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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 7 de outubro de 2011

PERDÃO NEGADO - Por Mundim do Vale.

O meu primo Paulo Piau, uma vez vinha da cidade para a Vazante, quando passava na roça de Joaquim Beca, viu uma melancia daquelas rajadas convidando para ser consumida. Meu primo ficou numa dúvida pensando:
- Eu como. - Não como. - Eu como. - Não como. Eu como.
O time do Eu como, venceu de três a dois o time do Não como.
Paulo bateu com a melancia numa pedra, abriu em duas bandas e comeu até chegar no verde das cascas.
Por volta das cinco horas da tarde, ele viu Tõezim de Jaoquim Beca e Antônio Almeida descendo na estrada, cada um com um boldoque.
O ladrão de tamboroca escondeu-se atrás da porta e escutou quando Tõezim disse para o primo Antônio:
- Mais Ontõe! Passou um senvergõe fí duma égua na roça de pai e cumeu a melancia qui pai tava guardando pra mandar pro pade Otavo. Mais se eu tivesse visto, o tanto de semente qui a melancia tivesse, era de bala de badoque qui eu dava na cabeça do infeliz.
Paulo depois de ouvir aquela conversa, teve uma crise de remorso misturada com pânico. Passou a noite acordado ensaiando um discurso para o pedido de perdão.
Quatro horas da madrugada Paulo foi até a porta da casa de Joaquim Beca com mais cautela do que condutor de vidros. Na cabeça um dilema se pedia ou não o perdão:
- Eu Peço. – Não peço. – Eu peço.
O Eu peço, ganhou de dois a um do Não peço.
Com a vitória do Eu peço, Paulo preparou-se para o pedido.
Joaquim Beca abriu a porta para ir tirar o leite, Paulo tomou a frente e começou a gaguejar:
- Seu Joá, Joaquim Be- Beca.
Como Joaquim ficou passivo ele curou-se da gagueira e continuou;
- Seu Joaquim beca, eu vim aqui pedir perdão ao senhor, porque fui eu que furtei a melancia. Mas foi porque eu vinha com fome e não sabia que ela estava resevada para o Padre Otávio.
Joaquim Beca numa calma contrastante com o seu irmão Raimundo falou:
- Meu filho, Você está perdoado. Agora se fosse Raimundo seu Primo, eu não perdoava era nunca. Raimundo Piau além de roubar minhas melancias, quando acaba de comer, joga as cascas na cacimba de Laura e planta as sementes nos canteiros de verduras de Toinha.

2 comentários:

  1. Mundim.
    Conta uma daqui das bandas do distrito de Riacho Verde.
    Vocês esquecem que aqui tem a festa dos viajantes, a romaria do Rubão.
    E esquecem que foi aqui que nasceu o Dr. Zequinha Julião. Prefessor universitário em Fortaleza.
    Tragam o blog até aqui também.
    Abraço para todos do blog.

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  2. Mundim.

    Jose André levou o Padre Otavio para confessar Ana Vieira na Boa Vista.

    De volta na passagem pela roça de Manuel de Pedrinho, avô de Didi Morais, ofereceu uma melancia ao Padre. Entrou na roça alheia e catou a maior e mais bonita.

    Degustaram com o maior prazer. Depois bateu um remorso em Ze Andre que foi se confessar com o dito padre. Padre se um amigo rouba uma melancia e come com outro amigo é pecado? O Padre é jose e, dos grandes, procure saber quanto é a melancia, chame seu amigo e paguem.

    Jose André dise: Padre a melancia é aquela que nós dois comemos na volta da Boa Vista. O padre: Zé Andre, uma poroquinha daquelas não vale nada.

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