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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


sexta-feira, 20 de abril de 2012

3 fatos e reflexões para o fim-de-semana -- por Armando Lopes Rafael

1 – Recessão em Portugal e na Argentina
No mesmo dia que a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, (foto a direita) “nacionalizava” a empresa petrolífera YPF, clamando a plenos pulmões: “El petróleo es nuestro”, o primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho (foto à esquerda) confirmava numa entrevista: “Estamos privatizando a companhia aérea TAP, as empresas dos setores energético e de transporte, os aeroportos, os correios, o canal de televisão estatal e os serviços de abastecimento de água”.

Qualquer pessoa medianamente informada sabe que Portugal está atravessando uma crise. Para administrá-la os portugueses contam com um primeiro-ministro de 47 anos, lúcido e corajoso. A exemplo do que fez Margaret Thatcher – quando salvou a economia inglesa nos anos 70 – o novo primeiro-ministro de Portugal, Pedro Passos Coelho (foto ao lado), anunciou medidas de austeridades para tirar, até 2014, sua nação das dificuldades presentes.

“E não haverá resistência do povo?”, perguntou o repórter. “Não tem havido”, respondeu o primeiro-ministro. “Os portugueses sentem que o estado nunca foi bom gestor de empresas. O custo delas para o país e para os contribuintes é muito elevado”(...) “Se quisermos ser um país mais competitivo, o que só pode surgir do lado da iniciativa privada, teremos de reduzir o peso do setor público”. Sobre a decisão do governo brasileiro de dificultar a importação dos bons vinhos estrangeiros para beneficiar os produzidos na Serra Gaúcha, Pedro Passos Coelho foi lacônico: “O protecionismo, por mais que pareça dar oportunidades imediatas a grupos nacionais, é pouco eficiente a médio e longo prazo”.
Quem sobreviver até 2014, daqui a dois anos, terá oportunidade de comparar – se foi a Argentina ou Portugal – quem agiu com mais inteligência.
2 – Do couro sai a correia

Enquanto isso, neste “país abençoado por Deus e bonito por natureza”, a opinião pública aguarda o início do julgamento – pelo Supremo Tribunal federal–STF – dos réus indiciados no “mensalão”, o maior escândalo de corrupção da história brasileira. O início do julgamento do “mensalão” foi anunciado para julho próximo.
E o comitê central do PT decidiu lançar uma ofensiva desesperada para desviar a atenção do povo para esse fato. A ordem que vem de cima é atropelar quaisquer escrúpulos e preservar a imagem de Lula. Será que vai funcionar? Dizia o general Golbery do Couto e Silva que “no Brasil a opinião pública só comenta uma notícia por duas semanas no máximo. E isso se não for véspera de carnaval ou tempo de Copa do Mundo”. Faz sentido. Quem ainda lembra-se do vídeo exibido na telinha onde um diretor dos Correios recebia propina? Ou das declarações do ex-deputado Roberto Jefferson dizendo que o governo Lula repassava uma mesada (com dinheiro público) para os parlamentares da “base aliada” aprovar as mensagens do Planalto? Ou ainda lembra-se de que José Dirceu (que teve o mandato cassado) foi indiciado como “Chefe da Quadrilha do “mensalão” pelo então procurador-geral da República, Antônio Fernando de Sousa?

3 – Só falta a eutanásia

Depois da aceitação do “casamento” homossexual e da liberação do aborto dos embriões anencefálicos, só falta agora o Supremo Tribunal Federal–STF aprovar a eutanásia no Brasil. Não duvide se isso vier a ocorrer nesses tempos apocalípticos. Fora alguns padres e bispos da Igreja Católica, quem protestou contra a “legalização” do “casamento gay” e morte dos fetos anencefálicos? Os idosos doentes no Brasil que se cuidem. Os mesmos argumentos que os 8 ministros do STF usaram para liberar o aborto dos encefálicos serão os mesmos para defender a eutanásia: o direito de matar (ou o direito de morrer) para o término da agonia; evitar um sofrimento inútil; confronto com o direito à saúde física e psíquica do doente e outras baboseiras mais...

4 comentários:

  1. Prezado Armando.

    Hoje eu postarei um vídeo com o Lula fazendo um discurso piedoso, quase chorando, pedindo desculpas ao povo pelo mensalão e, hoje na maior cara de pau diz que foi uma farsa. Golbery tinha razão. O brasileiro não lembra de nada ou não quer lembrar, o que é bem pior.

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  2. O jornalista Augusto Nunes definiu bem:
    "Se o mensalão foi uma farsa, como ensina o Grande Pastor e repete o rebanho, então também não existiu nenhuma quadrilha. Se não existiu quadrilha, então também não houve chefe de quadrilha. Se não houve chefe de quadrilha, então não existiram motivos para que José Dirceu atendesse prontamente à ordem de Roberto Jefferson ─ “Sai daí rápido, Zé!” ─ e caísse fora da Casa Civil. Se o pai de todos os escândalos não passou de invencionice da oposição e da imprensa golpista, então a Procuradoria Geral da República embarcou num embuste. Se tratam como caso sério o que é só uma farsa, então os ministros do Supremo Tribunal Federal são farsantes também."

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  3. Caro Armando.

    O deputado João Paulo Cunha que foi presidente da Câmara e a mulher recebeu 50 mil do Banco Rural, confessado por ambos, anda pedindo audiências a ministros do STF. Já foi atendido pelo Toffoli. Veja a moral dessa gente.

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  4. A "Veja" desta semana publicou o abaixo:
    "Uma reportagem nesta edição de VEJA mostra que não há nos registros históricos crime mais cabalmente provado do que o mensalão. As evidências se sucederam de modo desconcertante diante de uma CPI. Uma delas se impôs como insuperável por sua crua naturalidade, quando o marqueteiro Duda Mendonça confessou ter recebido, no exterior, dinheiro de caixa dois do PT. A CPI pediu o indiciamento de mais de 100 acusados e a cassação de dezoito parlamentares. O Brasil não pode permitir agora que manobras diversionistas desviem a atenção da fase crucia1 de prestação de contas dos mensaleiros, no que será, nas palavras do ministro Carlos Ayres Brito, presidente do STF, "o julgamento mais importante da história do Supremo".

    "O mandato de Lula foi salvo pela falta de estâmina da oposição para perseguir o impeachment do presidente – o segundo em menos de duas décadas de redemocratização. Por meio de alianças de sangue com as forças mais retrógradas do país, Lula ficou, reelegeu-se, fez sua sucessora – mas nem com todo o carisma e popularidade conseguiu dar credibilidade a suas teses de que o mensalão foi uma "farsa", como disse em 2005 em uma famosa entrevista em Paris, e de que a direção do PT não fez mais do que "é feito no Brasil sistematicamente".

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