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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

MATA - POVOADO - VILA - CIDADE - Postagem de Antônio Morais


Várzea-Alegre.

Não sei se eu já lhe disse que, por ocasião da inspeção do Alferes Bernardo às suas terras, nos longínquos de 1.718, aquilo tudo, por ali, era mata virgem, um entranhado de sabiá, jurema, catingueira, mofumbo, juazeiro e outros pés de pau.

É verdade que existia uma várzea muito extensa, agradável, trá-lá-lá, que levou a pronunciar três palavras, duas das quais deram nome a nossa terrinha: Que Várzea Alegre! Depois disto, ele poderia ter ficado mudo e, ainda assim, teria passado a Historia.

Depois, pouco a pouco, foram surgindo os moradores e suas poucas e toscas moradias. Eram as raízes de um povoado. Não sei se foi Le Corbusier ou Oscar Niemaryer quem traçou o plano urbanístico. O certo é que o artista que se impôs tal mister foi de uma inspiração que vou-te-contar!

Talves segundo os parâmetros e figurinos da época, tenha escolhido o acidentado espinhaço em que edificou suas primeiras vivendas: mesmo em cima da coluna vertebral Resultado: as casas, para seu nivelamento, possuíam uma fachada fronteiriça normal, enquanto que a parte posterior é sempre um primeiro andar.

Assim, é a casa em que nascemos eu e meus tantos irmãos, bem como todas as demais do núcleo gerador, as mais antigas, já se vê. Tanto bastou para que os humoristas, nos seus contrastes de Várzea-Alegre, falassem nos sobrados por trás das casas, grandes bestalhões esses humoristas.

A planta interna de uma é a de quase todas elas: uma porta e duas janelas de frente, uma saleta, um corredor comprido, ao lado do qual se localizam dois e três quartos de dormir, em seguida, uma ampla sala, em toda a largura da casa, destinada as refeições, um terraço ou alpendre interno, já na parte elevada do bloco, com uma escada de acesso para o quintal e uma porta de comunicação para cozinha ampla e, no fim de tudo, um quarto despensa, com uma janela panorâmica. No térreo, vamos assim chamar, ficavam dois socavões destinados a deposito de lenha ou o que fosse.

A casinha que hoje chamam sanitário - arremedo do que podia haver de mais imperfeito, era lá no fundo do quintal. Como se pode imaginar, muito contramão, em emergências e tempos de chuvas.

5 comentários:

  1. É VERDADE MORAIS MUITO BOM MESMO OS ESCRITOS. E ATÉ PERDOA AQUELES QUE SE POSICIONAVAL CONTRA OS CONTRASTES. ESSA PALAVAR POR SE SÓ JÁ É DO CONTRA. MAS EXALTO AS PESOAS DOS ZÉS; FELIPE E CLEMENTINO QUE UTILIZARAM OS CONTRAS A NOSSA FAVOR E HOJE O RESULTADO DOS CONTRASTES É QUE ELES SAÕ ORGULHO DO NOSSO POVO, FAZ PARTE DA NOSSA HUMORADA HISTORIA, FEZ E FAZ CRESCER O NOSSO MUNICIPIO E DEVE SER TOMBADO COMO O NOSSO MAIOR PATRIMONIO IMATERIAL.

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  2. Moraes,

    Não lembro bem se foi TI JOSÉ ou PAI SARÓ, sei que um deles (ou ambos) foi CRÍTICO FERRENHO à idéa de construção da CASINHA dentro de CASA... . Um deles nunca engoliu a idéia de ter de fazer as necessidades DENTRO DE CASA. Na realidade, ainda hoje, vários NORDESTINOS ilustres preferem o risco de tomar uma "chuvinha nas costas" de vez em quando, a ter que conviver diariamente com o odor "constrangedor" advindo dos "efeitos colaterais" de uma buchada, milho assado, feijão verde, qualhada e cangica....

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  3. Morais:você precisa aprofundar suas prswuisas e salvá-las num livro.

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  4. No comentário acima, ao invés de "prswuisas" leia-se PESQUISAS.
    É que postei esse comentário diretamente de uma smartphone, numa biblioteca, com pouca iluminação.

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  5. Muito Bem amigo Armando - Acho que devemos salvar as pesquisas de Várzea-Alegre e trabalharmos as do Crato e juntos, registrarmos num livro. Mais de 70% do material já temos pronto. Pense nisso.

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