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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quarta-feira, 10 de agosto de 2011

PACIENTE COMPLICADO - Por Mundim do Vale.

Joscilé Taveira ( Taveirinha ) Foi em vida uma pessoa carismática; Contador de causos, de piadas e participante das nossas brincadeiras em Várzea Alegre e Fortaleza. Isolando a cachaça que só fez mal a ele mesmo era um bom companheiro.

Uma vez Taveirinha adquiriu uma lesão no fígado, que já evoluia para uma cirrose, seus amigos falaram com o Dr. Sávio Pinheiro, para que o consultasse como se tivesse batendo um papo com o paciente, para que não houvesse rejeição.

Tremendo mais do que vibrador de viúva, o paciente chegou no consultório do Dr. Sávio e o bom médico o recebeu muito bem, já iniciando a consulta informal:

- Muito bem Taveirinha, vamos puxar um lero.

- Ramo.

- Olhe como amigo e médico, eu vou fazer umas perguntas, tá bom?

- Tá.

- Pois bem. me diga uma coisa, o que é que você sente?

- Eu sinto uma vontade da gôta de tomá uma fubúia.

- Não é isso não. Cara! Eu quero saber é o que é que tá lhe encomodando.

- É uma dor aquí na pá e umas frieiras nos pé.

- Pois bem. Nós vamos cuidar disso. Para a coluna eu vou passar um antibiótico e para os pés, uma pomada. Vou lhe dá os remédios de amostra grátis e não vou cobrar nada pela consulta, mas você tem que me prometer que vai seguir rigorosamente as minhas recomendações:

- Você vai ter que deixar de beber.

- Mais isso é muito faço, pruque ninguém quer vendê pinga fiado mais a eu.

- Não vai poder comer carne de porco.

- É faço tombém, qui eu num tem cum que comprá.

- Não pode calçar sapatos.

- Ora mais tá! Eu num posso comprá sapato não, eu tou calçando é chinela japonesa, qui inté queborousse o cabrexto e eu butei foi um clipe prumode segurá.

- Não pode mais dormir de rede, tem que dormir numa prancha de madeira.

- Isso é nada ome! derna qui a minha tifanga rasgousse, qui eu tou drumindo é no chão da cunzinha.

- Se você não atender as minhas recomendações você pode morrer.

- Se eu morrê o dotô tá perdoado.

- Mas Taveirinha. Eu estudei foi pra salvar e não para matar.

- Mais dotô, é pruque essa minha vida num séive pra nada não. Isturdia eu tava de ressaca, aí chegô Leoní Proto amuntado numa galinha das penas do ôro áí dixe a eu:

- Tavêra. Laigue de sê teimôso e samunte aqui na garupa qui já chegô seu dia. Ramo logo qui eu tô avexado.

Aí eu dixe:

- Ramo logo pradonde.

- Pra caxa prego.

- Aí eu quage qui ía dotô.

7 comentários:

  1. É...

    Mundim do Vale do Machado:

    Muito boa essa.

    A linguagem é excelentemente compreesiva. Tifanga - Vai pra minha coleção de termos varzealegrenses.

    Vicente Almeida

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  2. É...
    Compaddre Vicente o Mudim guarda todo este palavriado debaixo de sete
    chaves,e com estas frases completa de palavras assim ele me faz lembrar muitas histórias...
    Valeu Mundim.
    Um abraço la de nois.

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  3. Uma historia daquelas que somente o Mundim é capaz de contar.
    Valeu.

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  4. Pois é...

    Vicente, tifanga, é uma rede velha, caindo aos pedaços, rsrsrs: mundim tirou essas perolas do baú; muito bom, meu Poeta preferidooooo. Abraço. Fatima Bezerra.

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  5. João Dino,Vicente Almeida,Luís, Blog do Sanharol e Fátima.
    É vero. Eu tenho um baú cheio de coisas lá de nós, só que estou longe do meu arquivo.
    Abraços para vocês.
    Nanum da Rajalegue.

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  6. Vixe, Mundim...

    A caxa prego é longe que só a gôta.

    Seu baú é a sua caxola... Aí tem coisa qui num si acaba mais...

    Abraço de flor pra Nanum de Rajalegue...

    Me escreva combinando a festa, viu?


    Claude - Flor da Serra Verde

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