O Beato José Lourenço e o boi mansinho I - Por José Normando Rodrigues

Passo agora a relatar
O fato como se deu
Foi no Juazeiro do Norte
Onde meu padim Cicero viveu
Lá pelas eras de trinta
O sangue serviu de tinta
Para o destino escrever

Lá vivia em oração
Um homem bem penitente
Chegando lá bem menino
Respeitado como um crente
José Lourenço o seu nome
Veio fugindo da fome
De uma seca inclemente.

E por todos ser benquisto
O padre Cicero lhe deu
Uma tarefa importante
De guiar os filhos seus
Lá no sitio Baixa Danta
Fundasse uma vila santa
Pra viver em paz com Deus

Com esforço e com trabalho
Fez daquela terra brotar
Fruta, arroz, feijão e milho
O sertão virando mar
Com a força da oração
Do trabalho e da união
Que é só o que faz prosperar

Por volta de novecentos
Recebeu uma incumbência
Zelar por um boi de raça
Pela sua inteligencia
De Delmiro era um presente
Que do Padrinho era crente
Aí começou sua penitencia

O povo ao ver o beato
Cuidar com tanto carinho
De um boi tão grande e ordeiro
Deu-lhe o nome de Mansinho
E de tanta curiosidade
Passou a ver santidade
Num bicho que não a tinha.

Surgiu então a crendice
Daquele boi milagroso
Que recusou o capim
Dum romeiro mentiroso
Seu mijo curava doença
E o estrume era na crença
Remédio maravilhoso

Curria o mundo a noticia
Espalhada com desdem
Que o Juazeiro adorava
O boi sagrado também
Eram os inimigos do Padre
Dando aos jornais falsidade
E o que a maldade convém.

Até a próxima.