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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 6 de maio de 2014

Homenagem a um grande amigo e escritor do Blog do Crato e Sanharol - Vicente Almeida - Por: Dihelson Mendonça



Existem pessoas que um dia a gente conhece, sente que há muito em comum, mas por força dos compromissos, dos inúmeros afazeres que a vida nos impõe, acabamos sem ter a oportunidade devida de nos aprofundarmos na amizade. Esse é o caso de um grande amigo que presto uma homenagem hoje. Vicente Almeida, mais conhecido por Almeidinha, cuja amizade vem dos tempos de meu pai. Os dois contabilistas, na década de 80 e início de 90, compartilhavam conhecimentos e amizade. Meu pai, Damião Sousa trabalhava na construtora LEIMO, de propriedade de Dr. Assis Leite, que ficava ali na R. Senador Pompeu. Era o chefe de setor pessoal ( foi inclusive nesse tempo que o Antonio Morais, nosso escritor e colaborador, era gerente do BIC, e meu pai também fez amizade com o Morais ). Era tudo ali pertinho, construtora Leimo, quase defronte existia o cartório de Geraldo Lobo, Aglézio de Brito, na outra esquina existia o banco BIC, e tínhamos ainda a famosa Farmácia Pasteur, na outra esquina.

O Almeida possuía um escritório de contabilidade muito renomado na região do cariri, sendo a primeira pessoa que se conhece a utilizar a informática nesse setor, na região. Sempre foi além do seu tempo. Usou computadores para o trabalho, quando estes não tinham ainda nem disco rígido; Usávamos disketes naquela época, e os antigos CP-300 da empresa Prologica.

Almeida tem uma filha a quem eu tenho a maior consideração também, porque tive o prazer de ser seu professor de piano: A nossa querida Poliana. Lembro-me de Poliana, uma mocinha sapeca, correndo nas dependências da SCAC - Sociedade de Cultura Artística do Crato. Ia quase todo dia, religiosamente estudar as peças nos pianos das salas do andar superior, e passava horas tocando os exercícios. Naquele tempo, eu tinha uns 18 alunos de piano ( 1986/87 ) e eram sempre divertidas as nossas aulas, porque a Poliana sempre foi uma pessoa muito alegre, muito extrovertida, muito atenta. Naquele tempo não existia tristeza. Olhando agora através da janela do tempo, era tudo como um sonho azul e rosa. Havia uma magia no ar, junto com a música, e os perfumes. O mundo era um lugar doce de se viver. Poliana casou-se e foi morar em São Paulo. Enquanto isso, Almeidinha continuava a trabalhar diuturnamente no seu escritório, que pelo pioneirismo e a sua competência era para o mundo da contabilidade, assim como Dr. Aglézio de Brito está para o mundo da advocacia. O tempo passou... Poliana teve filhos...Eu toquei no casamento da outra filha do Almeidinha. Uma grande honra para mim. Os computadores ganharam terabytes de memória...entramos na era internética, e ganhamos alguns cabelos brancos, mas perdemos alguns entes queridos, inclusive meu Pai.

O tempo, este vilão imperdoável, comum a todos, nunca permitiu que nos aprofundássemos muito em nossa amizade. Encontrávamo-nos ainda esporadicamente "Boa Tarde, Sr. Almeidinha!", "Boa tarde, Dihelson!"... até o dia em que para minha felicidade, vi uma postagem do Almeida no Blog do Sanharol e logo, uma no Blog do Crato. Seria o mesmo Vicente Almeida que eu conhecia há décadas ? A resposta foi: SIM. Ali estava um amigo "virtual" antes mesmo de existir internet. Almeida hoje escreve crônicas, questionamentos importantes à sociedade, traz mensagens de otimismo e como não poderia deixar de ser, conduz uma personalidade magnética.

Ontem, quer por coincidência ou por um destino programado ( como Almeida, eu também não acredito em coincidências ), nos encontramos como há muitas décadas não foi possível, no calçadão do Crato. De repente, iluminado ao sol causticante do mês de dezembro, surgia aquele homem baixinho, trajando um óculos tão característico e familiar que é a sua marca registrada, portando o sorriso de uma criança sapeca que nos dá a impressão de que ele nunca mudou as feições. E foi festa! Almeida sentou-se, e pudemos conversar longamente sobre a vida, sobre o poder da amizade, compartilhar experiências, e falar sobre as pessoas de quem gostamos. Ao final, como não poderia deixar de ser, continuei com aquela mesma sensação de 25 anos atrás, de que o homem tem tantos conhecimentos, que é preciso ainda conversarmos por muitos anos para que possamos trocar idéias e experiências.

