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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


terça-feira, 10 de julho de 2012

Nos tempos de escola - Por Antonio Morais


Como já falei mais de uma vez, nos tempos de escola fui colega do meu parente a camarada Francisco das Chagas Bezerra, o saudoso Chico Piau.

Esta historia aconteceu bem depois. Chegando ao Sanharol fiquei na alpendrada da casa levando o lero com o meu pai. A certa altura ele demonstrou interesse em  adquiri um burro para realizar pequenos serviços, dentre os quais transportar arroz de casa para beneficiar na piladeira.

Sabendo que Chico Piau tinha muitos animais,  pedir-lhe que fosse ao Sanharol apanhar  José André  e o levasse ao São Cosme com a finalidade de  ver um burro manso e bom para os serviços. No dia marcado, Chico Piau chegou numa moto velha e desajeitada para levar José André junto. Eu  achei conveniente  ir de carro, assim os riscos seriam menores.  Chico seguiu  na moto até a casa de Dona Heloina e, eu a papai fomos  pega-lo  no local.

Quando chegamos no São Cosme tinha uma centena de animais no curral, Chico Piau mostrou um burrinho preto, arisco e com as orelhas cortados, quando José André se aproximou  o burro se espantou e saiu  os pulos jogando coices pra todo lado. José André disse:  Chico, esse não dar certo. Esse burro é cego! Então Chico  soltou um sorriso com os dentes presos e respondeu: bem, eu pensei que você queria um burro para levar o arroz para a piladeira, mas você quer é para catar as escolhas, desta forma o burro não lhe serve mesmo.

Chegando de volta na casa de Dona Heloina, ficamos eu, o meu pai e Dona Heloina observando a conversa entre Chico Piau e um outro caboclo que  desejava devolver um radio defeituoso adquirido com Chico.

Propôs trocar num rifle, Chico disse que não dava certo porque já tinha trocado o rifle numa televisão. Propôs trocar na televisão, Chico disse que não podia porque já tinha trocado  numa vaca. Propôs trocar na vaca, Chico disse que não podia porque já tinha trocado num burro cego, propôs trocar no burro, Chico disse que não podia porque tinha vendido o burro a José André, depois de uma 15 tentativas, Dona Heloina observou: Vije Chico como tu troca. Ele respondeu: mãe, trocar é quando eu era menino.

Pra concluir o caboclo se aborreceu a falou serio: Seu Chico eu comprei esse radio para ouvir o programa de Cláudio Sousa na Radio Cultura e, o radio não pega a Radio Cultura! Chico Piau passou a mão na cabeça e lascou: Meu amigo quando esse radio foi fabricado ainda não existia a Radio Cultura, como é que você quer que pegue? O caboclo saiu bufando de raiva com o radio a tiracolo.

Dedicado aos poetas: Claudio Sopusa e Mundim do Vale.

3 comentários:

  1. Faltou muito pouco para o caboclo quebrar o radio ali mesmo. Mas, eu acho que não deu tempo de chegar em casa. O radio já era.

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  2. Num dos passeios que fui em Carlópolis-Pr, estava certa vez num bar tomando umas cervejas com Benedito ( meu irmão) e alguns amigos dele de lá quando Benedito começou a falar do progresso de Várzea Alegre:
    _Lá na minha cidade tem uma rádio que você só sintoniza ela se for na terceira faixa, debaixo da torre dos transmissores.-

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  3. Antonio, você está se saindo um ótimo contador de causos; gostei muito, parabéns.

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