Agradecendo aos sufrágios recebidos na postagem do mês de maio, dedico esse trabalho a todos os colaboradores e comentaristas do Blog, que me colocaram no mesmo nível do poeta acadêmico Dr. Sávio Pinheiro. O poema é um tanto longo mas vale a pena pelo tema de fé e caridade.
Não vai aqui nenhuma pretensão de vencer a postagem do mês de Junho, a minha intenção é apenas dividir essa riqueza espiritual com a nossa boa gente.
Deus abençoe todos vocês.Abraços de fé.
Raimundinho Piau.
Caro leitor e amigo
Leia o verso com atenção
Para concordar comigo
Na grandeza do perdão.
A minha pretensão é,
Mostrar o valor da fé
Neste verso popular.
Que seja como um presente,
Pra mostrar a nossa gente
O prazer de perdoar.
Dizia meu tio Raimundo
Quando nos dava lição
Que a salvação do mundo
Se encontrava no perdão.
E para fazer ciente
Ele contava pra gente
Uma história verdadeira.
Um fato que aconteceu
Entre o Coronel Romeu
E Luzia Rezadeira.
Num certo tempo passado
Na vila de Dom Quintino
O povo estava assustado
Com doença de menino.
Saranpo, vento caído,
Diarréia, estalicido,
Catapora e mau olhado.
Trouxeram Dona Luzia
E antes do meio dia
Tinha menino curado.
Enquanto Dona Luzia
Praticava a boa ação,
Tinha um homem que dizia
Piada e mal criação.
Era o coronel Romeu,
Que se dizia ateu
E estava embriagado.
Mas a boa rezadeira
Respondia de primeira:
- Deus perdoe esse coitado.
O coronel achou pouco
Tamanha barbaridade
Simulou que tava louco
E partiu pra crueldade.
Disse em tom de brincadeira:
- Vou ver se essa macumbeira
Tem o poder que ela diz.
Boto o cavalo a galope
E taco esse meu chicote
No lombo dessa infeliz.
Quando o coronel partiu
Assustando a meninada
O cabresto escapuliu
Bem de frente da calçada.
Uma Pata dianteira
Foi de encontro a rezadeira
Que ali mesmo morreu.
E o coronel malvado
Dizia: - Eu não sou culpado
Meu cavalo endoideceu.
O coronel foi julgado
Sendo logo absolvido
O animal foi culpado
Pelo crime acontecido.
Dizer aqui eu não posso
Se o homem teve remorso
De um crime tão horroroso.
O que a história diz
É que ele era feliz
Muito rico e poderoso.
Sua família cresceu
E o caso foi esquecido
Até que um dia nasceu
O seu neto preferido.
Era tanto do afeto
Que com o nome Romeu Neto
O bebê foi batizado.
Tornou-se um moço vaidoso,
Violento e rancoroso,
Era o avô copiado.
Mas quando foi certo dia
O rapaz adoeceu,
Foi a maior correria
Para o seu avô Romeu.
Era uma infecção
Em forma de cinturão
Que o povo chama cobreiro.
Levaram pra capital
De hospital em hospital
Gastando muito dinheiro.
Depois de tanta despesa
O mal já chegava ao peito
Um médico usou de franqueza
Disse que não tinha jeito.
Aconselhou a voltar
Que só restava rezar
Pra ele morrer em paz.
Que só mesmo a mão divina,
Pois a própria medicina
Não tinha o que fazer mais.
Voltaram para o sertão
Já com o tempo marcado
O avô com depressão
E o neto desenganado.
Mas como Deus não esquece
De vez em quando aparece
Uma santa mensageira.
Chegou lá uma criatura
Disse que havia cura
Pelas mãos da rezadeira.
Ela disse: - Seu Romeu
Quem tem fé pode, ter sorte
A cura do neto seu
Pode chegar lá do Norte.
Vá buscar a rezadeira
Antes de segunda feira
Não peque por omissão.
A moça vem sem demora
Cura seu neto na hora
Somente com oração.
O coronel na carreira
Foi bater em Mossoró
Quando viu a rezadeira
Quase que voltava só.
Mas lembrou-se do doente
Que aguardava impaciente
Um anjo vindo do céu.
Quando chegaram na vila
O povo fazia fila
Arremessando o chapéu.
Ela subiu a calçada
Onde uma santa morreu
Ficou mais determinada
Para rezar pra Romeu.
