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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


segunda-feira, 10 de outubro de 2011

BARRIGA BRANCA - PATATIVA.

No dia 21 de Setembro de 1983, Patativa remeteu uma poesia com o titulo de “Barriga Branca” para o medico e extraordinário poeta Dr. Mozart Cardoso de Alencar. Já li alguns livros do imortal Patativa e não me recordo de tê-la visto. Para tornar o seu acesso mais fácil, deixo esta que é uma obra prima:

Quando vive o marido atravancado,
De cabresto, cambão, canga e tamanca,
Aos caprichos da esposa escravizado,
Recebe o nome de Barriga Branca.

Nunca pode fazer o que ele quer,
O pobre diabo, o tal Barriga Branca.
Sempre cumprindo as ordens da mulher,
Ele é o dono da casa e ela, da tranca.

Ele escuta calado sempre mudo,
Sua esposa da lingua de tarisca,
Ela é quem manda e quem comanda tudo,
Ele só corta por onde ela risca.

Em qualquer festa do melhor brinquedo,
Se ela nota que o pobre está contente,
Logo lhe ordena com um gesto azedo:
Vamos voltar! Está doendo um dente.

Na sua ordem rigorosa e dura,
Ninguém pode tirar suas razões,
Dos amigos do esposo ela censura
E procura cortar as relações.

Tu és Barriga Branca um desgraçado,
Por onde passas todos te dão vaias,
Teu destino é viver subordinado
Sob o jugo humilhante de uma saia.

Tu és um carro que não sai da pista,
Rodas constante, velozmente e bom,
Tua esposa é o único motorista,
Pé no teu freio e mão no teu guidom.

È lamentável teu sofrer profundo,
Nunca serás autoridade franca,
Tens um inferno nesse nosso mundo:
È muito triste ser Barriga Branca.

2 comentários:

  1. Atravancado, cabresto, cambão, canga e tamanca, é ou não é Barriga Branca?

    Só um gênio do porte do Patativa para definir com tais termos o pobre do Barriga Branca.

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  2. Zé Bolacha, injuriado, dizia:
    -Eita que parece que hoje eu andei pisando em rasto d ecorno!
    Aí a mulher dele respondia:
    Mas também tu não para, fica só pra lá e prá cá!

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