Meu querido Almeidinha, foi um prazer imenso encontrá-lo naquela tarde no calçadão, ao lado de outro grande amigo, Wilson Bernardo, e tantos outros. Uma vida às vezes, não é suficiente para que possamos conhecer alguém em sua totalidade, mas bastam apenas 5 segundos para perceber quando uma pessoa é verdadeiramente, um grande ser humano.

Um grande abraço, meu velho e novo amigo!

Dihelson Mendonça

11 comentários:

  1. Almeidinha, depois eu te envio as fotos por E-mail conforme prometido.

    Abração,

    Dihelson Mendonça

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  2. Prezado amigo e irmão Dihelson.

    Falar do amigo Vicente é coisa facil pra mim. Porém, no seu texto voce fechou as brechas, tapou os caminhos e disse tudo sozinho. Cabe-me tão somente assinar em baixo junto com voce. Vicente é tudo isto e muito mais.

    Nos conhecemos em meados da decada de 1970. As familias se irmanaram, os filhos se criaram juntos, e, se fossemos contar as historias deles teriamos materia para dez Blogs.

    Vicente é aquele amigo que quando voce pensa que está só, ele chega. Tenho orgulho e agradeço a Deus por tê-lo como amigo.

    O seu texto se completa quando voce fala de Damião de Sousa, seu pai e meu grande amigo de saudosa memoria.
    "Sei o quanto é dificil pra voce dizer: naquela mesa está faltando ele, e a saudade dele está doendo em mim". Mas, com certeza, da casa do pai ele está torcendo por voce e por seus amigos.

    Abraços.

    Estamos aguardando hoje a noite em nossa casa.

    Abraço Sincero.

    A. Morais

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  3. Dihelson Mendonça,

    O saudosismo se mistura a contemporaneidade nesse relato mostrando a todos nós a importância da amizade, do respeito e da dedicação para com o próximo.

    No texto, você fala que cinco segundos foram suficientes para confirmar o que já sentias pelo Vicene Almeida. Um homem iluminado.

    E eu, que não tive nem um segundo dessa dádiva divina e já admiro essa figura humana como se já o conhecesse de longas datas.

    Um abraço.

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  4. Dihelson, você teve a sorte de em 365 dias conseguir 5 segundos pra conversar com Vicente Almeida.Não os conheço,mas pelas as expressões nas fotos vejo que são dois seres humanos nota mil.

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  5. Vibrante esta justa homenagem ao Vicente Almeida. Tenho-o como símbolo da perseverança, da altivez, da hombridade e da honradez. No passado, ele não sabe, dava lições de dedicação ao diuturnamente descer e subir o velho Lameiro para estudar e trabalhar. Muitas vezes a pé pelas estradas empoeiradas e escuras. Eu pensava: se ele faz, eu também posso fazer. Devo isto a ele, meu professor ad hoc.

    Esta face generosa de Dihelson deriva de sua alma iluminada e adornada pela poesia, pela música, e que ele não esconde quando reconhece valores, como os de Vicentinho, e quando fotografa calibrando luz, vida e encanto.

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  6. Dielson, escuto sua voz toda noite, adoro seu repertório ( SOUS LE CIEL DE PARIS, oh la la!!!), já havia falado isso para Morais mas hoje você se superou ao escrever a bela homenagem para Vicente. Fiquei impressionada com a sua coragem. Escrever para nosso amigo escritor não é nada fácil, tenho certeza que ele vai se emocionar muito. O BLOG DO SANHAROL está fechando 2010 com muita classe.PARABÉNS E UM 2011 COM MUITA SAÚDE E PAZ, O RESTO A GENTE CONQUISTA,
    FAFÁ BITU

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  7. Dihelson,

    Você se superou nessa homenagem mais que merecida.

    Eu já vinha lendo e apreciando as postagens de Vicente Almeida aqui e no Blog do Crato, De vez em quando, eu também me sentia premiada pelos comentários dele dirigidos aos meus textos.

    Essa coisa virtual, muitas vezes gera uma admiração e uma familiaridade com a pessoa e logo já a sentimos como se já a conhecêssemos...

