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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 2 de junho de 2011

Coisas Nossas, por Zé Nilton

São coisas nossas encontrar pessoas, e dentre elas, amigos de velhos tempos.

Pois não é que outro dia, um sábado, agorinha, lá estava eu no bar do Fabiano, no Lameiro, em frente à Capela de S. José Operário, tomando uma cervejinha, quando, de repente, chegou Samuel Araripe. Meu amigo Samuel desde os tempos de menino, quando o avistava, nas cabeceiras do velho engenho do Lameiro, correndo pra cima e pra baixo, brincado por entre as vastas terras da família, no sopé da Chapada do Araripe.

O agora prefeito convidou-me a sentar-se em sua companhia. A princípio, achegaram-se, afora os que vinham com ele, os seus familiares, mas onde está a autoridade baixa sempre a entourage. E haja a chegar vereadores, secretários, candidatos a canditado, e entre eles alguns amigos antigos que fazia tempo não os encontrava: Raimundo Filho, Duda, Panca... e a mãe de Samuel a dona Maria do Céu, figura impoluta e acreditada entre todos os moradores do velho/novo Lameiro e adjacências.

Pois bem, volta e meia cometo gafes horrorosas, como esquecer nomes, origens e posições de pessoas e até sua pertença familiar. Foi o que ocorreu com a primeira-dama, Mônica Araripe. Conversa vai e conversa vem, na dialética de ouvi-la e ponderar sobre seus empreendimentos produtivos para o município, mas longe de sacar de onde a conhecia no todo, essa pessoa tão familiar e ao mesmo tempo tão estranha em minhas lembranças. Na primeira tentativa de “me livrar do mal” do esquecimento, fiz-lhe uma vaga pergunta sobre, e ela me disse, na lata:

- Fui sua aluna, professor!

Roguei-lhe mil perdões.

Avistei, de soslaio, o outrora poeta marginal, e hoje fotógrafo municipal, Wilson Bernardes. Ele, pelo que vi, não focou a sua câmara em direção à mesa do bar do Wilson, lugar de um gostoso ágape, mandado servir pelo nosso loquaz e eloqüente “tuxaua”.

Afora os outros adjetivos, o “tuxaua” parece não condizer bem com a figura e a situação atual do prefeito. Há um sentimento, difuso, de que a nossa urbe parece andar inflacionada de caciques e morubixabas mandando de dentro e de fora, principalmente de fora para dentro.

Mas uma coisa nisto tudo me chama a atenção. No passado, quase todos os prefeitos brigavam com os governadores incrustados lá em Fortaleza, e deles se distanciavam comprometendo o desenvolvimento do Crato. Já com o ex-camisa sete do futebol cratense, há algo de diferente. O homem não tem hostilizado nem enfrentado aquele que sai nas colunas sociais e na imprensa conveniente, com a máscara de “socialista”, o nosso governador das bandas do norte.

O prefeito tem se segurado decentemente, e suportado a nova onda da política cearense. Não sou do partido do prefeito, e nem de nenhum outro, mas dou valor quando uma pessoa se mantém fiel a seus princípios ideológicos, sejam de direita ou de esquerda, se é que isso existe na prática.

São coisas nossas essas estrovengas políticas quando ventos viram redemoinhos. Os que eram isto, hoje são aquilo. E eu nem imagino até onde vai a “teimosia” do velho coqueiro da casa do Lameiro da família Alencar. Tem mais de 50 metros, e continua lá, pendendo e resistindo às intempéries da natureza.

As intempéries políticas costumam ser mais terríveis..
.
Mas o Crato é maior do que pensam as vãs cabeças políticas, todas elas...

E como diria o velho comunista Cacá Araújo – Salve o Crato!

PS. O prefeito ainda não cumpriu com a promessa de instalação dos redutores de velocidade anunciada sob aplausos dos presentes, por ocasião do rega-bofe, para o trecho em frente à Capela de S. José Operário, no Lameiro. Mas, como um dia disse o Dihelson Mendoça, do staff de comunicação da prefeitura, “tudo é só uma questão de um simples telefonema”.

E eu vou telefonar, mas que isto não vire um pesadelo, tal qual aquele encontrado no filme “Uma Simples Formalidade" (Una Pura Formalità). 1994. Itália. Direção e Roteiro: Giuseppe Tornatore.

E para quem gosta, nesta quinta, no Compositores do Brasil , a partir das 14 horas, na Rádio Educadora,AM 1020, www.radioeducarora1020.com.br, o grande compositor Alcyr Pires Vermelho.

Um bom fim de semana para todos.

4 comentários:

  1. É...

    Zé Nilton:

    Por onde você andava cara? Tava com saudades!

    Olha, sempre foi assim, onde tem autoridade, tem puxa saco, mas tem tambem muita gente boa que o acompanha.

    Essa de você ser esquecido, é natural, é a idade zombando da gente. Acontece muito com quem passa dos trinta.

    E... Salve o Crato! Fica a cargo do leitor interpretar a frase ao seu modo: SE como saudação ou pedido de socorro.

    Abraços do seu vizinho

    Vicente Almeida

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  2. Parabens Zenilton.

    Muito bom de lê o Coisas nossas.

    Voce devia ter lembrado: Essa Senhora é irmã de Rosa Guedes, ambas são filhas do Dedé de Zeba.

    Abraços.

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  3. Zé Nilton,
    Acontece uma coisa chata comigo, na Fortaleza que eu amo: os alunos vem falar comigo tão alegres e eu não consigo identificar, foram tantos.....fico até chateada, pois eles tem tanto carinho por mim. Ainda bem que temos um forte ponto em comum: amamos o francês e isso facilita a conversa. Bom rever você, vizinho do Vicente. Abraço,
    Fafá

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  4. Caros Fafá, Vicente e Morais, bom demais tê-los como escritores e leitores desse blog que é a cara da gente.
    Obrigado a todos pelos comentários.
    Vicente, você é um daqueles, como o Morais e tantos chamados "passados na casca do alho".

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