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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 30 de março de 2011

O SAGUINÁRIO CORISCO - Por Mundim do Vale

Meu primo e amigo Geraldo Piau,era o que poderia ser chamamado de versátil. Fazia rádio/novela, Falavas idiomas estrangeiros e tocava instrumentos musicais. Quando mais novo desenvolveu uma peça de teatro na Vazante e deu o título de “ O SANGUNÁRIO CORISCO “ Convidaram Luís e Severino, Vieira, Caetano de Zezim, de Matias, Joaquim de Pedro André, João Moreira, Zé Beca e outros mais para compor a peça. Geraldo representava o coronel Furtado um inimigo ferrenho de Lampião e seu bando. Caetano interpretava o cangaceiro Corisco e o restante dos atores representava o bando. Nos ensaios o diretor caprichou mais nos detalhes finais.Quando Corisco assassinaria o coronel Furtado, com uma punhalada no peito. A apresentação foi marcada e anunciada para o domingo seguinte. No domingo pela manhã, Caetano procurou o diretor e disse: - Seu diretor. Eu tenho que fazer um trabalho lá no Mameluco e não vou poder participar da peça. Mas eu falei com Zé Moreira meu cunhado e ele disse que vem. - Pois mande o chamar para ensaiar, que o papel dele é o mais complicado. Quando Zé Moreira chegou, o diretor fez o ensaio sempre alertando: Zé. Você vai ser o cangaceiro Corisco. Preste muita atenção: - Eu vou botar uma bexiga com sangue de boi, debaixo do paletó por cima do peito esquerdo. Quando eu pisar no chão pela segunda vez, pegado no cabo da pistola, eu vou dizer “ Bando de filhos da égua.” Você sobe rampa correndo e crava o punhal. Mas tenha muito cuidado, você tem que acertar na bexiga viu? - Tá certo. - Mas é na bexiga, não esqueça! - Deixe comigo. O cenário era a casa do meu avô Joaquim Piau, onde tinha uma rampa para dar acesso ao alpendre. Aquela casa depois de receber uma reforma ficou pertencendo a família da minha simpática Flor das Bravas. No dia da apresentação o público ficou no terreiro e os atores começaram o trabalho. No momento principal, que era o final da peça, o coronel saiu na varanda, onde ficava o topo da rampa e o cangaceiro Corisco junto com o resto do bando se confundia com o público. Quando o coronel Furtado bateu o pé pela segunda vez gritou: - Bando de filhos da égua. Naquele momento o botão do paletó arrancou-se, a bexiga caiu e saiu rolando na rampa. Corisco correu com o punhal na mão, ficou de cócorase deu várias investidas sem conseguir acertar a bexiga, só teve êxito depois que a bexiga deixou de rolar. O público caiu na risada e a peça que seria trágica transformou-se em cômica. Dedicado a amiga Izabel Vieira e a Flor das Bravas, que indiretamente fez parte da peça.

11 comentários:

  1. Mundim.

    Parabens pela criatividade prodigiosa. Faltou voce dizer qual foi o papel de tio Joaquim André. Muito boa comedia.

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  2. Morais:muito boa a história do Mundim,crei que o papel do meu pai devia ser de um mulher do bando,lembro ele contar que um dia vestiu um vestido da mãe do mundim e foi até o sanhrol e quase niguém conheceu.

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  3. É.
    Até que o primo Joaquim André,
    poderia interpretar a maria Bonita ou a Dadá.
    Mas o diretor achou que era melhor ele fazer parte do bando.
    A Vazante, a Lagoa do Arroz e o Sanharol, tinham muito atores.

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  4. É verdade Luiz, quase não. Ninguem o reconheceu.

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  5. ESSA FOI SIMPLISMENTE DEMAIS. QUEM CHEGAR A ESSA HORA NA RADIO CULTURA VAI ACHAR QUE ESTOU ENLOUQUECENDO, RINDO SOZINHO KKKK

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  6. Pois é, e eu que não tenho nada a ver com o Piau, digo, Peixe, só sobra pra mim.KKKKKKKKKKKKKKKKKKK
    Um grande abraço a todos esses atores, vivos ou em outra dimensão.

    Flor das Bravas, uma das donas do palco!

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  7. Ei. Flor das Bravas.
    Tu quer ser minha coleguinha também?
    Eu játenho um bocado de coleguinhas aqui no Sanharol.
    Meu vô Nanum disse que no começo desse ano conheceu as tuas bravas.
    mas eu não sei se vale a pena acreditar não.
    Esse meu vô inventa tanta da coisa.

    Beijo.
    Duda do Vale.

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  8. Ei, Duda, você já é minha coleguinha desde muito antes de você nascer. Imagine se eu não iria querer ser coleguinha de uma das flores mais bonitas descendente deste Vale do Machado.
    E eu acredito muito no Vô Nanum. Se ele falou é porque é a mais pura verdade. E o que ele achou das minhas Bravas? Num comentou nada não?
    Um cheiro de Flor.

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  9. Eu conhecí as Bravas sim.
    Viajei de V.Alegre com Francisco Filho, passando no Sanharol, Serrote, Boa Vista, São Vicente e Riacho do Meio. Das Bravas eu viajei para Fortaleza com Beto de Luíza.

    Na minha linha de observação, eu notei uma curiosidade nas Bravas.
    Lá os casais devem fazer controle de natalidade, porque os pés de siriguelas estavam bem carregados.
    Ou será que as crianças das Bravas dão preferência a xilitos?

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  10. Ih, meu fio, adispôs qui chegou inergia nar Brava eu num sei di nada não. Mais prigunte pro Dr. Sávio, num é ele quem tá di olho nessas coisa por lá? Quanto aos shilitos, meu fi, sei di nada não. vai sabê tá tudo tão mudado...

    Frozinha dar Brava!

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  11. Mundim,

    Dei boas gargalhadas ao ler o final dessa história.
    Eita menino, tu tem uma coleção de causos que nem Deus duvida.

    Oxente, imagine o "caba" correndo atrás dessa tal bexiga pra furar sem a bicha estar mais no lugar... Só dava pra rir mesmo. Vôte!

    Abraço,

    Claude - Flor da Serra Verde

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