Páginas


"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sábado, 11 de fevereiro de 2012

UMA BODEGA NO MATO - Por Mundim do Vale.

Só é preciso uma caixa
De melhoral infantil,
Um pacote de Bombril
E dois quilos de bolacha.
Uma Prateleira baixa
Não precisa ser comprida,
Uma caixa de bebida
E um gato pra pegar rato.
UMA BODEGA NO MATO
COM POUCA COISA É SORTIDA.

Esta é uma décima de um mote que foi desenvolvido por vários poetas repentistas. Eu sem ser um deles, fiz abaixo os meus rabiscos.
Mundim do Vale.

A bodega da ribeira
Não Adota carestia,
Lá com qualquer mincharia
O matuto faz a feira.
Na compra da ratoeira
Ganha um litro de bebida
E um taco de batida
Dos engenhos lá do Crato.
UMA BODEGA NO MATO
COM POUCA COISA É SORTIDA.

Tem raiz para meizinha
Tem rosário e terço bento,
Cabresto para jumento
E um fardo de sardinha.
Um caixote de farinha,
Uma buchada cozida,
Cordel da Triste partida
E moldura pra retrato.
UMA BODEGA NO MATO
COM POUCA COISA É SORTIDA.

Pimenta cravo e canela,
Dobradiça pra portão,
Cueca samba canção,
Colher de pau pra panela.
Fuso, cachimbo e sovela
Carne de gado moída,
Uma cuia pra medida
E rodilha para prato.
UMA BODEGA NO MATO
COM POUCA COISA É SORTI

Um tambor de creolina
Uma lata com fussura,
Um fardo de rapadura
E gás para lamparina.
Um fardo de margarina
Já quase toda vencida,
Rolo de corda roída
Pela ação de um rato.
UMA BODEGA NO MATO.
COM POUCA COISA É SORTIDA.

Tem por cima do balcão
Um livro grande paltado,
Para anotar o fiado
Da venda de bolo e pão.
Tem ponteira de peão
Tem quadro de Aparecida
Com a foto já puída
Pra vender a um beato.
UMA BODEGA NO MATO
COM POUCA COISA É SORTIDA.

Tem mamadeira e chupêta
Sabão feito de tingui,
Meio saco de pequi
E pimenta malagueta.
Pólvora, chumbo e espoleta,
Corda caroá torcida,
Pele de gato curtida,
Galinha,Guiné e pato.
UMA BODEGA NO MATO
COM POUCA COISA É SORTIDA.

Dedicado a Luís Lisboa.

5 comentários:

  1. Mundim.

    Na bodega do Raimundo Sabino, quando o Sanharol era mato, tinha um sortimento tão fabuloso que pessoas que residiam na cidade iam se abastecer por lá. Ainda hoje a cerveja mais gelada se encontra por no Buzuga. Ano passado tomamos uma por lá e demos boas risadas com a prosa , este ano se voce não vier vou ter que me desdobrar e tomar a minha e a sua sozinho.

    Grande abraço.

    ResponderExcluir
  2. O poeta retrata com muita fidelidade as bodegas do sitio.Eu trabalhei muitos anos na zona rural e era desse jeito que ele descreve.Parabéns pela maneira que desenvolveu o tema.un

    ResponderExcluir
  3. Vixi, Maria, menino
    Tu conseguio botar completo
    Rolo de fumo de metro
    Na bodega de Raimundo Sabino
    Era do grosso e do fino
    Tinha o querosene jacaré
    O delicioso picolé
    E pavio de lamparina
    Hoje o Buzuga só ensina
    Os mais novos tomar mé

    Mé é bom ...
    Mundim um grande abraçoooooooo.

    ResponderExcluir
  4. Morais , Mundim.Logo vamos tomar uma cerveja PRIMUS lá no Buzuga.

    ResponderExcluir
  5. Meus senhores,eu não bebo, mais já comi com farinha; não nessa bodega, pois era da minha Tia; vou pedir ao primo Buzuga, pra lhes oferecer tira gosto de galinha,rsrs. A rima é sem pé nem cabeça, mais é verdade.
    Ave maria, mundim, tu demoras a voltar, mais quando vem!! vem que vem, que vem com tudo!!!!!!!!!

    ResponderExcluir