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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 17 de junho de 2012

Histórias do Sanharol - Por Antônio Morais

 Luiza Lixandre.

Orgulho, vaidade e prepotência juntos. Outro dia me encontrei com uma varzealegrense que reside em Crato e ela me disse sem que eu lhe perguntasse: Não ando mais em Várzea-Alegre, nunca se viu povo tão vaidoso, orgulhoso e tolo.Vendo alguns deles parece mais alguem de  Tóquio ou Paris. Não me foi dada outra alternativa, a não ser ouví-la.  A grande maioria, especialmente os mais idosos se enquadram direitinho na minha avaliação. Disseminam, por onde passam, que são descendentes de papai Raimundo. Meia duzia de famílias se consideram "uma marca", se acham superiores. E daí? Por que essa exclusividade? Francisco Duarte Pinheiro, o pai do Papai Raimundo teve outros dez filhos, porque  imaginar que só papai Raimundo procriou? E os outros? Onde andam seus descendentes? Quem sabe informar? 

Papai Raimundo teve 16 filhos. Porque imaginar que só o Major Ildefonso pai dos Augustos das Lavras e Major Joaquim Alves de quem descende os Correias de Várzea-Alegre, os mandonistas do seculo passado, só eles contribuíram com o nosso povoamento? E os demais? Onde estão os seus descendentes? Que importância tem este fato hoje?

Quem pode informar a origem do conglomerado popular que compõe a população de Várzea-Alegre atualmente?  O Riachinho, a Varjota, os Grossos, as favelas que proliferam pelo Sanharol? Qual a genealogia dessa gente?

O Blog do Sanharol tem procurado mostrar as personalidade prestimosas que contribuíram, do seu modo, com nossa historia desde as mais humildes criaturas aos mais poderosos lideres. Em troca, tem sofrido campanhas no sentido do não acesso com os fins de diminuí-lo. 

Outro dia, fiquei orgulhosa de ver a foto de Luiza Lixandre na pagina do Blog do Sanharol. Sabemos que ela não é descendente de Papai Raimundo, não tem sangue azul, no máximo deva ser descendente de um escravo dele. Mas, Luiza Lixandre, quem a conheceu ou conhece sua historia sabe: foi uma escolhida de Deus para mostrar que o fim de todo orgulho, riqueza e poder é um só:  Em baixo de uma pedra fria com as indefectiveis palavras: Aqui Jaz. 

Ela desabafou. Eu fiquei só ouvindo.

4 comentários:

  1. Luiza Lixandre era uma doente mental, desprotegida e sem familia. Quando estava fora de suas crises andava nas casas do Sanharol, fazia alguns serviços, era uma amiga do lugar.

    Ela teve uma paixão recolhida e, isso deve ter contribuido muito com sua demencia. Conglamo o amigo João Bitu para pesquisar e informar dados a esse respeito.Eu mesmo, quando menino, a vi muitas vezes no pilão de minha casa fazendo fubá de milho com rapadura.

    Gostei quando a amiga disse que a empafia de alguns leva a crê ser um de Toquio ou Paris. Gostei pelo engano, na verdade não são coisíssima nenhuma.

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  2. realmente foi uma sofredora. a conheci muito bem.

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  3. Uma pessoa sofrida de origem humilda vindo da comunidade Sítio panelas. Vivia durante o dia pelas casas fazendo algumas atividades na busca de ganhar o pão de cada dia. Criou na sua concepção um personagem que tinha uma grande paixão, ora cantava para ele, ora falava mal dizendo que ele não prestava, ora se agraciava com grandes gargalhadas e assim levou a sua vida a pessoa de Luiza Alexandre.
    Essa pessoa de sua grande paixão chamava Zé Pereira, somente ela sabia quem era e não revelava sua origem e nem o lugar onde morava. Gostava de viver no sofrimento, morava no alento em um lugar conhecido por Vereda de Baixo, próximo à casa de Pedrinho Bitu, levando sol e chuva, mas não queria morar em uma casa, somente perto do seu falecimento aceitou uma moradia ofertada pelo já falecido Pedrinho Bitu.
    Admiro muito o nobre primo Morais lembrar-se de pessoas humildes que também fizeram histórias e fazem parte da memória de nossa querida Várzea-Alegre. Luiza Alexandre foi uma pessoa muito querida por todo Comunidade do Sanharol e Circunvizinhas, pois além de uma ajudadoura nas tarefas do dia-a-dia da cozinha, principalmente no pilamento de milho para o prato delicioso do Mungunzá, era uma pessoa honesta, só levava aquilo que era doado pela dona da casa em função do pagamento de suas ajudas prestadas.

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