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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 9 de outubro de 2011

O PAGADOR DE PROMESSAS - Por Mundim do Vale.

Um pagador de promessa
Passando no meu lugar
Perguntou: - Que vila é essa,
Alguém pode me ajudar?
Eu venho de muito longe,
Vivendo assim feito monje
Esposto a tudo que é risco.
Se alguém disser como é,
Que eu chego a Canindé
Quem paga é meu São Francisco.

Eu disse: - Pegue a estrada
Naquele pé de pimenta,
Quando chegar na Malhada
Siga no rumo da venta.
Não fale com mais ninguém,
Porque daquí ao Moquém
Só tem gente sem futuro.
Mas é bom ir se cuidando,
Como quem tá procurando
Um pinico no escuro.

Pegue a volta da Vertente
Passe perto da Chapada,
Siga a Baixa de Vicente
Com cuidado na levada.
Chegando no Riachão,
Da venda de Bastião
Você avista a cancela.
Depois chega na barraca,
Que numa briga de faca
Chico Bento morreu nela.

Passe na manga de Alceu
No aterro de Juvenal,
Na lombada de Romeu
E no Brejo de de Dudal.
Siga a Represa de Ana,
Passe a Grota de Romana
E o Bosque de Biluca.
Mas no Bosque um já morreu,
Foi lá que a onça comeu
O finado Zé Manduca.

Passe a Ponte de Chaguinha
E o Poço de Madalena,
A Barrajem de Souzinha
E o Riacho de Micena.
Na Curva de Rosa Arteiro,
Cuidado com o Atoleiro
Pra não chegar sua hora.
Foi naquela dita lama,
Que acharam Damiana
Só com o mocotó de fora.

Dei informação errada
Admito o erro meu,
Mas também não cobrei nada
Do que ele prometeu.
Eu desviei o romeiro,
Do seu primeiro roteiro
Mas não foi minha intenção.
Em Canindé não chegou,
Mas se muito já andou
Vai chegando no Rubão.

Mundim do Vale.

Dedicado ao Tropeiro do Mameluco e a Dayse Diniz. Que são das bandas de lá.

2 comentários:

  1. Prezado Mundim.

    É prazeroso amanhecer o Domingo lendo um poema desta envergadura e beleza.

    Parabens.

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  2. Até que enfim o Blog do Sanharol deu uma palhinha aqui pra nós.

    valeu Mundim!

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