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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


quinta-feira, 31 de maio de 2012

PERNAMBUCANO MALA - Por Mundim do Vale.


Meu primo Antônio Siebra e a sua esposa Alaíde, eram proprietários do Várzea Alegre Hotel na cidade de Crato - Ceará.

Um certo dia, Alaíde saiu para comprar mantimentos na feira e deixou Antônio no hotel, logo que Alaíde saiu, chegou um sujeito com uma pasta na mão, dizendo que era pernambucano e que estava com uma carrada de feijão para ser vendida no Crato. ( Essa mercadoria dava certo para ser vendida a Flor do Chico, para ser misturada com massa de milho ).

 O mala tomou um banho, tomou umas cervejas, almoçou e em seguida falou para o proprietário:

- Sr. Antônio. Eu vou fazer uns cordões para amarrar os sacos e vou precisar da sua ajuda. Pode ser?
- Claro. O que é que eu posso fazer?
- O Senhor senta nessa cadeira de balanço estira o dedo e eu amarro o fio e vou torcendo até o corredor. Antônio estirou o maior de todos e baixou o seu vizinho e o fura bolo e o pernambucano passou a estirar torcendo os fios. Quando chegou no final do corredor notou que Antônio já estava cochilando, aí não deu outra, amarrou  a ponta do cordão no poste da luz, botou o novelo na pasta e pegou o beco.

Quando Alaíde chegou da feira já estranhou aquele cordão estirado no longo do corredor, foi entrando em silêncio, quando viu a arrumação do marido na cadeira, gritou:

- Antônio! Tu tá me dando cotoco?
O marido acordou atordoado e falou:
- Cadê? Cadê o pernambucano?
- Que pernambucano Antônio?
- O pernambucano que estava hospedado aqui.
- Eu não vi ninguém lá fora não.
- Pois ele foi embora sem pagar.
- E tu tá esperando o que? Vá atrás dele. Xispe!

Antônio passou a tarde procurando o homem nos armazéns mas ninguém dava notícias. Voltou para o hotel mais desiludido do que prefeito derrotado. Alaíde vendo a tristeza do marido perguntou:

- Cadê achou o homem?
- Achei não. Ninguém deu notícia do infeliz.
- Pois eu achei foi pouco. Quem foi que mandou tu confiar em desconhecido?
- E como é que eu vou confiar em conhecido, se eles não se hospedam mais aqui, por causa das tuas brutalidades.
Depois da teima do casal, nome do hotel foi mudado para Várzea Olinda Hotel. 

Dedicado as primas Lisieux e Damares Siebra. Que também são primas do principal personagem desse causo

3 comentários:

  1. Antonio de Jorge e Alaide, o dificil era saber dos dois qual o mais atencioso, mais amigo e bom.

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  2. kkkkkk, muito boa.

    Eu só não gostei da parte da carrada de feijão para se misturar a massa de milho!

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  3. Mundim,
    Chico Piau foi hóspede deste hotel quando estudava no Crato.

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