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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

A bola era de meia - Por Dr. Jose Bitu Moreno.


A bola era de meia, preenchida por algodão socado, tiras de pano, além de outras meias, ou o que houvesse de macio que não machucasse. O campo eram as calçadas desiguais, às vezes as ruas de terra batida ou mesmo as de calçamento de pedras. As traves do goleiro eram dois tijolos, pedras, ou gravetos fincados no chão. O horário, qualquer um. E assim tinha-se então uma partida de futebol. Um problema era o tamanho, pequeno, da bola e o fato de correr rasteira, sem quicar, além da irregularidade do campo, o que ocasionava frequentes topadas. Saía-se então com a unha levantada, o sangue escorrendo pelos cantos, geralmente no dedão do pé direito. Bom, na verdade não era bem uma contusão, fazia até parte pela freqüência com que ocorria.

Impulsionados pela mão direita, os pneus grandes de carros eram conduzidos pelas calçadas, virando nos becos, seguindo caminhos imaginários, demorando-se nas subidas, correndo disparados nas descidas, respondendo à velocidade e maestria do bom motorista. Eram os nossos carros de corrida e o autódromo era toda a cidade. Com os pneus menores, de velocípede, se utilizava uma armação de arame para os conduzi-los, de forma que ficavam firmes, velozes, obedientes, sujeitos a manobras inesperadas, na medida justa da competência da mão condutora.

Bola de meia, carrinhos de caixa de fósforos, bonecas de espiga de milho, cavalos de pau, bodoques e baladeiras feitas a mão, peões de madeira, bolinhas de gude, boiadas de barro, corridas de pneus...Toda nossa infância utilizamos esses brinquedos, que nós mesmos construíamos.

7 comentários:

  1. Dr. Jose Bitu.

    Belas lembranças, grandes saudades. Os de hoje estranham e talvez nem acreditem que assim fosse. Mas, quem viveu aqueles tempos e se divertiu com aquelas bricadeiras lembram com muita saudade, porque foram muito felizes.

    Abraços.

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  2. Dr. José Bitu,

    Você abriu um baú de lembranças que encheu o coração da gente de saudades.

    Lembrei-me de meu tempo de Crato, quando meus irmãos brincavam pela casa e pela rua Irineu Pinheiro com os mesmo brinquedos citados aqui.

    Era uma "zuada" danada, de gritos, risadas, palavrões, choros, enredos... e as mães corriam acudir a um a outro nessa empreitada...

    "Eles eram felizes e nem sabiam"...

    Abraço, e obrigada por trazer de volta tanta lembrança.

    Claude

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  3. Zé Bitu, teu texto me fez lembrar uma briga dos meninos na pracinha. Não sei se você era da época. Tinha um que chamavam " BARRUADA" lá entre eles. Parece que houve um desentendimento e ele bateu no meu sobrinho. Socorro, minha irmã ouviu a zuada de longe e correu:
    - O que foi, menino? E os colegas gritaram em coro:
    - Foi Barruada.
    Pensa no susto da minha irmã!
    Fafá

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  4. Fafá.
    Barruada era Tontõe de Zé Pereira
    do café. Ele ganhou esse apelido depois que o motorista João Barros lhe atropelou.
    Saudades de vocês.
    Mundim.
    Usei a conta da Duda por conta daminha pressa.

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  5. Amigos,

    Como bem disseram, são fragmentos de um tempo que vivemos um dia, e que foi soterrado pelo avanço tecnológico do mundo.
    Barruada era um companheiro de brincadeiras. Mundim falou o resto.
    Abraço a todos,
    José Bitu

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  6. Mundim, entendemos a razão de sua pressa,nós também estamos com saudades e como! Abraço Fafá

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  7. José Bitu,

    Quantas recordações da nossa infância. E colocar pó de café no dedão para estancar o sangue, lembra?

    Um abraço.

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