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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 2 de setembro de 2012

DE VOLTA PRA CASA

Nos altos e baixos da vida, encontra-se o importantíssimo aprendizado, a carga que preenche o caráter, as mãos que moldam nossa maneira de ver o mundo, que ditam nossas atitudes. Viver em uma sociedade radicalmente pessimista e hipócrita como a que vivemos não é nada fácil. Mas são nos detalhes mais peculiares que encontro a razão para continuar caminhando, o motivo pela qual me disponho a ser feliz, e deixo de vez a incansável infelicidade, que corre pelos becos, procurando almas vazias para tragar. É nesse emaranhado de qualquer coisa que deixo-mo ser levado pelas ondas da diferença, aquela, que faz parecer in.diferença para o restante. É essa in.diferença que me difere, que me faz brilhar na hora certa, que me faz apagar quando se é necessário apenas observar. Pois o falso sábio, em sua insensatez, olha para a multidão de lunáticos, e em uma tentativa frustrada de querer chamar atenção, proclama seus dizeres sem sentido, que em climas de copa do mundo, mais parecem soar como vuvuzelas aos meus ouvidos. O brasileiro patriota, fugindo de suas obrigações e tomando mais um dose de um bom comodismo, esconde-se atrás de um telão, assistindo à sua débil seleção. Enquanto isso, a trupe, que foi eleita pelos falsos e facilmente enganados patriotas, se vê livre para pintar e bordar, sentem-se livres para roubar, escravizar e politizar um país que cada vez mais se afunda na ambição egoísta. Esse é nosso poderoso Brasil! [...] Que a cada dia mais vem tomando espaço nas camadas mundiais, como um dos países mais bem estruturados financeiramente, mas que não consegue se ver livre da verdadeira miséria, aquela que não envolve dinheiro, mas envolve milhões de famílias e lares, em diversos lugares diferentes. Multidões inteiras, atrás de algo que as faça esboçar um sorriso genuíno. E lá se vão os ricos, amontoando cada vez mais alimento para as traças devorarem, enquanto isso, pobres morrem de fome, continentes inteiros prateando pela escassez de água. E nós, que podemos mudar o quadro geral, decidimos de maneira cruel, simplesmente viver, deixando os problemas dos outros pra lá, afinal, um problema que não envolva a mim e a você diretamente, não chega a ser um problema meu e seu, não é mesmo?

De volta pra casa, percebo que continuamos os mesmos... Borboletas lutando para se libertar dos casulos da indiferença social e dos preconceitos, mas que se vêem enjeçadas por uma realidade cada vez mais bruta e apocalíptica. Eu também não mudei, pois ainda continuo o mesmo lunático, que acredita que o mundo poderia ser um lugar melhor para se viver, se milionários percebessem que dinheiro não é um alimento muito nutritivo - ainda mais depois de muito repassado; Um vendedor de sonhos que ainda acredita nos outros diversos vendedores de sonhos espalhados por aí, que tem medo de expor seus pensamentos de uma sociedade mais igual e solidaria, que fecham as janelas de seus pensamentos.

É, eu não mudei mesmo... Mais um dia está chegando ao fim, e eu vou caminhando a passos curtos para o quintal de minha casa, atento as estrelas do céu, tentando contá-las todas, lembrando-me das promessas que Deus tem pra mim, pra minha família e pra toda essa nação. Impossível contemplar toda essa beleza e não  agradecer à Deus por mais um dia de vida, por mais um fôlego em meus pulmões, pela saúde de minha família, pelo alimento, pela cama e pelo teto sobre minha cabeça.

Wilian Bincoleto Wenzel.

Um comentário:

  1. Prezados amigos do Blog do Sanharol.

    Este texto do Wenzel toca bem a alma daqueles que ainda a tem.

    Pena que muitos leitores na sua comodidade e preguiça não costumam ler e, certamente não lerão este belo testo de sentimento profundo relativo a situação na qual a humanidade se encaminha.

    Paravens Wenzel.

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