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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 18 de maio de 2011

CORDEL ENCANTADO - Por Mundim do Vale.

A novela é encantada
Como é a abertura,
Parabéns a Rede Globo
Por resgatar a cultura.
Quem olha a televisaão,
Vê a imagem do sertão
Feita em xilogravura.

A Rede Globo acertou
Nesse tema verdadeiro,
Juntou rouceiro e princeza
Num projeto pioneiro.
Só faltou Frei Damião,
O Padim Ciço Romão
E Antônio Conselheiro.

Esse cordel me encantou
Com o seu tema saudoso,
Eu retornei ao passado
Das histórias de trancoso.
Agora fiquei lembrado,
De um folheto pendurado
Do Pavão Misterioso.

Sei que é uma novela
Mas precisa disciplina,
O filho do coronel
Persegue muito a menina.
Aquilo não é amor,
O cabra é muito agressor
Parece ave de rapina.

O betao Miguelim
Batendo com um bastão,
Dizia pra todo mundo
Que tinha visto a visão:
- Vai chegar o rei Augusto,
Um monarca muito justo
Pra melhorar o sertão.

O rei vendo a visão
Mandou passar telegrama,
Viajou para o Brasil
Com a sua caravana.
Mas vinha sua cunhada,
Muito bem acompanhada
Desenvolvendo uma trama.

Quando a nobreza chegou
Havíam mudado o plano,
A caravana real
Entrou num tremendo cano.
Tava o prefeito escondido,
E o rei foi recebido
Por capitão Herculano.

Chegaram aqui no nordeste
Com a realeza todinha,
Caíram numa cilada
Perdendo o ouroque tinha.
Na armação da condessa,
Para matar a princeza
Quem morreu foi a rainha.

A rainha antes da morte
Já quase na última hora,
Foi coma princeza nos braços
Na casa de uma senhora.
Fez um apelo profundo,
Pediu por tudo no mundo
Pra ela criar Aurora.

Nessa nova moradia
Morava perto um menino,
Que depois da afinidade
Deus já traçou o destino.
Foi quando mudou a cena,
Ela virou Açucena
Pra noivar com Jesuíno.

Rei Augusto retornou
Com a sua comitiva,
Passou umtempo sofrendo
Com expresão depressiva.
Mas sua mãe insistia,
Numa visão que dizia
Que a princeza estava viva.

A rainha mãe dizia
Que tinha visto Aurora,
Mas ninguém acreditava
Naquela velha senhora.
Mas depois a côrte unida,
Decidiu pela partida
Porque já estava na hora.

O rei foi ao conselheiro
Pedir uma opinião,
A princípio ele foi contra
Mas mudou de posição:
- Vamos viajar agora,
Para procurar Aurora
Em todo aquele sertão.

Rei augusto enviuvou
Com a morte da companheira,
Passou uns dias tristônios
Por não ter uma parceira.
Depois mudou a postura,
Ficando com a belezura
Da bonita cozinheira.

Felipe quer, porque quer
Carregar sua princeza,
Mas Açucena já disse
Que não deseja a nobreza.
Quer cumprir o seu destino,
Nos braços de Jesuíno
Distante da realeza.

Delegado Batoré
Não prende nem bacurim,
Se encontrar um cangaceiro
Apela pra meu padim.
Deve ser exonerado,
E no lugar nomeado
O Beato Miguelim.

O capanga de Timóteo
Só serve pra fazer susto,
Tá longede conseguir
O perfil de homem justo.
Mas se a irmã ceder,
No futuro ele vai ser
Cunhado doRei Augusto.

Quando o coronel morreu
Antônia tentou fugir,
Batoré ficou sabendo
Já foi logo perseguir.
Pôs Antônia num salão,
Botou Cícero na prisão
Pra Timóteo divertir.

A simpática ternurinha
Aprecia um tí-tí-tí,
O prefeito no discurso
Só fala: - O meu taqui!
Ja merece ser cassado,
E no lugar apossado
O Gaguinho qui-qui-qui.

Jesuíno se quiser
Pode seguir esse traço,
Só precisa não querer
Fazer frente no cangaço.
Se casando com a princeza,
Rei Augusto com certeza
Vai conseguir um espaço.

Ogaroto rejeitou
Mas o crime tá na veia,
Quem nasceu para o cangaço
Não desiste nem com peia.
Só quem consegue deixar,
É aquele que vai parar
Num cemitério ou cadeia.

Quem nasceu pra lamparina
Nunca chega a candeeiro,
Jesuíno foi criado
Em terras de bandoleiro.
Herculano resolveu,
Que o seu filho nasceu
Para ser um cangaceiro.

O mordomo não aceita
Que a condessa sáia só,
Mas ela paga um descúido
E foge de Brogodó.
Comaquele jeito faceiro,
Abofela um cangaceiro
E vai arrochar o nó.

A Seráfia tá em guerra
E o rei tem que voltar,
Toda a família real
Vai ter que lhe acompanhar.
Mas se a bela cozinheira,
Pular o pau da porteira
E certeza ele levar.

O prefeito e Ternurinha
Fizerasm logo um terror,
pois queriam inaugurar
Um bendito gerador.
Se o rei Augusto partia,
A fita simbólica ía
Ter um outro cortador.

A nobreza vai voltar
levando a rosa morena,
Nosso sertão vai ficar
Sem aquela flor serena.
Vão atingir muito a mim,
tirando do meu jardim
A minha flor Açucena.

Quando fazia o cordel
Eu fiquei muito encantado,
Mas sugiro que o mordomo
Seja já já afastado.
Para maior garantia,
De toda essa monarquia
Eu indico Zôi Furado.

Aqui encerro o cordel
com assinatura minha,
Convidando o bom leitor
pra conhecer a terrinha.
Se for até Brogodó,
Pode até dançar forró
Com a dona Ternurinha.

Dedico esse cordel para aqueles que gostam de novelas e para os poetas e poetisas do Blog.
Mundim do Vale.

5 comentários:

  1. Prezado Mundim.

    Parabens.

    O seu Cordel é mais autentico do que o da Rede Globo. Lá já andam misturando as coisas. O seu é puro, legitimo.

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  2. Adorei o Cordel. Não poderia ser diferente pois sou noveleiro assumido e fã dos versos encantados de Raimundin. Tento chegar em casa a tempo de assistir aos capítulos da trama da globo.
    Grande abraço

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  3. Não vejo O cordel da Globo todos os dias porque trabalho à noite, mas não perco o do Mundim do Vale!
    Bom demais!

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  4. Lendo o cordel do nosso colaborador compensei os capítulos que eu perdi na novela, que foram muitos.

    Parabéns Mundin!

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  5. Mundim

    Não sobrou espaço para dizer mais nada. Fez um resumo de todos os capítulos já passados até hoje. Bem, o nome da novela é cordel encantado e nada mais justo que um mestre do cordel para comentar, também em cordel a novela, que por sinal é sucesso no horário das seis.

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