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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 24 de setembro de 2011

DA SOMBRA DO OITÃO - Por Mundim do Vale.

Da sombra do oitão, eu ví Zé Ferreira
Num dia de feira
Tratando corró.
Da sombra do oitão, tomando café
Eu ví que Bié
Tocaca um forró.

Da sombra do oitão, uma vez ví Tibito
Juntando cambito
Pra fazer um acento.
Da sombra do oitão, ví Chico Adispois
Sacudindo um arroz
Com a ajuda do vento.

Da sombra do oitão, eu ví certa vez
A menina Inês
Agarrada com pinta.
Da sombra do oitão, eu ví a canseira
De Ildefonso Vieira
Mexendo uma tinta.

Da sombra do oitão, Ví Chagas Taveira
Chingar Zé Pereira
Por causa de um môlho.
Da sombra do oitão, com o pé na havaiana
Ví Maria Caetana
Catando piolho.

Da sombra do oitão, pegando na vara
Eu ví Paruara
Futcar um cupim.
Da sombra do oitão, pegando um sereno
Eu ví Zé Pequeno
E o poeta Bidim.

Da sombra do oitão, com jeito sisudo
Eu Ví Zé do Mudo
Tomando cachaça.
Da sombra do oitão, Com jeito caipira
Eu ví Macambira
Assustado na praça.

Da sombra do oitão, cortando vaqueta
Eu ví Borboleta
Impinjando Zé terto.
Da sombra do oitão, Eu ví desacato
De Chica do Rato
Brigando com Alberto.

Da sombra do oitão,
Pegado num cano, ví Zé Mariano
Brigando na praça.
Da sombra do oitão, no mês de janeiro
Ví Chico Padeiro
Com a mão na massa.

Na sombra do oitão, chupando caju
Eu ví Punduru
Tratando traíra.
Da sombra do oitão, no mês do natal
Eu ví Nicolal
Com Tereza Gobira.

Na sombra do oitão, bem perto de mim
Eu ví Seu Nelim
Aviando receita.
Na sombra do oitão, tomando café
Ví Raimundo Suné
Fazendo a empreita.

Na sombra do oitão, ainda menino
Ví Zé Clementino
Compondo um xote.
Da sombra do oitão, já curto da vista
Ví Pedro batista
Atirar num capote.

Na sombra do oitão, com fé e sem manha
Eu ví Zé Saldanha
Ligando o motor
Da sombra do oitão, queimado de traque
Me lembro de Caque
Guiando um trator.

Da sombra do oitão, olhei pra lagoa
Tão limpa e tão boa
Que faz gosto lembrar.
Da sombra do oitão, Eu fazia anarquia
Depois me escondia
Pra não apanhar.

Da sombra do oitão, Saí por querer
Sem contudo esquecer
O valor do lugar.
Na sombra do oitão, eu ví muito bem
Que o valor se mantém
Se o homem deixar.

Daquela sombra do oitão
Ví Várzea Alegre avançar,
Ví safra de algodão,
Ví energia chegar.
Ví também água encanada,
Ví construção de estrada,
Mas o oiitão sucumbiu,
A sombra também sumiu
E a qui o verso acaba.

Reprisado para os recém chegados

2 comentários:

  1. Ainda hj procuro um oitão quando preciso recarregar minhas energias.

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  2. Georgia.

    Esta é a primeira vez que vejo seu acesso e seu comentario em nosso Blog.

    Muito obrigado, acesse sempre o "oitão do Sanharol" é hospitaleiro e as redes são muitas.
    Sede bem-vinda.

    Antonio Morais

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