da luta grande experiência de vida, um capital imensurável que ficará sempre ligado à minha pessoa. Envolto na estafante agenda de uma campanha eleitoral, certo dia fui a uma reunião com professores universitários na casa de um deles, num ambiente confortável, descontraído, capaz de propiciar um debate franco. Eles queriam me conhecer, me ouvir, conhecer minhas ideias e meus planos para o governo. Creio que cumpri minha missão com êxito.
Depois de sabatinado, um deles me surpreendeu com extrema educação e sinceridade: “Assis, não me restaram dúvidas de que o seu preparo, as ideias e os planos que você nos apresenta superam os de seus concorrentes. Mas nós não devemos votar em você”. E justificou seu ponto de vista argumentando que o meu partido já exercia o poder nos âmbitos federal e estadual e não lhe parecia salutar que ocupasse também o poder municipal. Não seria bom para a democracia - sugeriu.

Ora, a democracia pressupõe a existência de oposição, com espaço político, competência e independência para exercer uma boa fiscalização das ações públicas e do debate em torno dos projetos em prol da sociedade. Mas o Poder Executivo, pela sua natureza e em face das leis existentes, dá muita força aos seus agentes. Esses, juntamente com as assessorias que fogem aos limites de suas atribuições, formam um conjunto que fala e age em nome dos governos. Terminam resvalando para práticas ilegais e ações condenáveis, em proveito próprio ou grupal, desvirtuando assim o interesse público que deve prevalecer por ser o único legítimo.

Com a unanimidade e sem a fiscalização da oposição, essas práticas chegam a extrapolar o controle do próprio governo, gerando os desvios de conduta e os escândalos administrativos contrários ao interesse público. Por isso, todo dia temos que colocar os pés firmes no chão do dever, conscientes de que o cargo público é transitório e tem por único objetivo servir ao povo que nos colocou lá pelo voto democrático. E uma oposição respeitosa, consciente, comprometida com a seriedade é instrumento legítimo indispensável na defesa e sobrevivência da democracia.
É que o exercício do poder precisa de limites, de freios para não transbordar desvios. E quem tem essa capacidade de freá-lo é a oposição. Pensemos nisso.
(*) Francisco Assis Machado Neto - Empresárioassis@motamachado.com.br

7 comentários:

  1. Prezado Armando.

    No inicio de decada de 1970, no senado federal existiam apenas sete senadores de oposição. Marcos Freire por Pernambuco, Franco Montouro por São Paulo, Tancredo Neves por Minas Gerais, Paulo Brossard Rio Grande do Sul, Jose Richa pelo Paraná, Henrique Santilho por Goias, Chagas Freitas Rio de Janeiro. Os outros 74 senadores eram situação inclusive 27 deles indicados. estes sete senhores davam o maior trabalho ao governo. O governo monitorava Paulo Brossard por que ele sozinho valia por todo esse senado de hoje. O pior é porque não existe oposição. O Zé Agripino estava fazendo um discurso no senado e o Renan aparteou dizendo: Se eu fosse Vossa excelenciaq eu não dizia isto: Vossa excelencia tem concessões de radio, Tv, jornal, emprestimos no BNDS e podem ser cancelados? Que moral tem uma oposição destas?

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  2. Quando vejo o mito marketing falando em extirpar opositores, cada vez mais me convenço da necessidade da oposição. Seria bom indagar aos dois "senadores de Lula" aqui no Ceará - Eunício e Pimentel - se ambos teriam votado a favor da CPMF em 2007 e se vão votar a favor dos itens do PNH-3.

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  3. É...

    Parabéns Armando Rafael por mais uma postagem de qualidade, cujo conteúdo é por demais esclarecedor, educativo e sério.

    ++++++++++++++++++++++

    Peço ao comentarista A. André L. Pinheiro, explicar aos leitores do Blog, o que é PNH-3, se possível em forma de postagem, já que se trata de um item tão do seu conhecimento, para que assim, eles possam se situar, e se possível tecer comentários.

    Assim poderemos continuar debatendo temas relevantes, que nos levem ao amadurecimento das idéias e melhor conhecimento da terra onde pisamos.

    Abraços do

    Vicente Almeida

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  4. Prezado Vicente.

    Solicito do Dr. Antonio André encaminhar o resumo do PNH-3 para que postemos.

    O Pnh3 é um projeto de lei enviado ao congresso com alguns dispositivosw controversios. O presidente afirmou que assinou sem ler e retirou da pauta do congresso temendo a repercursão negativa. No seu bojo estão direitos: Veja só Vicente. Se o pessoal da Batateira invadir sua propriedade voce perde o direito de reclamar na justiça, o direito passa a ser do invasor. O torturador de direita que defendia a lei na epoca é pra ser julgado, condenado já o torturador de esquerda é para ser idenizado.
    O aborto será permitido, pode matar inocentes a vontade.Censura a lei de imprensa, só poderá ser publicado o que for favoravel ao governo. E mais algumas sandices. Acredito que o Dr. Antoinio André vai levantar todo o projeto e eu postarei.
    Um fato é vergonhoso. O presidente retirou da pauta do congresso alegando que assinou sem ler. Durma-swe com um negocio desses.

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  5. Vicente.

    Veja as coisas do Brasil.

    Lula viajou para França, o Alencar assumiu a presidencia, portanto Alencar é que deveria assinar qualquer coisa em nome do Brasil. Mas o Lula é que assinou o decreto lá fora e depois disse que assinou sem lê. Pode-se se levar a serio?.

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  6. Um bom resumo do PNH-3, por menor que fosse, certamente não caberia no espaço de um comentário de postagem. Por isso, posto abaixo os links de 4 vídeos que explicam muito bem os principais pontos desse decreto:

    http://www.youtube.com/watch?v=zngZ4RgNQzE

    http://www.youtube.com/watch#!v=H2q0b7iCCmM&feature=related

    http://www.youtube.com/watch#!v=9EP_uD3wd0A&feature=related

    http://www.youtube.com/watch#!v=-1meCRu-XDM&feature=related

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  7. É...

    Morais, acompanhei toda a questão daquele malfadado projeto.

    O que quis dizer, foi que o André devia prestar um esclarecimento aos leitores sobre o fato em questão, pois, percebi que ninguém até o momento havia apresentado qualquer manifestação a respeito, e entendi que havia um certo desconhecimento dos leitores.

    Posso até estar errado! Contudo seu esclarecimento certamente tirará muitas dúvidas.

    Em alguns casos, devemos escrever mostrando o que queremos dizer e por que!

    Um adágio antigo diz: “Mato a cobra e mostro o pau” – Nunca vi coisa mais estapafúrdia. Se matarmos a cobra e para destemor dos demais, devemos mostrá-la “Muerta”.

    Abraços do

    Vicente Almeida

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