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"Ultrapassa-te a ti mesmo a cada dia, a cada instante. Não por vaidade, mas para corresponderes à obrigação sagrada de contribuir sempre mais e sempre melhor, para a construção do Mundo. Mais importante que escutar as palavras é adivinhar as angústias, sondar o mistério, escutar o silêncio. Feliz de quem entende que é preciso mudar muito para ser sempre o mesmo".

Dom Helder Câmara


domingo, 23 de julho de 2017

CONTOS DE VARZEA-ALEGRE - POR ANTÔNIO DANTAS.




FOTO DA CACHOEIRA DANTAS

O Souza

O Souza era outro fenômeno da minha época de criança. Conheci-o muito bem porque ele morava nas terras do meu avô, perto da nossa casa no Baixio Dantas. Ele era alegre, muito brincalhão e de uma memória prodigiosa, decorava tudo que ouvia. Certa vez, eu o vi rodeado de pessoas na feira de Várzea Alegre.

Eu tinha oito anos de idade e sabia ler, e procurava pessoas que soubessem ler também. Admirei aquela cena e fiquei curioso ao ver aquela multidão ao redor do Souza, especialmente com desenvoltura com que ele lia aquele conto em voz alta.

Avancei pra bem perto; ele lia o Pavão Misterioso numa banca que vendia livretos de cordel. Naquele momento, ouvi uma das pessoas gritar – eita caba danado, esse ai lê até de cabeça pra baixo! Meu pai depois me explicou o resto da história e pude conferir que existem analfabetos que sabem ler, mas só em Várzea Alegre.

Professor Antonio Dantas.

Um comentário:

  1. Prezado amigo Antonio Dantas.

    Aí está o "Conto" do Sousa. Ilustrado com uma foto da Cachoeira Dantas para matar as saudades do autor.

    Em Varzea-Alegre tem de tudo. Minha avó Josefa de Pedro André sabia ler perfeitamente e não sabia escrever. Quando recebia uma carta lia com desenvoltura, já a resposta ela recorria sempre a afilhada Iracy Bezerra, esposa de Pedro Piau, que a atendia com o maior carinho e prazer.

    Abraços.

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