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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 3 de junho de 2011

SEXTA DE TEXTOS - Sávio Pinheiro

ZOOFILIA MATINAL

Marido sob o cobertor quentinho do casal em madrugada chuvosa resolve sair de mansinho enquanto esposa dorme calmamente ao som do impacto das águas sobre o teto de telhas de barro.

Ao acordar, o cônjuge sente a falta daquele corpo outrora tão quentinho e resolve sair a procurá-lo, o que a deixa apreensiva após malfadada busca pela casa e arredores. De repente, lembra de ir até o curral, já que a ordenha das vacas é feita matinalmente.

- Eureca! Não é possível! Como pode! Deixar uma cama quentinha como a nossa para se submeter a uma situação dessas.

O maridão fora flagrado em plena chuva, com os pés enlameados pelo estrume derretido, deliciando-se maritalmente com Princesinha, a sua vaquinha de estimação. Não teve outra escolha a jovem senhora. Chamou as crianças e comentou a situação, a qual não foi novidade nenhuma para elas, que já sabiam do voraz apetite de seu pai pelo reino animal.

– Temos um pai ecológico, diziam.

Após enorme discussão do casal, ela o chamando de animal e de doente mental e ele, descompensado, dizendo ser a vaquinha mais mansa e compreensiva que ela, resolveu procurar o médico. Este, após análise minuciosa do caso entendeu que os dois deveriam ser encaminhados ao psicólogo para uma psicoterapia de apoio, já que ele era portador de um distúrbio psíquico e ela detentora de enorme trauma e diminuição da auto-estima. Na hora do preenchimento das guias de encaminhamento ela retrucou:

- Não quero ir a um psicólogo e sim a um fonoaudiólogo.

O médico sem entender reverbera: - Mas por que, minha senhora?
Prontamente, ela respondeu: - É que com a concorrência aumentando desse jeito, doutor, eu não quero fazer exercícios mentais, não! E sim, de voz:

MOOOMMM... EU TE AAAAMMMOO, MEU AMMMOOORRR...

8 comentários:

  1. Dr. Savio.

    Esta sua historia, que muitos até podem atribuir a sua prodigiosa criação e imaginação, aconteceu com um parente meu, no sitio São Cosme.

    Na hora do fraga, ao ser contestado pela testemunha do delito - respondeu: "E a vaquinha né minha, rim era se eu tivesse ido no seu curral malinar com as suas".

    Um abraço.

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  2. Para não variar o blog apresenta divertido texto do Dr. Sávio. Bom que tem vaca pra todo gosto.Abraçoss

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  3. Dr Savio.

    Esta história lembra A VACA MIUDINHA.
    Anônio Ulisses vendeu para Aldair.
    Do livro, CONTE ESSA,COMTE AQUELA,de
    Flávio Costa Cavalcante.
    _ "Aldair,a vaca é uma beleza,é grande,vistosa,é uma Betinha de Raimundo Alagoano."

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  4. Cumpadre Sávio,só lembrei daquela sua professora do curso de medicina,que anos depois se tornou sogra de Magda Loura.essa vc tem que contar,"FOR ALL".

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  5. Ninguém merece! KKKKKKKKKKKK!!!!
    Esta mulher... Não é estória do Dr. Sávio, não.

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  6. Valeu Joaquim.

    Betinha de Raimundo Alagoano. Essa é demais.

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  7. Dr. Sávio Pinheiro

    Esse texto seu fica ainda mais belo interpretado por ti. Parece que estou vendo você imitando a esposa:
    "MOOOMMM... EU TE AAAAMMMOO, MEU AMMMOOORRR..." Muito boa! rere.

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  8. Morais,

    Essa história é uma caricatura da sexualidade sertaneja no tempo que transar era pecado. O que impressiona é a postura da esposa em disputar o marido com uma princesa da raça bovina.

    Um abraço.


    Flavinho,

    O avanço da saúde é vistosamente admirado nesse texto. A Psicologia perdendo espaço para a Fonoaudiologia em pendengas conjungais.

    Um abraço.


    Joaquim,

    O livro do Flávio Costa Cavalcante CONTE ESSA,CONTE AQUELA,retrata a magnífica história de Betinha de Raimundo Alagoano. O Dr. Carlos César Costa também tinha uma admiração pela burrinha Baronesa, portanto a história é cosmopolita.

    Um grande abraço.


    Compadre Alécio,

    Vamos reconstituir aquele caso. Preciso relembrar alguns detalhes.

    Um abraço.


    Artemísia,

    Quinta-feira estive nas Bravas, passei sobre o riacho que você tomava banho, revi o calçadão da sua antiga casa e abri, durante o percurso, vinte e duas cancelas. Uma maratona saudável.

    Um abraço.


    Francisco Gonçalves,

    Precisamos renovar o estoque de cajuínas e rever algumas histórias. EU TAAAMBÉMMMM PAREEEI DE BEBEEER.

    Um abraço.

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