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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 25 de março de 2011

Dom João VI, esse injustiçado – por Armando Lopes Rafael


Percorrendo, outro dia, uma locadora de filmes, deparei-me com um DVD que reunia todos os capítulos de uma antiga minissérie da Rede Globo: O Quinto dos Infernos. Quem ainda se recorda dessa minissérie da Rede Globo”? Sabemos que a maioria da programação das nossas emissoras de televisão é feita de programas medíocres. Dentre esses, existem alguns piores. Foi o caso de O Quinto dos Infernos...
Num país onde até as pessoas de nível universitário pouco conhece da nossa história, fica no telespectador, -- após assistir ao O Quinto dos Infernos -- a visão errônea de que são verdadeiros os fatos falseados pela Rede Globo. O próprio autor da novela afirmou que tudo não passava de uma mistura de ficção e criação lúdica (brincadeira, divertimento) para garantir audiência. No entanto a imensa maioria dos telespectadores não sabem disso e assimilam como se verdade fosse o que aquela minissérie mostrou de Dom João VI, como se ele fosse apenas um glutão, despreparado, omisso e preguiçoso.
Nada mais falso!
Os historiadores honestos dizem exatamente o contrário. Evaldo Cabral de Mello afirmou: “O Quinto dos Infernos revela muito mais a cabeça dos telespectadores do século XXI do que a realidade do início do XIX”.

O escritor inglês Marcus Chekek, no livro Carlota Joaquina (Livraria José Olympio Editora, 1949, pagina 210), após minuciosa pesquisa, assim descreveu Dom João VI: “Era acessível ao mais humilde de seus súditos. Foi sempre um fervoroso católico e um protetor da música. Era caridoso, profundamente leal para com seus amigos, leal com os aliados de seu país, sentimental, fácil de levar e muito apegado à fisionomia e cenas familiares. A afeição e o respeito que gozou entre o seu povo foram postos à prova em inúmeras ocasiões. Os defeitos do seu caráter eram, em geral, os excessos das suas boas qualidades. Um homem menos bondoso ter-se-ia livrado de suas dificuldades com um divórcio, ou imposto disciplina a seus filhos pela severidade”.

Já o historiador Oliveira Lima, no livro “O Império Brasileiro” (Itatiaia, SP, 1989, página 182) escreveu: “Foi moda, durante muito tempo, difamar D. Pedro I e zombar o mais possível do bom Rei D.João VI, a quem o Brasil deve sua organização autônoma, suas melhores fundações de cultura e até seus devaneios de grandeza”.
É verdade.


Basta ver o que ele fez quando aqui chegou, com a Família Real, em 1808. Foi Dom João VI quem abriu os portos do Brasil às outras nações; criou o Banco do Brasil, a Biblioteca Pública, o Jardim Botânico, e tantas outras repartições que consolidaram o Brasil como nação, como o ensino médico, o curso de agricultura, a Imprensa Oficial, a Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios e o Curso de Cirurgia dentre outros.
Lamentável. Profundamente lamentável que a Rede Globo de Televisão tenha prestado mais este desserviço ao Brasil, num momento em que nosso país precisa retomar o civismo, o patriotismo e o interesse pelo estudo da nossa história.
Texto e postagem de Armando Lopes Rafael

Um comentário:

  1. Armando Rafael,

    Os veículos de comunicação do nosso país, através da ganância por audiência, vem ferindo a nossa história de forma cruel. Excelente texto para reflexão.

    Um abraço.

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