    É assim que sinto sobretudo aqui no Sanharol. Todos ficam cabendo direitinho nos conformes de uma amizade.

    Parabéns, então a você Dihelson, pela iniciativa e pela oportunidade que nos proporciona de conhecer melhor Vicente Almeida, ressaltando, como você faz, o lado humano além do literário. São essas as coisas boas desse mundo "cibernético".

    Abraço a você, a Vicente e a todos do Sanharol.

    Claude

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  8. Querido Dihelson

    Como não tenho conta no Google, estou usando a conta do Vicente, para te dizer:

    Obrigada pela homenagem que fizestes nesta postagem ao meu marido amado: Vicente Almeida.

    É gratificante para mim, ver o Vicente ser reconhecido, pois ele é realmente integro e leal. É um homem voltado para a família e para as pessoas, independentemente de serem parentes ou amigos.

    Você também Dihelson, é uma pessoa iluminada, sensível e amável.

    Tenho um especial carinho por você desde seus tempos de juventude, quando ensinavas a Poliana, os primeiros passos no piano na SCAC.

    Foi você quem por duas vezes, com o seu piano, fez vibrar os corações dos nossos convidados, ao tocar nas cerimônias de casamento de nossas filhas: Adriana e Poliana, em Fevereiro e Dezembro de 1992.

    Durante a recepção, os convidados comentavam a beleza que tinha sido o seu repertório. Nunca haviam escutado uma “Carruagem de Fogo” tão bem executada.

    Obrigada Dihelson, por ser amigo amável, obrigada por existir e ser um cratense.

    Abraços

    Maria Valdênia Lima de Almeida

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  9. Obrigado, gente!

    Fiquei espantado e encantado ao entrar apenas algumas horas depois aqui no SANHAROL e já ver 9 comentários sobre esta postagem.

    Quero agradecer imensamente pelas gentis palavras a mim dirigidas, e ao nosso querido irmão Almeidinha, o verdadeiro homenageado. Almeida é isso e muito mais. É preciso conhecer o homem para ter idéia do que eu falo, da sua simplicidade, coisa tão característica, gente!

    Eu só tenho a agradecer ao Almeida pela amizade, consideração que ele fervorosamente demonstrou pela nossa família, e agradecer a todos vocês: Morais, Sávio Pinheiro, Rolim, Zé Nilton, Fafá Bitu, Claude e a nossa querida Valdênia ( que deve providenciar aí uma conta no Gmail para enviarmos um convite em separado ).

    Morais, nós precisamos ver depois como fazer a Festa do Blog do Sanharol algum dia, para reunir essa turma boa. A gente sente que aqui, as energias positivas fluem. E isso só provém de um ser abençoado como você, que sabe muito bem ESCOLHER quem deve permanecer no Blog do Sanharol. A escolha é tudo na vida!

    Abraços,
    FELIZ ANO NOVO

    Dihelson Mendonça

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  10. É...

    Amigo Dihelson:

    Estou retornando para te agradecer tanto carinho com que me envolveste nesta postagem.

    É verdade, convivi com teu pai, ali pertinho de mim. O meu escritorio, era na mesma rua e quase em frente a LEIMO e tirei muitas dúvidas com ele.

    Você narra fatos que a minha memória ja havia colocado em Arquivo Morto. E a Valdênia aproveitou para lembar outros.

    Valeu, foi muito bom.

    *************************
    Aproveito o espaço para agradecer carinhosos comentários dos meus compenheiros de Blog: A. Morais, Fafá Bitu, Dr. Rolim, Dr. Sávio Pinheiro, Claude Bloc e Zé Nilton.

    E este último, o Professor Zé Nilton,levantou o véu do tempo, para reativar lembranças inesquecíveis. Foi o caso de lembrar minhas orígens e dificuldades na luta por lugar ao sol.

    É verdade, nasci agricultor, residi distante da cidade seis kms. e descia para o Crato a pés, para estudar. Foi assim de 1954 a 1967, quando concluí meus estudos.

    Obrigado pela postagem, obrigado aos amigos.

    Um grande abraço a todos

    Vicente Almeida

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  11. Dihelson, seu comentário foi uma verdadeira viagem no tempo... Lembro-me da sua paciência em ficar a minha disposição quando eu o solicitava. Como sinto saudades daquela época!

    Abraços,
    Poliana Lima de Almeida

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