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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 19 de junho de 2011

PAVÃO MISTERIOSO - Por Valdênia Almeida

Moro numa chácara aqui no Crato, onde crio muitas galinhas caipiras soltas no quintal. Tenho três filhas que moram na mesma chácara e tenho nove netos ao todo, sendo que dois deles, o Rafael e o Filipe, moram em São Paulo com a minha filha mais velha, e vieram passar uma temporada conosco. Em matéria de conhecimento rural eles são quase zero.

Certo dia pela manhã, apareceu no meu quintal um pavão maravilhoso que deixou o galo e as galinhas fazendo muitos co co ri cós de admiração ao fazer roda se exibindo para aquela platéia.

Eu fiquei encantada com aquela visão e lamentei os meus netos não estarem em casa para ver o espetáculo. Eles nunca haviam visto um pavão.

No dia seguinte a mesma coisa, o pavão veio nos visitar, fez o seu show e os meus netos não viram, pois estavam mais uma vez no colégio, e assim foi a semana toda.

No sábado então pela manhã, estavam eles na maior algazarra jogando bola num campinho improvisado e eu na cozinha fazendo o almoço, quando de repente se fez um silêncio total e eu pensei: “Será que o pavão voltou”?
Daí a pouco entra na cozinha o Filipe de sete anos, meu neto mais corajoso e com ar preocupado, muito desconfiado, cruzando as mãos sobre o peito e fazendo girar os polegares passando um pelo outro, postou-se ao meu lado e falou: “Vóóó´, o teu frango chegou ali fora com um feixe de capim nas costas”.

E o pavão com o passar do tempo, ficou manso e encantava a todos com a sua dança, até que um dia desapareceu misteriosamente e nunca mais voltou.

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Aqui tenho lido muito sobre OS avôs, e nunca sobre AS avós, por isto, quero dedicar esta postagem as avós. Tenho certeza que não sou a única no Blog do Sanharol.

Escrito por Valdênia Almeida
18/06/2011

7 comentários:

  1. Prezados Vicente e Valdenia.

    Ave muito bonita, mas de dificil manejo. Menezes tem dois casais e vivem fugindo e, é porque ele deixa sempre um preso. Todo dia chega recado - o Pavão está destelhando a casa de fulando, de beltrano. Muito complicado mesmo.

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  2. Valdênia,

    O "Romance do Pavão Misterioso", de José Camelo de Melo Rezende, é o maior clássico do cordel e foi escrito no final dos anos 20. Foi inspirado em uma história das "Mil e Uma Noites", que tem em Sherazade a sua protagonista, e ainda hoje encanta tanta gente. Esse clássico já inspirou muitos autores, inclusive o nosso conterrâneo Ednardo.

    A sua história se insere muito bem no imaginário popular recriando uma cena que habita as nossas mentes há milênios. Sempre me emociona ver essa tão bela ave, símbolo da paz, da prosperidade e da fertilização.

    Parabéns, à você, pelo texto e aos netos por conhecerem "um frango com um feixe de capim nas costas".

    Um grande abraço.

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  3. Valdênia, adorei sua postagem. Você tem razão: só falam nos avós aqui. Tenho um texto que gosto muito, vou tentar postar para você depois. Abraço,
    Fafá Bitu

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  4. Morais:

    Sua advertência é providencial.

    O Dr. Menezes, seu genro, havia prometido um casal de pavão ao Vicente.

    Com a sua história fiquei bastante temerosa.

    Valdênia Almeida

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  5. Dr.Sávio Pinheiro:

    Conhecia a história romanesco do Pavão Misterioso mas, não sabia a sua origem.

    O meu conto trata de um fato acontecido aqui na nossa chácara.

    O nosso Pavão Misterioso, trouxe muita alegria para todos nós, mas um dia, desapareceu misteriosamente e ninguem da vizinhança deu notícias dele.

    Os meus netos choraram quando ele foi embora. Antes de desaparecer deixou caiar muitas penas que foram recolhidas pelos meninos que ainda hoje guardam, e lembram aqueles dias com saudades.

    Valdênia Almeida

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  6. Fátima Bitu:

    Para ser avó e mãe, não é necessário que descenda da nossa barriga. Basta amar aqueles que Deus nos entrega para cuidar, que tenham vinculação sanguinea ou não.

    Valdênia Almeida

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  7. Valdênia, fui cuidadora/irmã por 8 anos. Ela faleceu aqui em casa já rodeada de aparelhos ( meu apartamento parecia uma U.T.I).Na última quinzena um passarinho fez um ninho e se alojou na varanda. Só partiu dias depois da morte dela. Achei impressionante.
    Fafá

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