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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 26 de outubro de 2010

INÊS & PINTA - Por Mundim do Vale

Raimunda Pinto, era uma Senhora que além de idosa era deficiente visual. O pessoal em V. Alegre chamava na intimidade de Pinta. Ela tinha como guia e companhia a sua neta Inês que ainda criança assumiu a responsabilidade de andar com a sua avó. Inês aprendeu a conduzir a Pinta para os lugares que ela mais gostava. E assim foi gerando uma afeição maior entre avó e neta.
O tempo foi passando e Inês foi crescendo sem deixar a companhia da Pinta. Quando completou quinze anos chamava a atenção dos homens pela beleza que tinha: Pernas grossas, cintura
Fina, pele limpa e rosto bonito. Para toda parte que ia sempre levava Pinta,não largava a Pinta.E a Pinta por sua vez, só levantava quando Inês segurava.
Certo dia Antônio André encontrou-se com as duas e falou para a avó:
- Pinta. Você tenha coidado cum Inês! Ela tá ficando muito bem feitinha de corpo e é isso qui os macho quer. Ela já tá sendo prisiguida e você sabe qui fogo perto de algodão o Diabo vem e assopra.
Pinta levantou a cabeça e falou:
- Savexe não Seu Ontõe. Qui eu vou abrir o ôi cum Inês. Eu num inxergo cum o zói, mais inxergo cum a vivença.
Quando Inês começou a namorar a coisa desdandou. Ela continuou levando Pinta mas diminuiu os cuidados: Deixava a Pinta se sujar, deixava a cabeça da Pinta bater na janela, deixava a Pinta se molhar na chuva e não tinha o constrangimento de dizer que não podia viver sem Pinta.
Depois de um tempo a Pinta amoleceu, ficou adoentada e não saía mais. Inês sempre fiel não largou a Pinta, ficaram as duas morando juntas numa casa. Pinta dormia no corredor e Inês na sala.
Numa certa noite Inês tava agarrada com um namorado quando a Pinta gritou:
- Ou Inês! Tem argum ome dento de casa?
- Tem não vó. É eu que tou dando a comida do meu gato.
- Apois você tenha coidado cum gato de duas pernas!
Uma vez as duas almoçaram um peba e logo depois do almoço, Pinta pediu a Inês para catar piolhos na cabeça dela.Logo que Inês começou sentiu uma gastura e começou a vomitar. Pinta notou o aperreio da neta e perguntou:
- Inês o quier qui tu tem? Será qui tu tá imbuchada?
- Vira essa boca pra lá vó! Isso aqui foi o peba qui fez mal.
Pelos meus cálculos se aquele peba sobreviveu, ele deve está hoje com trinta e nove anos.
Dedicado ao poeta Cláudio Souza.

3 comentários:

  1. Prezado Mundim.

    É bom que se saiba que Antonio André ou Antonio de Ze Andre era outro. Quando a Ines andava com a Pinta eu que tambem sou Antonio André ou Antonio de Ze André ainda não tinha nascido. Uma boa historia bem contada.

    Abraço Mundi.

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  2. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    A danada dessa carne de peba é mesmo carregada, o que tem de "minino" nascido do mal que ela faz..... kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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  3. PENSE NUM. AÍ SIM É SABER CONTAR UM DUPLO SENTIDO SEM MALDADATE. VALEU POETA .. SÓ NAO SEI O PORQUE FUI ESCOLHIDO PRA VC DEDICAR A PINTA. KKKK

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