Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 30 de novembro de 2010

MOMENTO DA POESIA

As coisas do tempo
- Claude Bloc -


Hoje me recuso
a interpretar
as coisas do tempo...
Não ouso mesmo
mudar nada
pois ainda guardo nos olhos
as cores das flores
no jardim da minha infância

ainda atiro pedras
sobre o espelho d'água do açude,
ainda ouço os sinos
da igreja da Sé
cedinho, aos domingos,
despertando os homens
e os arcanjos

ainda ouço em silêncio
a sinfonia suave das pétalas
e das noites escuras

ainda tenho na boca
o gosto dos bolos
que minha avó fazia
nas férias de julho.

Enquanto isso, a vida seguia
a gente contava histórias de fadas
e eu
desenhava nos meus pensamentos
um mundo muito mais perfeito
que os fins de todos esses contos:
um mundo sem países
e sem fronteiras.

Eu era como os pássaros soltos
que fazem o seu trajeto:
eu voava livre...

Por isso
hoje me recuso
a interpretar
as coisas do tempo.
Não ouso
mudar nada...

Claude Bloc

3 comentários:

  1. Como diz o nosso ilustre Manuel Severo:
    O que dizer? Mais uma vez a Claude nos cala.... Parabens.

    ResponderExcluir
  2. Obrigada Morais.
    Muitas vezes calar é acatar, acolher, receber... Se você recebe minhas palavras, isso me alegra.

    Abraço,

    Claude

    ResponderExcluir
  3. Você diz exatamente o que eu planejava dizer um dia mas vc sempre chega antes e me cala. Parabéns,Claude! Tenho muito a aprender com vc e Mundim. Adoro flores, fotos e música, viu?
    Je t´embrasse,
    Fafá

    ResponderExcluir