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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Historias de varzealegrenses - Por Antonio Morais

Zé Chato.

Lembro-me bem do Zé Chato morando no Sanharol. Casado com Jorvina, talvez octogenários a época, mas trabalhando ainda para sobreviver. Zé Chato saia do Sanharol e buscava uma carga de bananas no Baixio de Antônio Primo, botava para amadurecer e vendia. Nisso fazia o lucro e gerava a sobre vivencia do casal. Como já falei, os dois bem velhinhos, e, velhos sem paciência, por nada se afobavam, se aborreciam.

Num fim de tarde, Jorvina botou o jantar de Zé Chato - um arroz d'Água no sal. Jorvina tinha mais ciumes da lata de açúcar do que do próprio marido. Neste dia, só tinha uma colher, ou seja o açúcar suficiente para fazer o café do outro dia cedinho. Zé Chato pediu - Jorvina me dá uma colher de açúcar para eu botar nesse arroz. Dou não, respondeu Jorvina. Nisso foram alterando o tom da voz e se afobando: Disse Zé Chato pela decima vez para Jorvina - me dá uma colher de açúcar para eu comer com esse arroz. Dou não, quem já se viu, comer arroz com açúcar?

Zé Chato, então, desabafou: Jorvina, quem é rico come com queijo, com galinha, com carne, e, quem é pobre come com açúcar - come com a puta que pariu!


2 comentários:

  1. O casal morava vizinho a nossa casa no Sanharol. Realmente predomina um ciclo de muita desunião, o diálogo existente era somente um desfazendo do outro. Nesse período não existia aposento, muitas pessoas morriam de fome, fato não acontecido no casal, pois os seus vizinhos procuravam ajudá-los com vista a minimizar a fome.
    Veja bem, para a sobrevivência do casal com a venda das bananas, meu pai emprestava o jumento para José Chato ir comprar no Baixio de Antonio Primo. Meus amigos, a coisa era difícil e também constrangedor você se deparar com certos problemas e não poder solucioná-los. José André, pai de Morais dizia: Meus Amigos eu tenho medo de voltar ainda o tempo de remendo e feijão com pão. Era realmente um período de muita miséria e fone para aqueles que tinham como alternativas somente o serviço braçal e desumano da roça.

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  2. Prezado João Bitu.

    È muito bom quando se escreve algo e aparecem depoimentos comprobatorios do que se escreveu. Como voce conheci as dificuldades vividas por muitos daquela epoca, mas, essa historia mostra o bom humor e as tiradas de nossa gente sofrida.

    Abraços.

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