Ficou no mesmo lugar
Com um ramo bento a orar
Fazendo cruz no doente:
- Oh minha avó me ajude
A devolver a saúde
A esse irmão inocente.
Pra surpresa de Romeu
A ferida foi sarando
Onde Luzia morreu
Uma luz foi clareando.
O neto se ajoelhou
E com a moça rezou
Um terço de gratidão.
Uma nuvem feita véu
Mostrou que a bênção do céu
É fé, caridade e perdão.
O coronel trouxe a bolsa
Que guardava economia
E perguntou para a moça
Quanto era que lhe devia.
Ela disse: - Cavalheiro
Se a fé custasse dinheiro
De reza não precisava.
Muita gente eu já curei
Mas de ninguém eu cobrei
E nem minha avó cobrava.
Eu nasci em Mossoró
Lugar distante daqui,
Mas meu pai e minha avó
Todos dois nasceram aqui.
Eu vim aqui com a missão
De ajudar um irmão
Porque de fé, sou herdeira.
Eu sou Luzia Anacleta,
Fui eu a primeira neta
DE LUZIA REZADEIRA .
Luzia naquele dia
Salvou aquele rapaz
Porque também conduzia
Uma mensagem de paz.
Sendo ela a criatura,
Herdeira do dom da cura
Não se negou pra missão.
Mostrou aquele senhor,
Que a cura é feita com amor
Sem ódio no coração.
Luzia fez o que fez
Sem cobrar nem um tostão
E Romeu por sua vez
Ficou livre do caixão.
Há se hoje em nossos dias,
Tivesse várias Luzias
Com aquela serenidade.
Talvez assim a vingança,
Se transformasse em bonança,
Amor e fraternidade.
Luzia foi instrumento
Da sua avó falecida,
Surgiu naquele momento
Para salvar uma vida.
Aquele ato cristão,
Mostrou para o cidadão
Que o ódio não satisfaz.
Mostrou que a serenidade,
Caminha com a caridade
Na busca da boa paz.
Para o coronel Romeu
A mudança foi total
Homem que sempre viveu
Usando a força brutal.
Depois do filho sarado,
Ele ficou educado
Humilde e bem caridoso.
Por assim se comportar,
Começaram a lhe chamar
De coronel generoso.
Eu era ainda menino
Quando soube da história,
Nesse dia Dom Quintino
Viveu momento de glória.
A banda tocou dobrado,
O cruzeiro foi pintado
E o padre fez sermão.
O coronel satisfeito,
Bateu com a mão no peito
Gritando: - Viva o perdão!
Esse cordel sem engano
Foi feito para educar,
Para que o ser humano
Possa um dia perdoar.
Jesus que foi torturado,
Que morreu crucificado
Foi quem deixou a lição.
Feliz é o filho de Deus,
Que ensina aos filhos seus
A GRANDEZA DO PERDÃO.
Aqui termino essa rima
Pedindo ao pai protetor,
Que conceda lá de cima
Saúde para o leitor.
Peço ao pai pra me guiar,
Pra que eu possa rimar
Sem ter ninguém que me cale.
O meu verso não faz mal,
E para ponto final
Assino: - MUNDIM DO VALE.
Eu pequei na digitação, esquecí de por o A de grandeza.
ResponderExcluirEsse seu pecado ortográfico não é nada diante da grandeza de seus versos. Parabéns sempre, poeta amigo,
ResponderExcluirFafá
Perdoe-me poeta Mundim
ResponderExcluirO poeta perguntar
Com essa historia bonita
Tu aprendeu perdoar?
Pois se ainda tem na memória
Apague aquela história
Do cigarro do Mundim
Eu como não sei perdoar
Guardada ainda estar
O sai de perto de mim
Prezado Mundim.
ResponderExcluirO A já está no seu devido lugar. Sempre que o nobre amigo publicar a postagem, o amigo verá uma canetinha amarela no final da postagem. Basta clicar em cima para a pagina reabrir e o amigo fazer as devidas correções.
Um forte abraço.
É...
ResponderExcluirMeu caro Mundim do Vale do Machado:
Que bela história.
É exatamente assim que precisa acontecer. Perdoar sempre devia ser o lema da humanidade, e todos seriamos felizes.
Aceite um grande abraço do
Vicente Almeida
Mundim, o meu voto sempre será seu: visto que és meu poeta preferido; os demais eu peço perdão. Abraço carinhoso e fraterno, Fatima Gibão.
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